Por: Costa Pereira Portugal, minha terra
Em Dezembro de 1976
publiquei em Noticias de Chaves um
meu arrazoado que hoje transcrevo para dizer que tudo se mantém como então
anotei. Prova que somos teimosos e não arredamos pé do que somos realmente.
Recordo-me de uma história que o saudoso coronel Abílio Beça, que foi
governador militar de Macau e diretor da Academia Militar da Amadora um dia me
contar quando presidente da Câmara de Miranda do Douro, a propósito de nós
transmontanos. Dizia ele que em Miranda conheceu um cavalheiro que costumava
passar por um carreiro onde uma pedra grande dificultava a passagem, resmungava
contra ela, mas nunca se deu ao trabalho de a afastar do caminho. Um dia alguém
passou por ali e achou por bem desviar esse calhau. Quando noutra ocasião por
lá voltou a passar o tal cavalheiro, em vez de louvar o trabalho feito deu-lhe
para asneirar, dizendo: quem foi o filho (da mãe) que tirou a pedra do meio do
caminho?!
Nós os transmontanos
temos disto, por ocasião do IV CONGRESSO de TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO até se
notou isso muito bem. Mas, vamos ao que em Noticias
de Chaves, escrevi, em 3/12/76:
«Como dizia em anterior escrito os transmontanos devem conhecerem-se
mutuamente melhor para de maneira mais prática tomarem consciência colectiva da
sua grandeza geográfica e das suas potencialidades humanas que como as suas
lacunas são factores a considerar. Neste contexto tem a Imprensa Regional um
papel preponderante a desempenhar, levando a todos os seus leitores uma
informação abalizada das realidades sociais, políticas e económicas da Nação
por forma a encorajar as pessoas a dialogarem e a sentirem em comum os
problemas que afectam o espaço lusíada, mormente este Reino Maravilhoso, onde
nasceu e se inspirou o nosso Torga
Os transmontanos receberam da sua
montanha a rigidez e pureza de alma franca que os caracteriza, mas também o
espirito individualista, o orgulho e certa altivez que nem sempre nos favorece
quando chamados a reunir. Muito indiferentes aos primeiros morteiros da festa, aparecem
quando por vezes a procissão já recolheu…, e depois barafustam e criticam com
ou sem razão. Os transmontanos são críticos por natureza.
Temos que nos habituar a ser mais
humildes e a confiar mais na unidade regional e nacional para ver se juntos conseguimos
fazer da nossa província uma verdadeira pátria dentro da nossa grande Pátria.
Não pactuando com o paternalismo caquético que deve ser orientado a favor de
uma justiça social a todos extensiva. O Homem transmontano tem o dever de nesta
altura se lembrar que a sua província foi durante séculos abandonada pelo poder
central e por isso necessita agora da colaboração de todos nós, por forma a
conseguir recuperar o atraso sofrido em relação a outras regiões que as
influências e conveniências do paternalismo caduco favoreceram. E também neste
aspecto não tenhamos dúvidas que mesmo sem o apoio de Costa Gomes – também o
não tivemos de Mendonça Dias nem de Rapazote – Trás-os-Montes e Alto Douro vai ter
de contar com o apoio de todos aqueles comprovincianos que dispersos por
departamentos oficiais e cargos públicos tenham influência em áreas como o
Turismo, Comunicações, Electricidade, Saúde, Educação, Desporto, Cultura e sei
lá mais quê, pois caso contrário o 25 de
Abril jamais bafejará as terras de entre Montalegre e Mogadouro. Só um
alerta: a união faz a força!»
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