Por BARROSO da FONTE |
Poderia realizar-se em 2020 o congresso que vai
decorrer de 25 a 27 de Maio, em curso. Assinalaria o I século desde que ocorreu
o primeiro. Mas depois de recordada a história das três anteriores edições,
quem soube das dúvidas que houve em 1941 em 2002, terá entendido que não é
próprio dos Transmontanos «deixar para amanhã, aquilo que pode fazer-se hoje».
Aqueles que em 1941 quiseram honrar, vinte anos depois, os pioneiros de 1920,
tiveram tantas preocupações e receios de que pudesse falhar alguma coisa. Em
1920 ainda se arrumavam as trouchas da I Guerra Mundial. Mas a urgência era
tanta que um Povo como o de Trás-os-Montes, pobre, despovoado e esquecido, tinha
de agir para sobreviver. Em 1941 aqueles que tinham a experiência do que se
fizera em 1920, quiseram melhorar a experiência. E, quando se viram em cima da
hora, sem meios de toda a ordem, reconheceram que já era tarde demais e que, o
melhor era adiar para 1941.
Foi em Vidago que Miguel Torga produziu aquele poema
prosaico sobre o «Reino Maravilhoso». O terceiro ficara previsto para 1960. Mas
a guerra, a emigração e a pobreza teimavam em embaraçar as vontades e os meios.
Mais vinte anos em cima dos outros vinte que foram sendo adiados.
Só por essa altura, tivemos acesso às atas das duas
primeiras edições. Nas diversas tribunas da imprensa, regional e diária, mais a
feliz circunstância de termos os meios oficiais da Direção Geral da
Comunicação, (re) pegámos naquelas atas e, estando por essa altura, em pleno
funcionamento as Casas as diversas Casas Regionais (Lisboa, Porto, Guimarães,
Braga, Coimbra, Tomar, Viana do Castelo e Algarve), usámos as redes
comunicacionais, que insistentemente, fermentaram a Comunidade Transmontana e
Duriense. Numa primeira fase chegou a eleger-se um grupo de Transmontanos que
pretendiam avançar. Mas o poder autárquico, demarcou-se e, só na viragem do
século e do milénio, foi possível cimentar vontades e garantir meios para – finalmente
– autarcas e quadros do funcionalismo público, representando aquelas Casas
regionais, darem passos seguros, para, em 2002, afinar a máquina que há 61 anos
aguardava afinação.
Foi,
inegavelmente, a maior manifestação pública de Transmontanismo de que há
memória. A cidade de Bragança foi o palco desse evento que nas conclusões que
foram aprovadas, ficou o propósito de se repetir de cinco em cinco anos. Ficou
claro que não mais seria possível repetir esse acontecimento com tamanha
dimensão. E, sobretudo, tantas vontades e meios logísticos, para viabilizar
semelhante proeza.
Só a iniciativa privada e o poder local, a puxar para
o mesmo lado, podem fazer coisas bonitas, comunitárias e do agrado geral.
Ciente de que não podendo, somente a Casa de Lisboa, realizar
a 4ª edição do congresso do nível daquele que decorreu, em Bragança, em 2002, poderia imitar as
edições de 1920 e de 1941, a direção chamou a si, sócios e não sócios para
organizar o IV Congresso, em Lisboa, nos dias 25, 26 e 27 do mês em curso. Dadas
as dificuldades financeiras que são comuns a todas as instituições do género,
não poderemos exigir muito. Mesmo assim muita gente ligada a Trás-os-Montes e
Alto Douro voltou as atenções para as origens telúricas. E os mais novos
ficaram a saber que os Transmontanos, sempre primaram pelo diálogo franco e
reconfortante .
O que ficará
para a história continuará a ver-se, a ler-se e a ouvir-se.
Armando Palavras, já em 2011, fizera uma primeira
coletânea intitulada: «Trás-os-Montes e Alto Douro – Mosaico de ciência e cultura» Foi uma obra de 400 páginas, numa tiragem de 10
mil exemplares que mereceu nota prévia do Lagoaceiro António Neto que nesse ano
fora o Presidente da Comissão de Festas de Nossa Senhora das Graças (LAGOAÇA). A essa
comissão organizadora pertenceu Armando Palavras que mais uma vez coadjuvou
Hirondino Isaías, presidente da Direção da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro,
de Lisboa. Foi uma tarefa árdua e ingrata porque há sempre quem veja, ao seu
nível, muitas e muitos que julgava inferiores, mas que ocupam mais e melhor
espaço, página mais vistosa do que eles. O livro vai estar à venda durante o
congresso, ao preço de 20 euros e decorrerá no Pavilhão do conhecimento –
Centro Ciência Viva – No Parque das Nações, em Lisboa.
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