segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Honra ao mérito do Padre Dr. Artur Couto


BARROSO da FONTE
Em 1947 ingressou no Seminário de Vila Real. Foi o ano em que com ele entraram mais 58 alunos. Depois, só em 1964/65, entraram 81. Com ele mais três botiquenses: Fernando Gonçalves Rei, José Joaquim Gomes Lopes Pereira e Mário Rua Rua Dias (juiz conselheiro).
Desde que ordenado passou por Boticas e Minas da Borralha, como professor. Em 1964 foi convidado pelo então Cardeal Cerejeira, para apoio à Paróquia de S. Jorge de Arroios, em Lisboa. Como escrevi no prefácio da Beleza Serrana «foi um primeiro sinal da bonomia, de relacionamento social e de apetência para a convivência urbana em que brilhou no resto da sua vida». Mais tarde e apoiado pela sua privilegiada forma de ser e de estar, foi capelão nos três Ramos das Forças Armadas que deixou para voltar à vida Académica. Licenciou-se em Ciências Pedagógicas na faculdade de Letras de Lisboa e fez o 2º ano de Direito. Entretanto exerceu o jornalismo. Mormente no Ecos de Boticas e em A Voz de Chaves (este semanário) que noticiou a sua morte, em Lisboa, em 26 de Novembro de 2017. Nos jornais e outros centros de cultura, sempre apregoou a sua freguesia de Sapiãos de que fez o centro do mundo. Para ela carreou a sua influência, o progresso que estava ao seu alcance e a hospitalidade que viajava na bagagem da sua viatura. Sua Mulher, D. Maria Hortense P. Santos Monteiro do Couto, não descansou, enquanto não viu concretizado um sonho do seu bem Amado Artur. Incumbiu, conforme o gosto dele de encontrar espaço para instalar a Biblioteca «Pe. Dr. Artur Couto». O Presidente da Junta assumiu, de imediato, a cedência do melhor espaço para aí instalar esse acervo pessoal e dos amigos que desde logo quiseram associar-se. E de quem pelos tempos fora, gostem de engrossar esse espólio.
Carlos Couto, um dos vários sobrinhos que mais convivera com o Tio, soube acolher ideias e logo sugeriu a recolha, em livro próprio, de 312 páginas, com centenas de anotações diarísticas do Blog «Beleza Serrana» do saudoso filho de Sapiãos, onde anotara, instantes, situações felizes ou momentos dignos de registo. Não houve a preocupação de transformar essas reflexões casuísticas, em telas literárias, visto que os blogues se escrevem, na maior parte das vezes, com palavras abreviadas e sem pontuação. O que prevaleceu foi a preocupação de registar os pensamentos, o saber e o sabor do linguarejar desse Barrosão que inseriu esse berço nas «origens dos Barrosos de Portugal que radicam em Sapiãos».
O presidente da Câmara afirmou que «é para o Município de Boticas e para mim particularmente, que tive oportunidade de trabalhar de perto com ele em diversas ocasiões, um motivo de grande satisfação associar-me à publicação deste livro, que de certa forma homenageia, a título póstumo, o Dr. Artur Monteiro do Couto, um ilustre botiquense, nascido em Sapiãos, que foi durante toda a sua vida um grande embaixador do Concelho de Boticas, mantendo uma forte ligação às suas raízes e à terra que o viu nascer e contribuindo de uma forma bem vincada para a divulgação do património, usos, costumes e tradições do nosso povo e das nossas gentes, para quem sempre olhou com muito orgulho e carinho.
Homem de Cultura e a ela sempre dedicado, deixou-nos uma obra vasta e diversificada, espalhada por livros, revistas e jornais e mais recentemente pela internet, onde “alimentou”, com a sua habitual perspicácia e visão crítica, o “blog” Beleza Serrana, transformado em local de visita obrigatória muito graças ao seu carácter despretensioso e descomprometido.
Da sua autoria é também, entre outras obras, o Livro “Património Histórico de uma Aldeia Transmontana – Sapiãos”, publicado em 1998, uma Monografia onde descreve o património cultural, arquitetónico e humano da “querida terra” onde nasceu, e que continua a ser a obra mais completa até agora publicada sobre Sapiãos.
Fernando Queiroga e toda a sua vereação marcaram presença e dezenas de antigos alunos, padres e leigos, vieram de todo o país para testemunharem essa solidariedade que constituiu um primeiro sinal distintivo entre gerações, desde tempos difíceis. Estiveram presentes a Presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes, Assunção Anes Morais, a Presidente da Direção e da Revista Aquae Flaviae, Maria Isabel Viçoso, Joaquim de Sousa Fernandes, antigo Presidente da Câmara e da Assembleia Municipal de Boticas, o Pintor Eurico Borges que é hoje uma figura de projeção mundial, o mediático Padre Fontes e o também Presidente da Câmara de Montalegre, Prof. Carvalho de Moura, além de uma numerosa representação da Casa de Trás-os- Montes e Alto-Duro de Lisboa.

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