Morrer é a lei da vida, mas enquanto a Natureza morre e vai-se renovando em cada ano ou ao longo dos anos a condição humana é de uma grande fragilidade e o caminhar para a morte torna-se irreversível. Como diz o poeta: uma pessoa quando nasce começa a morrer. Isto é começamos a caminhada para velhice, desde o nascimento. Ai quem não chega a velho! Por isso, também se diz que alguém foi segado de véspera pela gadanha. Há cerca de 50 ou 60 anos que assistimos à morte do interior ou mais tecnicamente ao seu ermamento ou despovoamento.
Costuma-se dizer que se estão a despovoar as aldeias, contudo,
nos últimos vinte anos tem sido assustador. A morte do meu primo António José,
aos 87 anos (a sua saúde de ferro ia dar-lhe uma longevidade próxima dos 100
anos) e há cerca de um mês deixou-me em pânico. Não pelo medo de morrer, porque
todos temos que morrer, mas porque a sua morte anuncia, no espaço de mais uma
década, que a maioria dos braços que trabalham a terra, na minha aldeia,
desaparecem. Isto numa aldeia quase colada a Mirandela. Como será nas mais
isoladas? O Município devia pensar mais nesta realidade e abrandar o folclore
da cidade. É urgente criar uma marca de qualidade com «Mirandela» ou «Terras de
Ledra». Incentivar os agricultores à produção biológica ou orgânica. É um
processo tão simples, mas o município tem de fazer o que os agricultores
individualmente não são capazes. A produção biológica é sinónimo de uma maior
facturação quase com os mesmos produtos. Desde a produção do nosso trigo barbela,
moído em moinho tradicional e as padarias tradicionais como a Seramota
(Mirandela), a Zelita (Bouça) ou a Guerra (S. Pedro Velho) ganhariam outra
afirmação de qualidade. Os serviços agrícolas já deviam ter impulsionado a
reabilitação da galinha pedrês ou da careca e os restaurantes apresentarem
pratos biológicos estimulava o turismo de grande qualidade. Por exemplo,
estimular alguns jovens a tirarem cursos agrícolas e nós temos a única escola
profissional agrícola do distrito. É preciso afastar de vez as nuvens
azuis-negras que Douro acima apenas têm como preocupação engordar ao ponto de
quererem abocanhar a escola que melhor serve a agro-pecuária transmontana. O
poder central tem que apoiar mais a produção agro-pecuária do interior e
estimulando a massificação do biológico. Voltando ao falecimento do meu primo
António, foi prematuro, porque estava para andar e durar, como sói dizer-se,
pelo menos mais uns dez anos. Tudo começou numa gripe que passou a pneumonia e
que teve de ser curada no hospital de Mirandela. Porém, os hospitais são foco
de doenças e ali terá apanhado um «víros» terrível que em curtos dias o atirou
para a morte. Por isso, aconselho todos os velhos, com mais de sessenta anos a
vacinarem-se, anualmente, contra a gripe. A vacina deve ser tomada no final de
Setembro até início de Novembro de cada ano. Faça como eu, telefono para o
Posto médico da minha residência e manifesto o desejo de ser vacinado quanto
antes. Outra vacina que os velhos devem tomar é contra a pneumonia e só se toma
uma vez na vida, mas evita mortes prematuras. Em 2017, os dois homens mais
ricos de Portugal morreram de pneumonia e podiam ainda estar vivos se se
tivessem vacinado contra a pneumonia. Devem passar pelo Posto médico ou centro
de saúde da vossa residência e informarem o seu médico de família ou a
enfermeira de que querem ser vacinados contra a pneumonia. (Na foto acima o António José a fazer
aguardente)
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