O mundo tem focos de instabilidade incomensuráveis. A
República do Centro Africana e a Síria são dois deles. Mas o caso da Venezuela
é outro, com mecanismos gravíssimos, porque sustentado num sistema
socialista/comunista, baseado no modelo soviético de 1917, que há muito deu
provas de, humanamente, ser insustentável. Recorra-se à obra de Orlando
Figes, apenas para se citar um dos inúmeros especialistas.
Foi a 1917 que Chavez foi buscar o seu modelo, um
modelo em declínio: a total intervenção do Estado,
que controla a economia, nacionaliza empresas, manipula os preços e intervém no
câmbio. O modelo tornou-se ainda mais rígido no governo de Nicolás Maduro.
A estatização dos principais sectores da
economia, como turismo, alimentação e energia, trouxe a redução da
produtividade que se agravou com a queda do preço do petróleo, principal
recurso para a compra de matéria-prima para as indústrias governamentais e para
a compra de produtos básicos.
A isto acrescentem-se os aspectos políticos de perseguição, prisão e tortura à oposição e ao povo comum.
A isto acrescentem-se os aspectos políticos de perseguição, prisão e tortura à oposição e ao povo comum.
O resultado foi uma crise económica sem
precedentes. Em 2017, o Fundo Monetário
Nacional (FMI) estimou que a inflação chegaria a 720%. O agravamento
da crise económica fez disparar a escassez de alimentos, medicamentos e de
matéria-prima para a indústria local.
A população passou a não ter acesso a
produtos básicos, enfrentar longas filas para comprar produtos caros e, em muitos
casos, teve de recorrer ao mercado paralelo para obter artigos que deixaram de
ficar disponíveis para a venda, como alguns produtos de higiene pessoal.
Os altos níveis de miséria da população
contrastam com a corrupção vivida pelo país. Em 2017, a Venezuela foi eleita o
país mais corrupto da América Latina, de acordo com informações da ONG Transparência Internacional. O país ocupava nesse
ano a 166ª posição em um ranking de 176 países.
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