JORGE LAGE |
Em sequência da mensagem anterior em que brasileiros ridicularizam, e bem, o Desacordo Ortográfico, envio-vos uma sábia opinião do Primeiro Doutorado em Terras Moçambicanas e Prof. Jubilado da UM.
Como dizia Mário Soares, «só os burros não mudam de opinião!».
Sua Excelência o Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, nosso Presidente, devia ter a coragem de acabar com este escarro.
O texto que recebi sobre o Desacordo Ortográfico:
«Caro Jorge
Já por vária vezes me referi a este (Des)acordo ortográfico.
Nunca coube na cabeça de algum catedrático em Línguas de Cambridge ou de Oxford pretender que o Governo do UK pretendesse fazer um acordo ortográfico com os países de língua inglesa: EUA, Canadá, Índia, Nigéria e outros países africanos de língua inglesa, para que todos escrevessem e falassem o INGLÊS de Cambridge. Até em Londres as populações inglesas menos letradas falam outra língua, o cockney. Tive no Imperial College em Londres um professor natural da Escócia que falava um inglês que nem os colegas dele ingleses entendiam.
Portanto, essa estúpida pretensão dos linguistas portugueses foi, e continua a ser, pura estupidez desses “catedráticos”. O que devia haver, isso sim, era um Dicionário Remissivo de Língua Portuguesa Falada no Mundo” que contivesse todas as palavras e expressões portuguesas faladas no Mundo. Assim, esse dicionário devia conter, por exº, a palavra “maning” dizendo: maning=muito » Palavra usada em Moçambique. E a expressão “à beça”, dizendo: à beça=muito » expressão usada no Brasil. O dicionário devia conter, por exº, a palavra “açougue”, dizendo açougue=talho, palavra usada no Brasil e que ainda se usa nalgumas aldeias portuguesas.
Esse Dicionário Remissivo seria muito útil em Portugal como em todos os países de Língua Portuguesa. No Brasil foi editado um Dicionário de Língua Portuguesa de um tio do Chico Buarque de Holanda, que é professor de Letras, que contém as palavras e expressões usadas no Brasil e as suas equivalentes usadas em Lisboa. Por exemplo Dezesseis= Dezasseis. No Brasil só se usa Dezesseis.
No Brasil, por influência dos EUA, os termos técnicos usados para mutos produtos não são os de Portugal, mas os dos EUA adaptados.
Assim, por exº. para o betão que se usa na Engenharia Civil, os brasileiro usam a palavra “concreto” proveniente do Inglês “concrete” e daí também usam ““concretagem” em vez de “betonagem”. Isso dá origem a muitos problemas, por exº. nas revistas técnicas portuguesas, nas quais autores brasileiros praticamente não podem escrever, e, vice-versa, nas revistas técnicas brasileiras, nas quais autores portugueses praticamente não podem escrever. Pelo que diz respeito à revista “Geotecnia” editada em Portugal e duas outras brasileiras “Geologia de Engenharia” e “Mecânica dos Solos” editada no Brasil, por mérito do colega que me substituiu na UMinho o problema desapareceu. Ele, quando foi Presidente da Sociedade Portuguesa de Geotecnia chegou a acordo com os colegas das “sociedades” brasileiras, donas das referidas revistas para os autores portugueses poderem escrever, nas revistas supracitadas, no Português usado em Lisboa e os autores brasileiros poderem escrever, na revista “Geotecnia”, no Português usado no Rio de Janeiro. Além disso, os sócios da Sociedade Portuguesa de Geotecnia são automaticamente sócios das “sociedades” brasileiras, donas das revistas brasileiras acima referidas.
Devo dizer que eu instei com outros colegas “donos” de revistas de outras especialidades de Engenharia para tentarem fazer o mesmo para revistas correspondentes brasileiras, mas não tive sucesso.
Note que esse dicionário remissivo seria muito útil até para se poderem ler livros de certos autores tais como Graciliano Ramos, uma jóia da literatura brasileira, que vive e usa termos do Sertão brasileiro, palavras que não existem em Portugal e, se o seu significado não for esclarecido num dicionário remissivo, o leitor não consegue perceber bem o que está a ler. Assim, vê-se bem a “borrada” que fizeram os “catedráticos de Linguística portugueses. Não sei porque é que o Governo Português ainda não revogou a lei que impôs o uso desse (des)acordo, uma vez que a Vilma quando era “President(a)” do Brasil decretou que o Brasil não usaria esse (des)acordo. Aliás esse (des)acordo nunca poderia ser aplicado no Brail, pois usam-se lá, há muitas dezenas de anos, não só palavras mas frases úteis com significado próprio que não se usam em Portugal. Por exº: os vendedores de “frango assado na brasa” põem à vista uma placa com os dizeres “frango no churrasco pra viagem”, coisa que nunca vi escrito em Portugal.
Termino aqui.
Grande abraço
JB».
Saudações amigas,
Jorge Lage
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