Por BARROSO da FONTE
Uma semana
depois de falecer completaria 79 anos de idade. Morreu em Brunhais, da Póvoa de
Lanhoso, em 15 de Julho último. Viveu 27 anos em Braga. Foi criado e ensinado
por Tia Emília que era professora e ainda pelo seu avô, quando já era professor
aposentado. Ambos o prepararam bem, sobretudo no Português, pois brilhou como
jornalista profissional, como tradutor e ficcionista. Mas foi como escritor que
surpreendeu, com três boas dúzias de livros, nomeadamente com trinta edições de
«Os Putos». Em 1964 apareceu em «Sardinhas e Lua» que lhe mereceu os mais
rasgados elogios editoriais. Em 1973 reapareceu com os Putos. Esta
segunda obra, embalada pelo sucesso da primeira, em nada desmereceu, antes lhe
granjeou mais fama, a ponto de ser com as suas obras que Altino do Tojal,
cativou a Editora que mais projeção tinha nessa época. O autor que exercia o
jornalismo vivia desta sua profissão para o dia-a-dia. Primeiro no JN. Depois
mudou-se para Lisboa, para o Século até ao seu encerramento. Pelo meio,
trabalhou na Biblioteca de Braga.
Os Putos mereceram ser adaptados ao Teatro, à
Televisão e à Banda desenhada.
Foi um homem carismático na convivência, no trato e
até isolamento. Negava-se a falar em público, não dava entrevistas, não se
punha em bicos de pé. E esta sua maneira de ser, levou-o a ser desprendido das
coisas materiais, incluindo dos direitos de autor. A sua editora ficou a
dever-lhe, por falência, muitos milhares de euros.
Conheci, pessoalmente, o Altino do Tojal, quando ele
trabalhava no JN. Tinha ele uma «pincha-pincha», a viatura mais barata do
mercado. Vivia eu em Chaves e vinha ele do Porto, pelo Marão, quando, ali por
Vila Pouca, teve um acidente que o obrigou a regressar, sem cumprir a visita
que prometera fazer-me, a pretexto de ver uma namorada flaviense. Não havia
telemóveis e só, mais tarde, em carta manuscrita em letra garrafal, me falou
dessa viagem interrompida.
Desde aí, não mais perdemos o contacto. Acompanhei a
sua brilhante carreira, desde Sardinhas e Lua, editado em Setembro de 1964, na
Editora Pax e prefaciado por Egídio
Guimarães. Já nessa sua primeira obra, os seus camaradas: César Príncipe, Óscar
Lopes, Duarte de Montalegre e Urbano Tavares Rodrigues, exaravam testemunhos em
como Altino: «tinha virtudes raras de prosador».
Soube da morte deste exímio estilista, através do blog «Tempo Caminhado» e pela mão de
Modesto Navarro, também ele coetâneo autor e confrade do mesmo ofício. Falando
de Altino do Tojal, teria de falar de uma outra talentosa autora Bracarense:
Ondina Braga (1932-2003). Nascidos na mesma década, bebemos da mesma água, em
trajetos comuns.
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