Por BARROSO da FONTE
Faz hoje 25 anos que foi inaugurado o Monumento de homenagem aos
Combatentes da Guerra do Ultramar. Situa-se Junto ao Forte do Bom Sucesso, em
Belém. A sua administração ficou a cargo da Liga dos Combatentes. A ideia desse
monumento partiu da ANCU - Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar -
que convidou mais oito associações. Todas elas formaram a Comissão Executiva
que convidou o General Altino de Magalhães para presidente dessa Comissão Executiva.
Este general era sócio da ANCU, cujo fundador tivera a ideia e
que convidou as oito associações representativas dos três ramos das Forças
Armadas.
Contou para essa nomeação o facto de Altino de Magalhães ser um militar
prestigiado e ser, na altura, o Presidente da Liga.
O sonho nasceu, em 1984 e foi inaugurado em 15 de Janeiro, dez
anos depois, em 1994, com a presença dos dois ministros que nesse período
tiveram a chefia do Ministério da Defesa: Eurico de Melo e Fernando Nogueira.
Todo os passos relacionados com este Monumento foram publicitados pelo Jornal
SENTINELA, mais tarde, alterado para a Voz do Combatente. Nesse ato inaugural,
o então presidente da República, Mário Soares, foi fortemente apupado pelos
militares, porque ele fora contra esse mausoléu, junto do qual passaram a
celebrar-se, anualmente, os desfiles do dia 10 de Junho.
Importa salientar que as
diversas associações de militares acordaram criar a Federação para que, de ora
em diante, dialogue com os poderes políticos no intuito de reconhecer todos os
Combatentes como cidadãos de pleno direito, face ao descrédito, menosprezo e
ostracismo a que foram votados, nestes 45 anos de arrogância e de
auto-convencimento por parte da Liga que nasceu aquando da Grande Guerra.
Sobretudo o seu atual Presidente, General Chito Rodrigues nunca aceitou a sã
convivência com as associações que, ao longo das guerra da Índia Portuguesa,
quer das diversas frentes de combate nos
treze anos da chamada Guerra do Ultramar.
O poder político, durante
o Estado Novo encostou-se muito à Liga dos Combatentes que teve, inegavelmente,
papel importante no apoio aos sobreviventes da Grande Guerra. Foi somando
competências, direitos adquiridos e até bens materiais que, por todo o país,
marcaram terreno fértil que hoje não se justificaria se essa Liga não tivesse
alargado o âmbito associativo aos novos combatentes das duas guerras posteriores: da Índia (em 1955-61) e Ultramar
(1961-1975).
Acontece que a Liga, que
foi um feudo oficioso do Estado Novo, em nome da Grande Guerra, com a revisão
dos Estatutos, açambarcou o universo de recrutamento de associados da segunda
metade do século XX. E foi tendo ciúmes à medida em que cada especialidade
militar foi criando associações concorrentes a esse feudo.
Os combatentes da Grande Guerra já partiram. Os bens materiais da Liga e as leis nacionais que
lhes foi aplicando, deveriam ser atualizadas e extensivas os combatentes novos.
O Presidente da Liga soube enquadrar-se no espírito ideológico dos sucessivos
governos. E, de repente, só a Liga é
parceira do governo, só os sócios da Liga beneficiam das leis adaptadas e os
verdadeiros Combatentes nem são achados nem ouvidos.
Quando, em 1984, tivemos a ideia de erguer o Monumento aos
Combatentes do Ultramar, fomos apupados de reacionários, de fascistas, de criminosos. A liga viu perigar o seu fim à
medida em que surgia mais uma associação.
E até a autoria da ideia do Monumento que na altura nos valeram essa chusma de
nomes feios, passou a ser pomo de discórdia, reclamando a paternidade do
Monumento.
Ora o Monumento não foi ideia da Liga, o dinheiro foi atribuído
pelo Ministério de Defesa, pelas associações de Combatentes e pelas Juntas de
freguesias de todo o país.
A Liga apenas teve,
graças ao prestígio profissional do seu presidente, o encargo que as
associações lhe deram, ao elegê-lo para presidente da Comissão Executiva.
General CHITO RODRIGUES |
Hoje, assinalou os 25 anos da inauguração. Muito bem. Mas ignorou as associações, nomeadamente o «pai» da ideia e as associações que, de boa fé, lhe confiaram a administração do Monumento. O general Chito Rodrigues gosta muito de fazer figura com as obras alheias. Mas enquanto eu for vivo - na qualidade de pai da ideia, de sócio fundador nº 1 da ANCU que operacionalizou essa ideia e que foi, 20 anos, seu presidente, não deixarei de responsabilizá-lo por tão indecoroso atrevimento.
O Reconhecimento honra ambas as partes: quem o promove e quem o merece. Barroso da Fonte tem o mérito de ser o pai fundador e merece essa honra.
ResponderEliminarJorge Sales Golias