quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Presidente da Câmara de Montalegre pior que Tony Carreira

ORLANDO ALVES - Presidente da Câmara  Municipal de Montalegre

BARROSO da FONTE
Nos últimos meses as televisões e a imprensa diária ocuparam tempos de antena para zurzirem em Tony Carreira, um emigrante Português que cedo emigrou, como tantos e que se fez à vida, singrando a pulso. Tornou-se cantor afamado e a sua cantoria arrebata multidões, seja nos palcos da fama em Paris, seja em Montalegre, onde já repetiu a façanha. Ainda neste verão a própria Câmara deu guarida a esse músico.
Quando se profissionalizou na música, ignorava que era preciso pagar direitos aos autores das músicas e das letras. Há uns dez anos atrás, um seu antigo editor queixou-se e Tony Carreira não mais se livrou dessa inexperiência. O caso foi longe e T.C. tentou pagar esses direitos passados e presentes. Chegou a falar-se em verbas da ordem de 45 mil euros. Entendeu-se, a bem, com 3 dos autores que plagiou e o mesmo estaria disposto a fazer com mais oito que ainda não se queixaram.
Neste verão voltou a polémica e mais grave nos seus efeitos. À data em que escrevo esta nota ainda não se conhecem os «finalmente».
Mas a coisa está preta pela delicadeza do crime de plágio. A lei portuguesa prevê a moldura penal de 3 anos de cadeia, para este tipo de casos. Em Abril deste ano a Câmara de Montalegre associou-se a uma homenagem a António Rito, em Vilar de Perdizes. O Gabinete de Imprensa deu a notícia, ilustrada, nestes precisos termos: «A Associação de Defesa do Património de Vilar de Perdizes - com o apoio da União das Freguesias de Vilar de Perdizes e Meixide e município de Montalegre - prestou homenagem a um "filho da terra". A memória de António Rito foi lembrada com um conjunto de ações, entre elas, a inauguração de um espaço cultural com o nome do homenageado»
A mostra de fotos e de 30 minutos do filme exibido são da autoria de um cineasta e fotografo francês. Dias depois o Autor foi ao local do crime e reparou que não houve autorização, nem legendagem, nada. Irritado, escreveu uma carta ao Presidente da Câmara a ameaçar a organização de que iria agir judicialmente. Orlando Alves confirmou que estivera presente, como convidado e «com muito gosto».
A responsabilidade remeteu-a para Deolinda Silva, Presidente da Direção que se encontrava de baixa médica e que, por tal facto, estava a ser substituída pela vice-presidente.
 Em Abril de 2017 já Orlando Alves, andava em campanha aberta para a reeleição em 1 de Outubro. Obcecado pela tentação de mais quatro anos de poder, buscava palmas e ovações, viessem elas de onde viessem. Tudo o que rendesse votos era com ele. Quanto revertesse contra ele, sacudia a água do capote. 
Philippe Costantini, artista Francês que desde há anos rondava por ali, em matéria de recolha de quanto tivesse a ver com a cultura popular, revisitou a freguesia alguns dias depois. Soube desse programa, anda visitou as fotos na Casa do Povo e também os 30 minutos do filme de longa metragem que ali fora rodado. Perante a gravidade dos factos, o autor Francês escreveu uma carta ao «Caro Orlando», dizendo-lhe: «Confesso ter ficado extremamente surpreso e até chocado por não ter sido avisado da utilização do meu trabalho e pela ausência absoluta de qualquer referência à origem e à autoria dessas fotos e dos 30 minutos do filme. Vindo (o uso e abuso) de uma entidade oficial como a Câmara de Montalegre parece-me um facto ainda mais grave e inaceitável. O filme é uma produção francesa e, na França não se brinca com direitos de imagens e direitos autorais. Portanto devo informá-lo que terei que tomar providências perante essa utilização fraudulenta e desrespeitosa do meu trabalho».
Orlando Alves, enquanto responsável máximo do concelho e também com o pelouro da Cultura, limitou-se a dizer-lhe pela mesma via: «Quero dizer que concordo com tudo quanto refere, em jeito de lamento, pela utilização indevida das suas obras e do seu trabalho...Quero informá-lo que a homenagem ao Sr. António Rito foi promovida e organizada pela Associação de Defesa do Património de Vilar de Perdizes. Eu estive presente na qualidade de convidado, o que fiz com muito gosto. Na esperança de haver contribuído para um cabal esclarecimento da situação, sou, respeitosamente Orlando».

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Ora esta resposta, nua e crua, exigia que Orlando Alves, deitasse água na fervura e assumisse, como edil de todos os Barrosões, o erro que, talvez involuntariamente, foi cometido, fosse lá por quem fosse. Era Vilar de Perdizes que estava em xeque, eram as pessoas de Barroso e eram as instituições públicas e privadas da Região.  Competia ao líder dessa Região, abeirar-se do autor lesado, eventualmente pedir desculpas e tentar por todas as formas, uma reconciliação solidária. Talvez o autor Francês reflectisse e aceitasse um pedido de desculpas.
A política não pode viver de irritações e de vaidades. Exige tolerância, diálogo e cedência. Um presidente de Câmara deve ser, antes de mais, um diplomata e nunca um franco-atirador. Tem muito poder pelo facto de ser eleito pela maioria. Mas essa maioria não foi dada para usar a força contra a razão, contra a prudência e contra a tentativa de diálogo.
Orlando Alves não cuidou de saber (tendo obrigação de fazê-lo) quem deu instruções para preparar o programa, com que meios e quem assegurava a sua execução.
Por isso se esbarrou contra o seu próprio ódio ao pretender implicar a Presidente da Associação de Defesa do Património. Enganou-se. Ela encontrava-se com baixa médica, deu conhecimento disso à Direção e foi a vice-presidente que nesse período a substituiu. Mais: a Câmara, certamente com autorização do Presidente, foi incumbida de montar a exposição de fotografias e de selecionar os 30 minutos de filme que foi passado, material esse que foi o móbil da zanga por parte do autor. Mais grave ainda: o técnico que procedeu a essa tarefa é funcionário da Câmara, só ele estava em condições de assegurar a boa execução; e, por feliz coincidência, é casado com a Vice-Presidente em exercício da Instituição cultural contra a qual Orlando Alves tentou espargir o ódio, já que não pode vingar-se no autor da notícia.
 Isto acontece neste mês de setembro em curso, na semana em que o político em causa andou por aí a espalhar aos quatro ventos que é diplomata, tolerante, virtuoso, verdadeiro, ao lado de um candidato «senil, reles, aldrabão, mal-criado, agressivo e por isso indigno de ser eleito». Quem ouviu o debate na Rádio Montalegre na noite da última terça-feira, só poderá ter concluído, a pensar no provérbio: «chama-lho, antes que to chamem».

Escrito em 28 /9/2017. Barroso da Fonte

Nota: Fotografias retiradas de sites da internet, inclusive de sites da Câmara Municipal de Montalegre.

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