terça-feira, 4 de julho de 2017

mais "uma" prá Fogueira ...

     
Da autoria do nosso camarada da "velha-guarda" Coronel Soares Barbosa
A PROPÓSITO DO ROUBO DE MATERIAL DOS PAIÓIS DE TANCOS

Hoje um amigo meu, professor universitário de Filosofia, ex-fuzileiro voluntário, depois de nos cumprimentarmos, a primeira pergunta que me fez foi: “Oh senhor Coronel, com este assalto não sente vergonha de ser militar ?!...”
Como nunca sei quando está a brincar ou sério, tal a sua arte de malabarismo das palavras (ou não fosse filósofo) e, como eu estava com pressa, apenas tive tempo de lhe responder que não tenho vergonha de ser militar, tenho vergonha, isso sim, das atitudes irresponsáveis das várias entidades que têm a obrigação de gerir este país.
Depois de chegar a casa, resolvi, mais serenamente, tecer algumas considerações:
- Tenho vergonha de os políticos tudo terem feito para reduzir a importância das Forças Armadas, quer reduzindo-lhe drasticamente os meios, humanos, materiais e financeiros;
- Tenho vergonha das nomeações para as Chefias Militares serem de escolha política, em detrimento de quem tenha mais qualidades para os cargos, para ser mais fácil “passar-lhes a mâo pelo pêlo”, agindo como cordeirinhos com receio de perderem o “taxo”;
- Tenho vergonha de que os mesmos políticos que eliminaram o serviço militar obrigatório, cedendo ao desejo das jotas, venham agora descobrir como aconselhável o serviço militar obrigatório para ambos os sexos, nem que seja para fazer só a recruta (ensinando-lhes, entre outras coisas, o combate a incêndios – belo serviço cívico);
- Tenho vergonha de que tenham sido abandonadas instalações militares, apenas com o intuito de poupar, deixando-as ao abandono e “a cair de podre” (não esquecer que a sua manutenção era feita por militares do SMO);
- Tenho vergonha de que os políticos tenham contribuído para imagem negativa que a opinião pública tem das Forças Armadas, vendo nelas um peso inútil, quando tal não é verdade. Os políticos que lhe atribuam missões em favor da comunidade, dando-lhe os meios necessários, e verão o que são as FA, quando bem enquadradas e consideradas. Alguém, bom observador destas questões, dizia que só há duas entidades bem organizadas e hierarquizadas em Portugal : As Forças Armadas e a Igreja Católica.
- Tenho vergonha do desmantelamento de especialidades militares que sempre foram consideradas de grande utilidade em situações de crise. Dou exemplo de duas: - Sapadores bombeiros da responsabilidade da Engenharia Militar; - Sapadores dos Caminhos de Ferro ;
- Tenho vergonha de que os políticos, cedendo aos grandes lóbies dos fogos e de outras negociatas, tenham retirado à Força Aérea Portuguesa a concentração, controlo e manutenção dos meios aéreos de combate a incêndios, socorro e apoio sanitário, etc.
- Tenho vergonha de que, em nome do défice orçamental, os políticos tenham reduzido os efectivos militares abaixo dos mínimos razoáveis e tenham tornado obrigatória a autorização ministerial de despesas, ridicularizando a acção de comando, em situações urgentes e inadiáveis. Dois exemplos:                                                             *Relativamente aos efectivos : Todos os anos se comemora o dia da unidade do Regimento de Infantaria 13 (Vila Real) no dia 9 de Abril (Batalha de La Lys -1ªGM). Como não recebesse o convite habitual para estar presente, informaram-me que o dia da Unidade seria comemorado apenas quando regressasse o Batalhão que estava numa missão internacional. No dia da festa da Unidade vim a saber a razão efectiva do adiamento – falta de efectivos para que a cerimónia pública, no centro da cidade de Vila Real, fosse realizada com um mínimo de dignidade !...     
* Relativamente à autorização para despesas inadiáveis : - Os Paióis Nacionais de Tancos : Apesar de se tratar de uma zona altamente sensível, o sistema de videovigilância há muito estava inoperacional, as vedações careciam de reparação e os efectivos para garantir a segurança e vigilância não eram suficientes. Segundo li, a “Lei de Programação Militar” previa a disponibilização de verbas em 2018 para ocorrer às deficiências atrás apontadas. Segundo os regulamentos militares, “o Comandante é responsável pelo que a Unidade faz ou deixa de fazer” !...Se esta regra fossa aplicada na política, todos os dias havia “cabeças a rolar” em direcção ao Rio Tejo !...
- Tenho vergonha dos políticos que se “orgulham” do défice mais baixo da democracia, alardeado em grandes cartazes, à custa do essencial para o Pais e, claro, da População !...
- É disto e de muito mais de que tenho vergonha !...
Apesar destas e de outras vergonhas, CONTINUO A TER MUITO ORGULHO EM SER MILITAR !...
COMO A MAIORIA DOS POLÍTICOS NÃO FEZ SERVIÇO MILITAR, NÃO TEM A NOÇÃO DO ORGULHO DE SER MILITAR !...
Com um abraço amigo

AB

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