ORLANDO ALVES - Presidente da Câmara Municipal de Montalegre |
BARROSO da FONTE |
Nos últimos meses as televisões e a imprensa
diária ocuparam tempos de antena para zurzirem em Tony Carreira, um emigrante
Português que cedo emigrou, como tantos e que se fez à vida, singrando a pulso.
Tornou-se cantor afamado e a sua cantoria arrebata multidões, seja nos palcos
da fama em Paris, seja em Montalegre, onde já repetiu a façanha. Ainda neste
verão a própria Câmara deu guarida a esse músico.
Quando se profissionalizou na música, ignorava
que era preciso pagar direitos aos autores das músicas e das letras. Há uns dez
anos atrás, um seu antigo editor queixou-se e Tony Carreira não mais se livrou
dessa inexperiência. O caso foi longe e T.C. tentou pagar esses direitos
passados e presentes. Chegou a falar-se em verbas da ordem de 45 mil euros.
Entendeu-se, a bem, com 3 dos autores que plagiou e o mesmo estaria disposto a
fazer com mais oito que ainda não se queixaram.
Neste verão voltou a polémica e mais grave nos
seus efeitos. À data em que escrevo esta nota ainda não se conhecem os «finalmente».
Mas a coisa está preta pela delicadeza do crime
de plágio. A lei portuguesa prevê a moldura penal de 3 anos de cadeia, para
este tipo de casos. Em Abril deste ano a Câmara de Montalegre associou-se a uma
homenagem a António Rito, em Vilar de Perdizes. O Gabinete de Imprensa deu a
notícia, ilustrada, nestes precisos termos: «A
Associação de Defesa do Património de Vilar de Perdizes - com o apoio da União
das Freguesias de Vilar de Perdizes e Meixide e município de Montalegre -
prestou homenagem a um "filho da terra". A memória de António Rito
foi lembrada com um conjunto de ações, entre elas, a inauguração de um espaço
cultural com o nome do homenageado».
A mostra de fotos e de 30 minutos do filme
exibido são da autoria de um cineasta e fotografo francês. Dias depois o Autor
foi ao local do crime e reparou que não houve autorização, nem legendagem,
nada. Irritado, escreveu uma carta ao Presidente da Câmara a ameaçar a
organização de que iria agir judicialmente. Orlando Alves confirmou que
estivera presente, como convidado e «com
muito gosto».
A responsabilidade remeteu-a para Deolinda
Silva, Presidente da Direção que se encontrava de baixa médica e que, por tal
facto, estava a ser substituída pela vice-presidente.
Em Abril
de 2017 já Orlando Alves, andava em campanha aberta para a reeleição em 1 de
Outubro. Obcecado pela tentação de mais quatro anos de poder, buscava palmas e
ovações, viessem elas de onde viessem. Tudo o que rendesse votos era com ele.
Quanto revertesse contra ele, sacudia a água do capote.
Philippe Costantini, artista Francês que desde
há anos rondava por ali, em matéria de recolha de quanto tivesse a ver com a
cultura popular, revisitou a freguesia alguns dias depois. Soube desse
programa, anda visitou as fotos na Casa do Povo e também os 30 minutos do filme
de longa metragem que ali fora rodado. Perante a gravidade dos factos, o autor
Francês escreveu uma carta ao «Caro
Orlando», dizendo-lhe: «Confesso ter
ficado extremamente surpreso e até chocado por não ter sido avisado da
utilização do meu trabalho e pela ausência absoluta de qualquer referência à
origem e à autoria dessas fotos e dos 30 minutos do filme. Vindo (o uso e
abuso) de uma entidade oficial como a Câmara de Montalegre parece-me um facto
ainda mais grave e inaceitável. O filme é uma produção francesa e, na França
não se brinca com direitos de imagens e direitos autorais. Portanto devo
informá-lo que terei que tomar providências perante essa utilização fraudulenta
e desrespeitosa do meu trabalho».
Orlando Alves, enquanto responsável máximo do
concelho e também com o pelouro da Cultura, limitou-se a dizer-lhe pela mesma
via: «Quero dizer que concordo com tudo
quanto refere, em jeito de lamento, pela utilização indevida das suas obras e
do seu trabalho...Quero informá-lo que a homenagem ao Sr. António Rito foi
promovida e organizada pela Associação de Defesa do Património de Vilar de
Perdizes. Eu estive presente na qualidade de convidado, o que fiz com muito
gosto. Na esperança de haver contribuído para um cabal esclarecimento da
situação, sou, respeitosamente Orlando».
****
Ora esta resposta, nua e crua, exigia que Orlando
Alves, deitasse água na fervura e assumisse, como edil de todos os Barrosões, o
erro que, talvez involuntariamente, foi cometido, fosse lá por quem fosse. Era
Vilar de Perdizes que estava em xeque, eram as pessoas de Barroso e eram as
instituições públicas e privadas da Região.
Competia ao líder dessa Região, abeirar-se do autor lesado,
eventualmente pedir desculpas e tentar por todas as formas, uma reconciliação
solidária. Talvez o autor Francês reflectisse e aceitasse um pedido de
desculpas.
A política não pode viver de irritações e de
vaidades. Exige tolerância, diálogo e cedência. Um presidente de Câmara deve
ser, antes de mais, um diplomata e nunca um franco-atirador. Tem muito poder
pelo facto de ser eleito pela maioria. Mas essa maioria não foi dada para usar
a força contra a razão, contra a prudência e contra a tentativa de diálogo.
Orlando Alves não cuidou de saber (tendo
obrigação de fazê-lo) quem deu instruções para preparar o programa, com que
meios e quem assegurava a sua execução.
Por isso se esbarrou contra o seu próprio ódio
ao pretender implicar a Presidente da Associação de Defesa do Património.
Enganou-se. Ela encontrava-se com baixa médica, deu conhecimento disso à
Direção e foi a vice-presidente que nesse período a substituiu. Mais: a Câmara,
certamente com autorização do Presidente, foi incumbida de montar a exposição
de fotografias e de selecionar os 30 minutos de filme que foi passado, material
esse que foi o móbil da zanga por parte do autor. Mais grave ainda: o técnico
que procedeu a essa tarefa é funcionário da Câmara, só ele estava em condições
de assegurar a boa execução; e, por feliz coincidência, é casado com a
Vice-Presidente em exercício da Instituição cultural contra a qual Orlando
Alves tentou espargir o ódio, já que não pode vingar-se no autor da notícia.
Isto
acontece neste mês de setembro em curso, na semana em que o político em causa
andou por aí a espalhar aos quatro ventos que é diplomata, tolerante, virtuoso,
verdadeiro, ao lado de um candidato «senil,
reles, aldrabão, mal-criado, agressivo e por isso indigno de ser eleito».
Quem ouviu o debate na Rádio Montalegre na noite da última terça-feira, só
poderá ter concluído, a pensar no provérbio: «chama-lho, antes que to chamem».
Escrito em 28 /9/2017. Barroso da Fonte
Nota: Fotografias retiradas de sites da internet, inclusive de sites da Câmara Municipal de Montalegre.
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