quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Venezuela, um caso grave


O mundo tem focos de instabilidade incomensuráveis. A República do Centro Africana e a Síria são dois deles. Mas o caso da Venezuela é outro, com mecanismos gravíssimos, porque sustentado num sistema socialista/comunista, baseado no modelo soviético de 1917, que há muito deu provas de, humanamente, ser insustentável. Recorra-se à obra de Orlando Figes, apenas para se citar um dos inúmeros especialistas.
Foi a 1917 que Chavez foi buscar o seu modelo, um modelo em declínio: a total intervenção do Estado, que controla a economia, nacionaliza empresas, manipula os preços e intervém no câmbio. O modelo tornou-se ainda mais rígido no governo de Nicolás Maduro.
A estatização dos principais sectores da economia, como turismo, alimentação e energia, trouxe a redução da produtividade que se agravou com a queda do preço do petróleo, principal recurso para a compra de matéria-prima para as indústrias governamentais e para a compra de produtos básicos.
A isto acrescentem-se os aspectos políticos de perseguição, prisão e tortura à oposição e ao povo comum.



O resultado foi uma crise económica sem precedentes. Em 2017, o Fundo Monetário Nacional (FMI) estimou que a inflação chegaria a 720%. O agravamento da crise económica fez disparar a escassez de alimentos, medicamentos e de matéria-prima para a indústria local.
A população passou a não ter acesso a produtos básicos, enfrentar longas filas para comprar produtos caros e, em muitos casos, teve de recorrer ao mercado paralelo para obter artigos que deixaram de ficar disponíveis para a venda, como alguns produtos de higiene pessoal.
Os altos níveis de miséria da população contrastam com a corrupção vivida pelo país. Em 2017, a Venezuela foi eleita o país mais corrupto da América Latina, de acordo com informações da ONG Transparência Internacional. O país ocupava nesse ano a 166ª posição em um ranking de 176 países.

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