sábado, 17 de março de 2018

Convidada: INÊS LOPES - Delito de opinião

por Pedro Correia

Em defesa das livrarias de rua

Nas últimas semanas têm-se multiplicado as notícias sobre o fecho de livrarias independentes, como a Pó dos Livros, em Lisboa, a livraria Leitura, no Porto e a Miguel de Carvalho, na cidade de Coimbra. Se não é segredo para ninguém que estas livrarias não têm como competir com grandes livrarias como a fnac e a Bertrand, também é certo que nos últimos anos têm ganhado ainda mais concorrência, com a venda de livros em hipermercados, as vendas online em sites como a wook e até os livros em segunda mão à venda no olx e na bibliofeira. Também é difícil não associar a estas livrarias o caso da Lello que, apesar de ser uma das livrarias mais visitadas do país, optou por criar uma taxa de entrada para continuar de porta aberta.
Para quem gosta destas livrarias, há uma cultura que se está a perder e que vai muito além dos livros. Quando vivia em Benfica, descia todos os dias a Avenida do Uruguai e espreitava a montra da livraria Ulmeiro (que fechou no final do ano passado). Quando ia à baixa passava invariavelmente na livraria Aillaud e Lellos na rua do Carmo (que fechou em Janeiro). E quantas vezes lá comprei livros? Muito poucas, para ser sincera. Porque é mais barato aproveitar as promoções dos grandes espaços e mais cómodo comprar os livros online.
O que me leva a crer que ter pena que estas livrarias fechem não chega, escrever este texto também não chega. Se queremos continuar a ter espaços que se dedicam exclusivamente aos livros e que permanecem inalterados com o passar dos anos, onde encontramos livros que já não estão à venda, onde podemos pedir opiniões sinceras, ou simplesmente percorrer as estantes, entre o cheiro de livros novos e velhos, organizados de forma independente, e não a favor das tabelas de venda, então temos de fazer um esforço para entrar mais vezes nas livrarias de rua e sair de lá com um livro na mão.

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