Muçulmanos rohingya deixam embarcação precária após chegar de Mianmar a Bangladesh, na fuga da perseguição. |
Eles são conhecidos
como "a minoria mais perseguida do mundo". Os muçulmanos rohingya,
que atualmente protagonizam uma fuga em massa de Mianmar para Bangladesh, são
vítimas de múltiplas discriminações: trabalho forçado, extorsão, restrições à liberdade
de circulação, regras de casamento injustas e confisco de terras. Há séculos
vivendo no território de Mianmar, são considerados um povo sem Estado e não são
reconhecidos como um dos 135 grupos do país. No entanto, atualmente há centenas
de milhares deles na nação sul-asiática, sob condições altamente precárias da
extrema pobreza.
Os rohingyas falam
Rohingya ou Ruaingga, um dialeto próprio e distinto dos idiomas falados no
estado de Rakain. Têm a cidadania negada pelo governo e por décadas vêm fugindo
— sobretudo para Bangladesh, Malásia, Índia, Nepal e EUA —, onde quase sempre
enfrentam condições de vida precárias. Para abandonar suas vidas para trás, eles
montam caravanas familiares, que incluem crianças, idosos e animais.
A lei birmanesa sobre
a nacionalidade de 1982 especifica, concretamente, que apenas os grupos étnicos
que podem demonstrar sua presença no território antes de 1823, data da primeira
guerra anglo-bereber que levou à sua colonização, podem obter a nacionalidade
birmanesa. No entanto, os rohingyas vivem em Mianmar desde o século XII,
segundo muitos historiadores.
Quase todos os membros
desta minoria em Mianmar não podem deixar o território de Rakain sem a
permissão do governo. Eles vivem em um dos estados mais pobres do país, em
moradias semelhantes a acampamentos sem serviços básicos ou oportunidades de
desenvolvimento. O drama dos refugiados em Mianmar
Durante o período de
controle britânico na região, entre 1824 e 1948, houve um significativo fluxo
migratório ao território que hoje corresponde a Mianmar. Como esta era
considerada uma província da Índia, a imigração era considerada interna.
Em 2012, foram
registrados confrontos violentos entre budistas e muçulmanos, deixando quase
200 mortos, especialmente muçulmanos. E, em outubro passado, houve novos surtos
de violência: o Exército lançou uma grande operação, após ataques a postos de
fronteira por homens armados no norte do estado de Rakain.
Acusando as forças de
segurança de múltiplos excessos de violência, milhares de civis abandonaram
seus povoados. A mesma situação se repete desde agosto de 2017, mas agora é
ainda mais grave.
Os ataques que
provocaram a operação militar foram reivindicados pelo Exército de Salvação
Rohingya de Arakan, um grupo que surgiu recentemente na ausência de avanços por
parte do governo birmanês na questão dos rohingyas. Uma comissão internacional
liderada pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan pediu recentemente a
Mianmar que conceda mais direitos à sua minoria muçulmana.
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