terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Faz hoje 832 anos que morreu o Pai da Pátria Portuguesa


BARROSO da FONTE
Foi em 6 de Dezembro de 1185 que morreu o Fundador de Portugal. Na FNAC de Guimarães, será apresentado às 18,30 h o livro sobre a Saga da Santidade de D. Afonso Henriques que pretende invocar essa data e esclarecer a comunidade científica de que, em Julho de 1728, foi defendida e editada, em Roma, uma tese doutoral onde se demonstra que o nosso primeiro Rei,foi «Pio, Beato e Santo». Essa tese foi investigada pelo Teólogo Vimaranense e Cavaleiro da Ordem de Cristo José Pinto Pereira que foi destacado durante 29 anos pela Cúria Romana.
Com base nas muitas lendas e indícios de santidade, entre o nascimento, em 25 de Julho, em Guimarães e a sua morte em Coimbra, em 6 de Dezembro de 1185, o nosso primeiro monarca, sob o signo da predestinação, tudo fez para autonomizar o novo Reino,  tudo tendo feito, em ordem ao bem-estar do povo e à expansão da religião católica.
 Foram dez os argumentos em que esse Teólogo se apoiou para concluir que Afonso Henriques não teve vida fácil, mas sempre agiu em conformidade com os princípios da sã convivência humana e divina.
Desde a Batalha de Ourique, em 25 de Julho de 1139 , em que venceu os cinco reis Mouros, até ao encontro, do seu Corpo, incorrupto, na Igreja de Coimbra, onde jaz, foram dois dos indícios de Santidade analisados.
A essa tese chamou o Teólogo José Pinto Pereira Lusitano:«Aparato Histórico». Foi escrito em Latim, o que terá contribuído para se manter inacessível à comunidade científica, quer nacional quer estrangeira.  Durante 283 anos, embora publicada, em Roma, na Tipografia Rochi Berrnabò, em MDCCXXVIII (1728), a obra foi engavetada.
O autor esclarece que referiu «estes favores extraordinários, não só em vida, como depois da morte, referidos neste Aparato na mesma língua em que foram escritos, para que nem um só jota ou ápice faltasse na Versão; esta será talvez dada depois em idioma Latino em favor dos Estrangeiros para os quais o nosso e o Espanhol ou não são suficientemente conhecidos ou absolutamente estranhos».
 José Pinto Pereira explica por estas palavras as razões de escrever o livro em Latim, a pensar nos estrangeiros visto que por essa altura nem a Língua espanhola nem a portuguesa, tinham a importância que têm hoje.
Fosse como fosse, já passaram 832 anos desde a morte do Rei Fundador de Portugal. E já passaram 878 desde que lhe apareceu, na véspera da Batalha de Ourique, a hierofania da visão divina a garantir-lhe que iria vencer os cinco reis mouros, o que se concretizou. Desde essa altura brotaram os primeiros perfumes da santidade que até hoje se adensaram na opinião pública.
 José Pinto Pereira confrontou-se com essa dúvida que chegou até nós. Mas ele por ser Teólogo, por ser cavaleiro da Ordem de Cristo e, nessas circunstâncias privilegiadas, conhecer as regras, os métodos e as  formas de agir, investigou até à exaustão, as lendas, os mitos e as tradições, para que, separando às águas, pudesse chegar a conclusões.
Só motivações de força maior poderiam interromper aquilo que era fácil: iniciar o processo de beatificação, a exemplo de outros casos, como foi, entre nós, o do beato D. Nuno de Santa Maria.

 Razões políticas nascidas pela guerra da Restauração
 
88 anos antes desta tese favorável à beatificação de D. Afonso Henriques, tinha-se travado a guerra da Restauração. Ainda não tinham sarado as feridas entre Portugueses e Espanhóis. D. João V ainda não estava em condições de falar de igual para igual com Filipe IV. E para que o Papa Bento XIII pudesse dar seguimento ao processo de beatificação de D. Afonso Henriques, era necessário que a Santa Sé que liderava os destinos dos Povos, gozasse do clima favorável ao entendimento. Nessa altura o Vaticano funcionava como funciona hoje a União Europeia. Os países eram representados através das nunciaturas, normalmente, chefiadas por um cardeal.
Tratando-se de homens,mesmo no interior da Igreja Católica, algumas vezes houve divergências com sangue e pancadaria. Por essa altura os cargos hierárquicos eram preenchidos por interesse político. E nem sempre eram defendidos os valores essenciais. Foi o caso.
Vicente Bichi quando liderara a nunciatura Suíça (1703), como Monsenhor, foi acusado, por vários dos seus pares de vender as indulgências, bulas e atos afins, o que constituía graves afrontas, aos católicos. O Papa transferiu-o em 1709, para Lisboa, onde continuou a praticar os vícios de que fora acusado. Inicialmente o Rei D. João V foi um dos contestatários. Mas quando quis ter em Lisboa uma nunciatura  forte e influente, mudou de ideias, por saber que Bichi tinha esses defeitos. Mas, por outro lado, era o Cardeal  capaz de transformar a nunciatura de Lisboa, numa frente de relevância para impor D. João V, ao nível dos melhores reis da Europa. Em 1719 D. João V não permitiu que Bichi deixasse Lisboa, enquanto a Santa Sé não promovesse Bichi ao Cardinalato que o rei lhe prometera.
Em 1720 o Papa Clemente XI chamou Bichi a Roma e nomeou para o seu lugar, em Lisboa, Giuseppe Firrao. D. João V não gostou da troca e assim se mantiveram as relações. Nem Bichi saiu, nem Firrao entrou. No ano seguinte morreu o Papa que não chegou a ver cumprida a sua ordem. Com a nomeação de Inocêncio XIII para Papa, que fora Núncio em Lisboa, entre 1697 e 1710, limitou-se a confirmar Firrao como Núncio, mas D. João V continuou a rejeitar a substituição de Bichi por aquele. Em 1724 morre o Papa Inocêncio XIII, dando lugar a Bento XIII, que tinha ascendência real portuguesa por descender de El- Rei D. Dinis.
 A situação transformou-se num caso diplomático que enfureceu o Rei português, a ponto de cortar as relações coma Santa Sé. Fechou a nunciatura de Lisboa, ordenou o regresso de todos os súbditos, eclesiásticos e leigos e foi total o corte de relações com o Vaticano. Bento XIII pediu a mediação de Filipe V de Espanha. Mas D. João V não se sujeitou a essa humilhação. Ele que durante o seu longo reinado, entre 1706 e 1750, mandou para o Vaticano somas fabulosas de que Portugal tanto precisava, fez com que esse corte de relações, coincidindo com o aparecimento do Aparato Histórico, nem Bento XIII, nem os seus sucessores dessem seguimento ao processo que em1728 estava organizado para a beatificação de D. Afonso Henriques.
  A causa direta foi a fação do Cardeal Polignac que era embaixador de França, em Roma, entre 1724 e 1732 e sempre fora contrário às ideias e práticas de Vicente Bichi. Dois cardeais às avessas que estiveram na origem da interrupção do processo que só em 2011 levou à descoberta do Aparato Histórico sobre a Santidade de D. Afonso Henriques.
  Nestes quase 300 anos do silenciamento desta tese, impressa e prontinha a circular, nomeadamente pelas universidades Portuguesas, continuou a especular-se muito, com palpites e teorias sem pés nem cabeça. Travámos essas atoardas, contra ventos e marés, desde1990.
 Um punhado de Vimaranenses não alinhou com essas tentativas de mercantilizar a história, ou de fabricar heróis de cera, na presunção de que pegariam de estaca, desde que se arranjassem apoios científicos. Houve tentativas falhadas, ipso facto.
O Aparato Histórico vem responder a essas e outras questões, sem encargos públicos, sem congressos ou seminários, sem enciclopédias ou manuais profusamente publicitados. Os chamados historiadores biscateiros são cidadãos comuns.
  Fica o repto para que se constitua uma Comissão especializada que retome o processo interrompido em 1728. 
Este desafio deve-se à Fundação Lusíada e à Ordem de Ourique cujo Fundador e Presidente  - Doutor Abel de Lacerda Botelho, - aqui se deslocou, ainda a refazer-se de uma melindrosa operação Cirúrgica.

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