"Prisioneiros da Geografia" é um livro de Tim Marshall, especialista
britânico em relações internacionais. Percorrendo grandes temas internacionais,
considera que só a partilha equitativa dos recursos à escala global permitirá evitar
novos conflitos em diversas regiões do mundo. Este antigo colaborador da BBC,
com uma vasta experiência de reportagem em áreas de conflito, dos Balcãs ao
Afeganistão e Médio Oriente, assinala a necessidade de encontrar um sistema
social e global que permita essa partilha, sublinhando, contudo, que já
ocorreram progressos na redistribuição da riqueza ou nos cuidados de saúde à
escala global, o que facilita esse sistema global. Afirma, no entanto, que nos
últimos anos, o ocidente parece não estar a partilhar como anteriormente, nem
mesmo consigo próprio. Isso implica uma crise de confiança no nosso sistema,
porque fomos muito longe em direção a um sistema de capitalismo de rapina,
agressivo. Por essa razão temos de recuar.
As reportagens jornalísticas que efetuou em variadas regiões do mundo
alertaram-no para a importância da geografia, e indica um exemplo prático, a
Rússia.
Nos dez capítulos do livro "Prisioneiros da Geografia", da
Editora Desassossego (chancela do grupo Saída de Emergência, 2017), percorre-se
a Rússia, China, EUA, América Latina, Médio Oriente, África, Índia e Paquistão,
Europa, Japão e Coreias com o autor a recorrer a mapas, ensaios, e à sua longa
experiência de viagens.
Tim Marshall indica como referência e inspiração para este seu trabalho
as conclusões do geógrafo norte-americano Jared Diamond no seu livro
"Guns, Germs and Steel", onde se revelam as tentativas de alterações
de fronteiras em diversas regiões do mundo -- caso do Sudão, ou da região do
Sahel -- onde os recursos naturais, como rios navegáveis, escasseiam, e que
"tentam agora o seu sucesso".
"Em certo sentido, parte dos problemas do Sudão e do Darfur
relacionaram-se com a desertificação do norte, que empurrou os povos dessas
regiões para sul e entraram nos seus territórios, motivando um novo
conflito", disse. E acrescentou quando o livro saiu a público: "Se pretendermos aprender alguma coisa,
temos de olhar para a história de um país, para os seus líderes políticos, as
suas personalidades e ideias. Mas o que também deve ser sempre observado é a
geografia".
Sem comentários:
Enviar um comentário