quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Quem Foi Armando Vara?


Ana Tavares   Ana Suspiro     Luís Rosa   

OBSERVADOR


O rapaz “certinho”, com boa conversa, da Casa das Malhas

Era pouco mais do que um miúdo quando deixou o sossego de Vinhais, vila no nordeste transmontano a cerca de 20 quilómetros da raia galega, para tentar a sua sorte na cidade grande. Portugal estava, sem saber, a uma meia dúzia de anos da democracia, era Marcello Caetano presidente do Conselho, liderava um país atrasado e, naquela região, marcadamente rural. Em Bragança estavam, claro, as oportunidades para o rapaz que crescera a saltar de aldeia em aldeia pelo distrito, em brincadeiras de miúdos — e que tinha agora pressa em dar saltos bem mais altos.


António Oliveira Salazar
Era o mais velho dos três descendentes dos Martins Vara, família humilde que vivia em Vinhais. A mãe era doméstica, o pai carpinteiro e Armando António tinha um bom par de braços e cabeça ajuizada — “era certinho”, como o descreve um amigo — para começar a contribuir para os gastos e fazer o seu caminho. Saía todos os dias da vila para trabalhar em Bragança, conta a amiga de infância Mariana Araújo. Aos 14, 15 anos lá ia ele a atravessar o empedrado da Praça da Sé para se pôr atrás do balcão da Casa das Malhas. Foi entre malhas e têxteis que começou a ganhar uns tostões e, por arrasto, a travar conhecimento com as pessoas da terra.

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