Roger Waters é um músico
rancoroso e atrabiliário cuja profissão é zangar-se com o mundo inteiro.
Ultimamente tem feito tudo o que pode para impedir outros músicos de fazer
concertos em Israel.
Por muitos sermões mal
informados que ele pregue, o efeito tem sido o contrário. Nick Cave, por
exemplo, fez questão de explicar que Waters e companhia têm convencido muita
gente a fazer exactamente o contrário do que querem.
Também Thom Yorke dos
Radiohead tem tentado explicar a Waters que cada um tem cabeça para pensar e é
para isso que servem as cabeças: para pensar por elas próprias e não para
gritar ordens que visam o obedecimento das pobres multidões insensatas.
Em 1983, Bob Dylan gravou
a melhor canção de sempre sobre Israel e a política externa: Neighborhood bully. A letra é
magnificamente sarcástica e cada vez se aplica melhor ao país minúsculo que é
tão divertido perseguir, não só por ser pequeno e ter poucos amigos, mas porque
as consequências de persegui-lo são inexistentes. Já as verdadeiras ditaduras
são muito mais chatas para quem as denuncia, até porque também têm jeito para a
perseguição, o que faz um certo medo, não é verdade?
Quem continua a não ter
medo é Morrissey, cujo mais recente álbum, Low In High School, está cheio de
celebrações da preguiça, do amor e da teatralidade. A canção Israel é bonita,
corajosa e comovente, tirando partido da musicalidade bíblica da palavra.
Ele já está a levar no
coco por causa disso. Não faz mal. Já está habituado, como Israel também.
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