Já há uns tempos que não ia a uma Audiência Papal geral ou
pública. Ontem fui (20.06.108) e, como sempre, gostei. Vale bem a pena o tempo
de espera que passamos na Praça de São Pedro, para ver e ouvir o Santo Padre.
Já tinha tido essa experiência com João Paulo II e com Bento XVI. Foi bom
continuar com Francisco.
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Audiência Papal
Audiência Papal…
Em tempo bem matinal,
Partimos para viver aquele
momento,
Da melhor maneira.
É assim nas manhãs de
quarta-feira! (1)
É uma peregrinação
Em que os ouvidos
E também coração,
Conscientes e decididos,
Ouvem de Pedro o sucessor.
Ouvem-no com respeito e amor! (2)
Francisco chega: é a festa
Pelo seu estilo e proximidade.
Caminha e todo ele manifesta
Atenção, carinho e bondade
A cada pessoa do seu aprisco.
Foi e é assim o Papa Francisco.
(3)
Uma volta pela praça
É tanto do seu agrado.
Para: aqui sorri, ali abraça.
E cada um se sente amado
Por este Pastor Universal.
É assim uma Audiência Geral! (4)
Catequese sobre os mandamentos,
Ou, antes sobre as Dez Palavras.
A Palavra, dom de todos os
momentos
E que em nossa alma grava
A sede infinita do nosso Deus…
E nos torna filhos: milagre dos
Céus! (5)
21 de junho de 2018, no voo EZY
4472 entre Roma e Lyon, às 8.45
1) Entre
os muitos afazeres do Papa ressaltam as AUDIÊNCIAS. Há as AUDIÊNCAS PRIVADAS,
muitas delas com Embaixadores dos países com representação junto à Santa Sé
(Vaticano). E as AUDIÊNCIAS GERAIS ou PÚBLICAS, audiências para todo o público
que se reúne na Praça de São Pedro. Estas audiências são feitas todas as
quartas-feiras, da parte da manhã. A Audiência, com a catequese feita pelo Santo
Padre, começa às 10.00. Mas o Papa Francisco gosta muito de encontrar as
pessoas e por isso sai habitualmente meia hora antes, para dar no seu “papamobile”,
uma volta pela praça.
2)
Há muitos turistas que aproveitam a sua passagem por Roma para
participar numa das Audiências de quarta-feira. São turistas, mas a ouvir
alguns dos seus relatos ou testemunhos, eles chegam ali, à Praça de São Pedro,
com um coração de peregrino. É o que eu procuro viver quando ali vou: ir ali,
ouvir o sucessor de Pedro como peregrino. As catequeses que apresentam os Papas
são sempre muito profundas, muito bem elaboradas e muito pastorais.
3) A
catequese, como dissemos na nota 1) começa às 10.00. Mas pelas 9.30 já o Papa
Francisco anda pela praça, para poder saudar de perto, algumas pessoas. Detém-se
sobretudo cm as crianças e os doentes. Ultimamente costumam vir também às
audiências muitos jovens casais ou noivos, que o papa acolhe com muita alegria.
As pessoas que vêm à Audiência normalmente deixam a sua casa bastante cedo para
encontrarem um bom lugar, para ver o Papa o mais próximo possível.
Neste caso
concreto eu tive a alegria de participar na Audiência Geral de 20 de julho de
2108. Uma mais, em que pela primeira vez fiquei na escadaria do Vaticano,
relativamente perto do lugar de onde o Papa faz a sua catequese. Mas tive que
me levantar às 6.00, para estar no Vaticano às 8.00 e aguentar o sol tórrido
dos Verões romanos durante toda a manhã. E sem chapéu ou mesmo cremes
protetores que podem fazer algum bem. Deixava a praça precisamente quando o
Papa recolhia ao seu ambiente de trabalho. Não dei o tempo por perdido, porque
o vi de bastante perto, nesse momento final da Audiência. Não é para fazer
todas as semanas. Mas estou seguro que voltarei mais alguma vez.
4) Na
estrofe anterior falava eu das “pessoas do seu aprisco”. Mas o Papa Francisco,
como qualquer Papa, aliás, tem um múnus pastoral que vai além dos fiéis da
Igreja Católica. Não lhe escapam os crentes de outras confissões cristãs (hoje
mesmo, dia em que escrevo este poema, 21/06/2018, o Papa Francisco encontra-se
em viagem a Genebra, para discursar no Conselho Mundial das Igrejas (CMI), na
celebração dos seus 70 anos de existência (foi fundado em 1948). Num ecumenismo
mais alargado, também as religiões não cristãs não são estranhas ao pensamento
e ao cuidado pastoral. E o mesmo diria de pessoa humana em geral. Na Encíclica
Laudato Si’, Francisco convida todas as pessoas de boa vontade a cuidar,
defender e promover a Criação, como casa comum de todos os seres humanos.
5) Nesta
quarta-feira, 20.06.2018, O Santo padre continua a Catequese sobre os mandamentos.
Para não estar com muitos comentários que poderiam empobrecer a reflexão do
Papa Francisco, deixo aqui um bom extrato da sua catequese, que me pareceu
muito rica, ao estabelecer a diferença entre “MANDAMANTO” e “PALAVRA”. “Os Dez Mandamentos aparecem, na Bíblia,
como parte duma relação de Aliança entre Deus e o seu povo. Entretanto o texto
bíblico e a tradição hebraica não falam de mandamentos, mas de «palavras»: são
as Dez Palavras, isto é, o Decálogo. Ora, nós sabemos que não é a mesma coisa
receber uma ordem ou sentir que alguém deseja falar connosco. Diante de nós
abre-se esta alternativa: ver Deus como Alguém que me impõe coisas ou como um
Pai que tem cuidado de mim e vela pelo meu bem. Logo no Jardim do Éden, o
Tentador conseguiu enganar Adão e Eva neste ponto: convenceu-os de que Deus
lhes proibira de comer do fruto da árvore do bem e do mal para tê-los sujeitos
a Si. O diabo deixa os nossos primeiros pais perante este dilema: Aquela
proibição de Deus é a imposição dum déspota que proíbe e constringe ou é a
solicitude dum pai que tem cuidado dos seus filhos e os protege da
autodestruição? Deus é patrão ou Pai? Somos seus súbditos ou filhos? Os factos
demonstraram dramaticamente que a Serpente os enganou. Mas esta é uma luta que
se apresenta, continuamente, dentro e fora de nós: vezes sem conta, fomos
obrigados a escolher entre uma mentalidade de escravos ou uma mentalidade de
filhos. Um espírito de escravo só pode ver a lei como opressora, daí resultando
uma vida feita de deveres e obrigações ou então a recusa a obedecer-lhe. O
cristianismo é a passagem da letra da Lei para o Espírito que dá vida. Jesus é
a Palavra do Pai, não a condenação a nós imposta pelo Pai. O mundo não precisa
de legalismo, mas de cristãos com coração de filhos”.
Mais preocupado
em tirar fotografias ou completamente distraído pelo lindo e multicolor
ambiente da Praça que acolhe Francisco, sempre com muita alegria, acabei por
não notar o texto bíblico que foi lido antes da reflexão de Francisco para servir
de base ao seu comentário estabelecendo a diferença entre “Mandamento” e
“Palavra”. Para o cristão o importante é viver da Palavra de Deus que o
estabelece como filho e não como escravo, como pessoa “condenada à liberdade”
de filho (para usar a expressão do meu professor de Antigo Testamento em
Friburgo) e não à opressão de algum déspota que faz de nós escravos. Sei apenas
que era uma passagem de uma das Epístolas ao Coríntios.
P.S. Não sei também
porque que o Santo Padre dá honras à Serpente, para a apresentar com “S”
maiúsculo. Talvez ainda uma grande benevolência do Papa Francisco, mesmo para
aquele primeiro inimigo que, tragicamente, complicou a história de toda a
humanidade.
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