Da autoria do nosso camarada
da "velha-guarda" Coronel Soares Barbosa
A PROPÓSITO DO ROUBO DE
MATERIAL DOS PAIÓIS DE TANCOS
Hoje um amigo meu, professor
universitário de Filosofia, ex-fuzileiro voluntário, depois de nos
cumprimentarmos, a primeira pergunta que me fez foi: “Oh senhor Coronel, com
este assalto não sente vergonha de ser militar ?!...”
Como nunca sei quando está a
brincar ou sério, tal a sua arte de malabarismo das palavras (ou não fosse
filósofo) e, como eu estava com pressa, apenas tive tempo de lhe responder que
não tenho vergonha de ser militar, tenho vergonha, isso sim, das atitudes
irresponsáveis das várias entidades que têm a obrigação de gerir este país.
Depois de chegar a casa,
resolvi, mais serenamente, tecer algumas considerações:
- Tenho vergonha de os políticos
tudo terem feito para reduzir a importância das Forças Armadas, quer
reduzindo-lhe drasticamente os meios, humanos, materiais e financeiros;
- Tenho vergonha das
nomeações para as Chefias Militares serem de escolha política, em detrimento de
quem tenha mais qualidades para os cargos, para ser mais fácil “passar-lhes a
mâo pelo pêlo”, agindo como cordeirinhos com receio de perderem o “taxo”;
- Tenho vergonha de que os
mesmos políticos que eliminaram o serviço militar obrigatório, cedendo ao
desejo das jotas, venham agora descobrir como aconselhável o serviço militar
obrigatório para ambos os sexos, nem que seja para fazer só a recruta
(ensinando-lhes, entre outras coisas, o combate a incêndios – belo serviço
cívico);
- Tenho vergonha de que
tenham sido abandonadas instalações militares, apenas com o intuito de poupar,
deixando-as ao abandono e “a cair de podre” (não esquecer que a sua manutenção
era feita por militares do SMO);
- Tenho vergonha de que os
políticos tenham contribuído para imagem negativa que a opinião pública tem das
Forças Armadas, vendo nelas um peso inútil, quando tal não é verdade. Os
políticos que lhe atribuam missões em favor da comunidade, dando-lhe os meios
necessários, e verão o que são as FA, quando bem enquadradas e consideradas.
Alguém, bom observador destas questões, dizia que só há duas entidades bem
organizadas e hierarquizadas em Portugal : As Forças Armadas e a Igreja
Católica.
- Tenho vergonha do
desmantelamento de especialidades militares que sempre foram consideradas de
grande utilidade em situações de crise. Dou exemplo de duas: - Sapadores
bombeiros da responsabilidade da Engenharia Militar; - Sapadores dos Caminhos
de Ferro ;
- Tenho vergonha de que os
políticos, cedendo aos grandes lóbies dos fogos e de outras negociatas, tenham
retirado à Força Aérea Portuguesa a concentração, controlo e manutenção dos
meios aéreos de combate a incêndios, socorro e apoio sanitário, etc.
- Tenho vergonha de que, em
nome do défice orçamental, os políticos tenham reduzido os efectivos militares
abaixo dos mínimos razoáveis e tenham tornado obrigatória a autorização
ministerial de despesas, ridicularizando a acção de comando, em situações
urgentes e inadiáveis. Dois exemplos:
*Relativamente
aos efectivos : Todos os anos se comemora o dia da unidade do Regimento de
Infantaria 13 (Vila Real) no dia 9 de Abril (Batalha de La Lys -1ªGM). Como não
recebesse o convite habitual para estar presente, informaram-me que o dia da
Unidade seria comemorado apenas quando regressasse o Batalhão que estava numa
missão internacional. No dia da festa da Unidade vim a saber a razão efectiva
do adiamento – falta de efectivos para que a cerimónia pública, no centro da
cidade de Vila Real, fosse realizada com um mínimo de dignidade !...
* Relativamente à autorização para
despesas inadiáveis : - Os Paióis Nacionais de Tancos : Apesar de se tratar de
uma zona altamente sensível, o sistema de videovigilância há muito estava
inoperacional, as vedações careciam de reparação e os efectivos para garantir a
segurança e vigilância não eram suficientes. Segundo li, a “Lei de Programação
Militar” previa a disponibilização de verbas em 2018 para ocorrer às deficiências
atrás apontadas. Segundo os regulamentos militares, “o Comandante é responsável
pelo que a Unidade faz ou deixa de fazer” !...Se esta regra fossa aplicada na
política, todos os dias havia “cabeças a rolar” em direcção ao Rio Tejo !...
- Tenho vergonha dos
políticos que se “orgulham” do défice mais baixo da democracia, alardeado em
grandes cartazes, à custa do essencial para o Pais e, claro, da População !...
- É disto e de muito mais de
que tenho vergonha !...
Apesar destas e de outras
vergonhas, CONTINUO A TER MUITO ORGULHO EM SER MILITAR !...
COMO A MAIORIA DOS POLÍTICOS
NÃO FEZ SERVIÇO MILITAR, NÃO TEM A NOÇÃO DO ORGULHO DE SER MILITAR !...
Com um abraço amigo
AB
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarConcordo plenamente principalmente com a parte final
ResponderEliminar