quinta-feira, 29 de março de 2018

Prisioneiros da Geografia


"Prisioneiros da Geografia" é um livro de Tim Marshall, especialista britânico em relações internacionais. Percorrendo grandes temas internacionais, considera que só a partilha equitativa dos recursos à escala global permitirá evitar novos conflitos em diversas regiões do mundo. Este antigo colaborador da BBC, com uma vasta experiência de reportagem em áreas de conflito, dos Balcãs ao Afeganistão e Médio Oriente, assinala a necessidade de encontrar um sistema social e global que permita essa partilha, sublinhando, contudo, que já ocorreram progressos na redistribuição da riqueza ou nos cuidados de saúde à escala global, o que facilita esse sistema global. Afirma, no entanto, que nos últimos anos, o ocidente parece não estar a partilhar como anteriormente, nem mesmo consigo próprio. Isso implica uma crise de confiança no nosso sistema, porque fomos muito longe em direção a um sistema de capitalismo de rapina, agressivo. Por essa razão temos de recuar.
As reportagens jornalísticas que efetuou em variadas regiões do mundo alertaram-no para a importância da geografia, e indica um exemplo prático, a Rússia.
Nos dez capítulos do livro "Prisioneiros da Geografia", da Editora Desassossego (chancela do grupo Saída de Emergência, 2017), percorre-se a Rússia, China, EUA, América Latina, Médio Oriente, África, Índia e Paquistão, Europa, Japão e Coreias com o autor a recorrer a mapas, ensaios, e à sua longa experiência de viagens.
Tim Marshall indica como referência e inspiração para este seu trabalho as conclusões do geógrafo norte-americano Jared Diamond no seu livro "Guns, Germs and Steel", onde se revelam as tentativas de alterações de fronteiras em diversas regiões do mundo -- caso do Sudão, ou da região do Sahel -- onde os recursos naturais, como rios navegáveis, escasseiam, e que "tentam agora o seu sucesso".
"Em certo sentido, parte dos problemas do Sudão e do Darfur relacionaram-se com a desertificação do norte, que empurrou os povos dessas regiões para sul e entraram nos seus territórios, motivando um novo conflito", disse. E acrescentou quando o livro saiu a público:"Se pretendermos aprender alguma coisa, temos de olhar para a história de um país, para os seus líderes políticos, as suas personalidades e ideias. Mas o que também deve ser sempre observado é a geografia".

Sem comentários:

Enviar um comentário

“Nexus: Uma breve história das redes de informação, da Idade da Pedra à artificial“

  “ Nexus :  Uma breve história das redes de informação, da Idade da Pedra à artificial “, aborda como o fluxo de informações moldou a histó...