Por Barroso da Fonte |
A
corrupção do futebol na temporada que termina no próximo fim-de-semana vai
passar incólume, por exemplo, no jogo de há duas semanas entre o Rio Ave e o
Desportivo de Chaves. A emboscada foi antecedida de uma faire play que as
televisões, mostraram. No dia do jogo o árbitro Hugo Miguel que em 2015 fora
alvo de acusações graves, aí mesmo, em Vila do Conde, terá chegado com o
propósito de acertar contas com o clube da «casa», lesando, grosseira e
ostensivamente o Desportivo de Chaves. Toda a imprensa do dia seguinte relatou
o «roubo» consumado na anulação de um golo sem espinhas aos Flavienses e na
marcação de dois penáltis seguidos a favor do Rio Ave. Esse jogo decidiria a
fixação no 5º lugar. O Chaves com esse golo inicial ficaria, ipso facto, à
frente, bastando-lhe ganhar, no jogo seguinte ao Marítimo, o que sucedeu por
4-1.
Hugo
Miguel apercebeu-se de que esse resultado não cumpria o seu projeto. Por isso 3
minutos depois da bola ir ao centro, pára o jogo, recorre ao vidro-árbitro e
anula «a espinha» que lhe feria a garganta. Já perto do fim do jogo,
incrivelmente, assinala dois penáltis contra o Chaves. Não cuidou de ver se
eles existiram. E o Rio Ave faz as pazes com os Vila-condenses. Hugo Miguel
saía com a consciência purificada, pelos pecadilhos que em 2015, contraíra. Mas
o Rio Ave garantia, no jogo seguinte com o Paços de Ferreira, o 5º lugar que
pertencia ao Chaves.
Curiosamente
as televisões, desde o início da época, só passaram a falar dos 5 primeiros
classificados. Com estes enchem os sábados, os domingos e as segundas-feiras.
Esgotaram todos os comentadores do reino e passam esses três dias e noites a
encher chouriços. Mas desde o 6º ao último clube, apenas dão o resultado e em
tempos mortos. Esse jogo que garantiu o 5ºlugar ao Rio Ave, sendo ao Chaves que
pertencia pelo que jogo em campo. Para que não pensem os meus leitores que
estou a falar do que não sei, peço que leiam aquilo que o Correio da Manhã
escreveu em Setembro de 2015. Se não ficarem seguros do que fica, consultem a a
internet.
O Correio da Manhã, de
24/09/2015, em peça jornalística de Octávio Lopes escreveu o texto que a seguir
se reproduz, sem qualquer alteração.
- O árbitro internacional
Hugo Miguel está a ser investigado pela Comissão de Instrução e Inquéritos
(CII) da Liga, pela ligação à empresa Macron, marca desportiva que equipa o
Sporting. Segundo soube o CM, foi a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) que,
a pedido do Conselho de Arbitragem (CA), fez chegar o processo à Liga. O CA,
liderado por Vítor Pereira, pediu um parecer jurídico à FPF sobre a
eventualidade de haver um conflito de interesses. Já a Federação passou a
‘bola’ à CII, que antes de tomar uma decisão (procedimento disciplinar ou
arquivamento) vai ouvir Hugo Miguel, entre outras testemunhas.
O caso começou nas redes sociais por adeptos ligados ao Rio Ave,
depois de o juiz de Lisboa, de 38 anos, ter sido nomeado para o jogo com o
Sporting, em Vila do Conde, da 4ª jornada da Liga, que os leões venceram por
2-1. Perante esta denúncia, o CA decidiu agir e chegou mesmo a confrontar o
árbitro com a situação. Contactado ontem pelo CM, Hugo Miguel confirmou que é
agente da Macron, mas vincou não ter negócios com o Sporting. "Os meus
clientes são particulares, empresas e alguns árbitros dos distritais. Tenho uma
loja em Lisboa, que serve de showroom para os clientes. Nem sequer está aberta
ao público. E na loja não tenho nem posso ter camisolas do Sporting. O acordo
do Sporting foi feito com a casa-mãe e, pelo que sei, o clube tem a
exclusividade para vender os seus equipamentos." Hugo Miguel assegurou
ainda que na declaração de interesses que enviou para a Liga menciona a sua
ligação à empresa italiana. Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/desporto/futebol/detalhe/liga_abre_processo_contra_hugo_miguel»
Nota
Final
Na época de 1972/73 foi o signatário desta
nota de leitura, eleito numa assembleia dos «amigos do Clube», promovida pelo
então Presidente da Câmara de Chaves, Agostinho Pizarro, para liderar a futura
Direção, a sair dessa incumbência. Nunca o Chaves subira aos escalões
nacionais. Foi essa direção apelidada de «plintras» a meio da temporada.
Verdade é que nessa temporada o Grupo Desportivo de Chaves subiu de divisão,
depois de a FPF, ter gerado um imbróglio que envolvia 4 clubes: o Lourosa, o
Chaves, o Desportivo das Aves e o Valpaços. O «defeso» de cerca de 3 meses foi
necessário para dirimir essa escandaleira que apenas foi possível por via do
«alargamento» das séries da 3ª divisão, de doze para dezasseis clubes.
Ficou
na história do futebol nacional esse rocambolesco episódio que nos custou um
processo disciplinar movido pela F.P.F, e do qual fomos amnistiado em Maio de
1974. Desde essa altura o Chaves já passou pela I divisão e até por duas vezes
foi às competições europeias. Nos últimos anos o Clube passou pela criação de
uma SAD e os seus timoneiros têm-se revelado de uma competência ímpar que
permite estabilidade, prudência e desportivismo.
Em
Maio de 2013 publicámos em livro esse historial, com o título: Grupo
Desportivo de Chaves: da humilhação à Glória. O Caso que abalou o futebol português
na época de 1972/73.
Em 1974 na comemoração das bodas de prata
(27/9/1974) a direção do Clube solicitou-nos a letra do Hino que foi musicado
pelo Flaviense Carlos Emídio Pereira. Esse hino cantado pela Ágata e
ultimamente por Maria José tem duas palavras de força maior: «Valentes
Transmontanos» que se generalizaram para denominar o Cube Flaviense. É entoado
sempre que há futebol e completa 44 anos de vida.
Seria
louvável que a comunidade desportiva respeitasse o espírito da letra e as
gentes a que se referem.
Mas
árbitros como Hugo Miguel devem ser tratadas como personas non gratas.
Caro Doutor Barroso já merecia uma estátua no Alto de Espinho Marão ou junto à Barragem da Venda Nova - Montalegre, porque, digam o que disserem: dos fracos não reza a História (e não vai rezar). A sua indomável pena, o seu carácter «de antes quebrar que torcer» e o seu engenho criativo são credores de um reconhecimento público dos municípios trasmontanos e durienses. Já deveria ter acontecido se não fosse a mesquinhez de alguns ronhosos autarcas que nos têm governado ou governam. Não há entre nós quem tanto e constantemente tenha porfiado pelo nosso chão e pelas nossas gentes. Até o Grupo Desportivo de Chaves será mais considerado se reconhecer que sempre esteve a seu lado nos momentos difíceis, como os que meteu a «Polícia de Choque». Por isso e por tudo o que tem feito por nós todos, trasmontanos e durienses, lhe envio um abraço de reconhecimento e de apoio á sua nobre defesa da causa pública. Jorge Lage
ResponderEliminarFazemos nossas, as palavras do Amigo Doutor Jorge Lage (que também ele merecia homenagem, ainda que singela, de municípios como Mirandela ou Valpaços, pelo trabalho de etnologia que tem desenvolvido)sobre o Doutor Barroso da Fonte. Que não merecia uma, mas duas ou três estátuas em Trás-os-Montes.
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