Jorge Lage |
Para
registar a memória castanhícola do «País das Castanhas», o Portugal rural e
serrano ou de montanha, palmilhei, a seco e sem jeira, em trabalho de louco,
deixando um pouco de mim com a gente boa e simples que fui contactando e trago
comigo um pouco da sua memória e da herança cultural transmitida de geração em
geração ao longo dos séculos. Muitos concidadãos lamentam-se de não haver
reconhecimento de entidades públicas e prestigiados amigos estrangeiros
lamentam o mesmo facto. Porém, eu apenas faço o que a minha consciência me
obriga e com isso consigo sossegar o meu desassossego interior. Invejas,
indiferenças ou ostracismo a que a minha obra castanícola tem sido votada por
alguns só me dão mais força para continuar. E de vez em quando lá vêm as
palavras atentas deste ou daquele amigo, desta ou daquela instituição e isso,
para mim, bonda. Os meus pais, entre muitos, doutos e ricos saberes,
ensinaram-me a viver com pouco. Sou feliz com um tradicional carolo de pão e um
copo de água duma frieira ou outra fonte. Mas, há pouco, o Jorge Pereira,
ajudante da bibliotecária de Arganil telefona-me a dar-me conta de umas quadras
populares sobre a castanha que me enviara, com a promessa de procurar mais.
Depois, dizia-me «que as leituras de
memórias para o mês de Novembro são do (meu) livro “Castanea uma dádiva dos
deuses”». Senti-me agradecido e feliz porque ser lido em todo o concelho
serrano de Arganil é um privilégio e o melhor agradecimento que posso ter como
trabalhador da escrita. Depois, olhei em meu redor e apercebi-me que nunca
pisei uma escola de educação formal da minha terra ou trasmontana, nem para
bater palmas, quanto mais para falar da minha experiência pessoal! Fui uma vez,
por generosidade amiga, à extinta Escola Profissional de Hotelaria de Mirandela
e foi um dia inesquecível, por ver trabalhar as receitas do meu livro. Agora
tive a grande recompensa em Arganil, como já tivera o meu primeiro livro ao ser
de consulta obrigatória na Escola Superior de Hotelaria de Cascais e outras
superiores. Depois, passados uma meia dúzia de anos, consegui despertar
interesse à universidade e politécnico pelo tema. Muito ainda há a fazer. O meu
obrigado à Biblioteca Municipal de Arganil e ao seu dinâmico corpo técnico que,
em vez de ficarem à espera de leitores, vão ao seu encontro pelo concelho
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