terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Liga dos Combatentes procura louros alheios






Por BARROSO da FONTE

Faz hoje 25 anos que foi inaugurado o Monumento de homenagem aos Combatentes da Guerra do Ultramar. Situa-se Junto ao Forte do Bom Sucesso, em Belém. A sua administração ficou a cargo da Liga dos Combatentes. A ideia desse monumento partiu da ANCU - Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar - que convidou mais oito associações. Todas elas formaram a Comissão Executiva que convidou o General Altino de Magalhães para presidente dessa Comissão Executiva.
Este general era sócio da ANCU, cujo fundador tivera a ideia e que convidou as oito associações representativas dos três ramos das Forças Armadas.
Contou para essa nomeação o facto de  Altino de Magalhães ser um militar prestigiado e ser, na altura, o Presidente da Liga.
O sonho nasceu, em 1984 e foi inaugurado em 15 de Janeiro, dez anos depois, em 1994, com a presença dos dois ministros que nesse período tiveram a chefia do Ministério da Defesa: Eurico de Melo e Fernando Nogueira. Todo os passos relacionados com este Monumento foram publicitados pelo Jornal SENTINELA, mais tarde, alterado para a Voz do Combatente. Nesse ato inaugural, o então presidente da República, Mário Soares, foi fortemente apupado pelos militares, porque ele fora contra esse mausoléu, junto do qual passaram a celebrar-se, anualmente, os desfiles do dia 10 de Junho.
 Importa salientar que as diversas associações de militares acordaram criar a Federação para que, de ora em diante, dialogue com os poderes políticos no intuito de reconhecer todos os Combatentes como cidadãos de pleno direito, face ao descrédito, menosprezo e ostracismo a que foram votados, nestes 45 anos de arrogância e de auto-convencimento por parte da Liga que nasceu aquando da Grande Guerra. Sobretudo o seu atual Presidente, General Chito Rodrigues nunca aceitou a sã convivência com as associações que, ao longo das guerra da Índia Portuguesa, quer das  diversas frentes de combate nos treze anos da chamada Guerra do Ultramar.
 O poder político, durante o Estado Novo encostou-se muito à Liga dos Combatentes que teve, inegavelmente, papel importante no apoio aos sobreviventes da Grande Guerra. Foi somando competências, direitos adquiridos e até bens materiais que, por todo o país, marcaram terreno fértil que hoje não se justificaria se essa Liga não tivesse alargado o âmbito associativo aos novos combatentes das duas guerras  posteriores: da Índia (em 1955-61) e Ultramar (1961-1975).
 Acontece que a Liga, que foi um feudo oficioso do Estado Novo, em nome da Grande Guerra, com a revisão dos Estatutos, açambarcou o universo de recrutamento de associados da segunda metade do século XX. E foi tendo ciúmes à medida em que cada especialidade militar foi criando associações concorrentes a esse feudo.
Os combatentes da Grande Guerra já partiram. Os bens  materiais da Liga e as leis nacionais que lhes foi aplicando, deveriam ser atualizadas e extensivas os combatentes novos. O Presidente da Liga soube enquadrar-se no espírito ideológico dos sucessivos governos. E, de repente, só a Liga  é parceira do governo, só os sócios da Liga beneficiam das leis adaptadas e os verdadeiros Combatentes nem são achados nem ouvidos.
Quando, em 1984, tivemos a ideia de erguer o Monumento aos Combatentes do Ultramar, fomos apupados de reacionários, de fascistas, de  criminosos. A liga viu perigar o seu fim à medida em que surgia mais uma associação.
E até a autoria da ideia do Monumento  que na altura nos valeram essa chusma de nomes feios, passou a ser pomo de discórdia, reclamando a paternidade do Monumento.
Ora o Monumento não foi ideia da Liga, o dinheiro foi atribuído pelo Ministério de Defesa, pelas associações de Combatentes e pelas Juntas de freguesias de todo o país.
A  Liga apenas teve, graças ao prestígio profissional do seu presidente, o encargo que as associações lhe deram, ao elegê-lo para presidente da Comissão Executiva.

General CHITO RODRIGUES

Hoje, assinalou os 25 anos  da inauguração. Muito bem. Mas ignorou as associações, nomeadamente o  «pai» da ideia  e as associações que, de boa fé, lhe confiaram a administração do Monumento. O general Chito Rodrigues gosta muito de fazer figura com as obras alheias. Mas enquanto eu for vivo - na qualidade de pai da ideia, de sócio fundador nº 1 da ANCU que operacionalizou essa ideia e que foi, 20 anos, seu presidente, não deixarei de responsabilizá-lo por tão indecoroso atrevimento. 

1 comentário:

  1. O Reconhecimento honra ambas as partes: quem o promove e quem o merece. Barroso da Fonte tem o mérito de ser o pai fundador e merece essa honra.
    Jorge Sales Golias

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