domingo, 16 de setembro de 2018

A União Faz a Força



Por: Costa Pereira Portugal, minha terra


Em Dezembro de 1976 publiquei em Noticias de Chaves um meu arrazoado que hoje transcrevo para dizer que tudo se mantém como então anotei. Prova que somos teimosos e não arredamos pé do que somos realmente. Recordo-me de uma história que o saudoso coronel Abílio Beça, que foi governador militar de Macau e diretor da Academia Militar da Amadora um dia me contar quando presidente da Câmara de Miranda do Douro, a propósito de nós transmontanos. Dizia ele que em Miranda conheceu um cavalheiro que costumava passar por um carreiro onde uma pedra grande dificultava a passagem, resmungava contra ela, mas nunca se deu ao trabalho de a afastar do caminho. Um dia alguém passou por ali e achou por bem desviar esse calhau. Quando noutra ocasião por lá voltou a passar o tal cavalheiro, em vez de louvar o trabalho feito deu-lhe para asneirar, dizendo: quem foi o filho (da mãe) que tirou a pedra do meio do caminho?!



Nós os transmontanos temos disto, por ocasião do IV CONGRESSO de TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO até se notou isso muito bem. Mas, vamos ao que em Noticias de Chaves, escrevi, em 3/12/76:
«Como dizia em anterior escrito os transmontanos devem conhecerem-se mutuamente melhor para de maneira mais prática tomarem consciência colectiva da sua grandeza geográfica e das suas potencialidades humanas que como as suas lacunas são factores a considerar. Neste contexto tem a Imprensa Regional um papel preponderante a desempenhar, levando a todos os seus leitores uma informação abalizada das realidades sociais, políticas e económicas da Nação por forma a encorajar as pessoas a dialogarem e a sentirem em comum os problemas que afectam o espaço lusíada, mormente este Reino Maravilhoso, onde nasceu e se inspirou o nosso Torga
            Os transmontanos receberam da sua montanha a rigidez e pureza de alma franca que os caracteriza, mas também o espirito individualista, o orgulho e certa altivez que nem sempre nos favorece quando chamados a reunir. Muito indiferentes aos primeiros morteiros da festa, aparecem quando por vezes a procissão já recolheu…, e depois barafustam e criticam com ou sem razão. Os transmontanos são críticos por natureza.
            Temos que nos habituar a ser mais humildes e a confiar mais na unidade regional e nacional para ver se juntos conseguimos fazer da nossa província uma verdadeira pátria dentro da nossa grande Pátria. Não pactuando com o paternalismo caquético que deve ser orientado a favor de uma justiça social a todos extensiva. O Homem transmontano tem o dever de nesta altura se lembrar que a sua província foi durante séculos abandonada pelo poder central e por isso necessita agora da colaboração de todos nós, por forma a conseguir recuperar o atraso sofrido em relação a outras regiões que as influências e conveniências do paternalismo caduco favoreceram. E também neste aspecto não tenhamos dúvidas que mesmo sem o apoio de Costa Gomes – também o não tivemos de Mendonça Dias nem de Rapazote – Trás-os-Montes e Alto Douro vai ter de contar com o apoio de todos aqueles comprovincianos que dispersos por departamentos oficiais e cargos públicos tenham influência em áreas como o Turismo, Comunicações, Electricidade, Saúde, Educação, Desporto, Cultura e sei lá mais quê, pois caso contrário o 25 de Abril jamais bafejará as terras de entre Montalegre e Mogadouro. Só um alerta: a união faz a força!»
                                                                               

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