segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Uma aldeia que morre

por JORGE  LAGE

Morrer é a lei da vida, mas enquanto a Natureza morre e vai-se renovando em cada ano ou ao longo dos anos a condição humana é de uma grande fragilidade e o caminhar para a morte torna-se irreversível. Como diz o poeta: uma pessoa quando nasce começa a morrer. Isto é começamos a caminhada para velhice, desde o nascimento. Ai quem não chega a velho! Por isso, também se diz que alguém foi segado de véspera pela gadanha. Há cerca de 50 ou 60 anos que assistimos à morte do interior ou mais tecnicamente ao seu ermamento ou despovoamento. 
Costuma-se dizer que se estão a despovoar as aldeias, contudo, nos últimos vinte anos tem sido assustador. A morte do meu primo António José, aos 87 anos (a sua saúde de ferro ia dar-lhe uma longevidade próxima dos 100 anos) e há cerca de um mês deixou-me em pânico. Não pelo medo de morrer, porque todos temos que morrer, mas porque a sua morte anuncia, no espaço de mais uma década, que a maioria dos braços que trabalham a terra, na minha aldeia, desaparecem. Isto numa aldeia quase colada a Mirandela. Como será nas mais isoladas? O Município devia pensar mais nesta realidade e abrandar o folclore da cidade. É urgente criar uma marca de qualidade com «Mirandela» ou «Terras de Ledra». Incentivar os agricultores à produção biológica ou orgânica. É um processo tão simples, mas o município tem de fazer o que os agricultores individualmente não são capazes. A produção biológica é sinónimo de uma maior facturação quase com os mesmos produtos. Desde a produção do nosso trigo barbela, moído em moinho tradicional e as padarias tradicionais como a Seramota (Mirandela), a Zelita (Bouça) ou a Guerra (S. Pedro Velho) ganhariam outra afirmação de qualidade. Os serviços agrícolas já deviam ter impulsionado a reabilitação da galinha pedrês ou da careca e os restaurantes apresentarem pratos biológicos estimulava o turismo de grande qualidade. Por exemplo, estimular alguns jovens a tirarem cursos agrícolas e nós temos a única escola profissional agrícola do distrito. É preciso afastar de vez as nuvens azuis-negras que Douro acima apenas têm como preocupação engordar ao ponto de quererem abocanhar a escola que melhor serve a agro-pecuária transmontana. O poder central tem que apoiar mais a produção agro-pecuária do interior e estimulando a massificação do biológico. Voltando ao falecimento do meu primo António, foi prematuro, porque estava para andar e durar, como sói dizer-se, pelo menos mais uns dez anos. Tudo começou numa gripe que passou a pneumonia e que teve de ser curada no hospital de Mirandela. Porém, os hospitais são foco de doenças e ali terá apanhado um «víros» terrível que em curtos dias o atirou para a morte. Por isso, aconselho todos os velhos, com mais de sessenta anos a vacinarem-se, anualmente, contra a gripe. A vacina deve ser tomada no final de Setembro até início de Novembro de cada ano. Faça como eu, telefono para o Posto médico da minha residência e manifesto o desejo de ser vacinado quanto antes. Outra vacina que os velhos devem tomar é contra a pneumonia e só se toma uma vez na vida, mas evita mortes prematuras. Em 2017, os dois homens mais ricos de Portugal morreram de pneumonia e podiam ainda estar vivos se se tivessem vacinado contra a pneumonia. Devem passar pelo Posto médico ou centro de saúde da vossa residência e informarem o seu médico de família ou a enfermeira de que querem ser vacinados contra a pneumonia.  (Na foto acima o António José a fazer aguardente)

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