Este livro é certamente um dos livros mais importantes que se escreveram em Portugal depois do 25 de Abril de 1974. Publicado em 1987, logo na altura fez-se em torno dele um silêncio total. Ninguém comentou e os poucos que o terão lido não se pronunciaram publicamente. O livro, entretanto, levou sumiço: nem por encomenda se encontra nas livrarias, e a editora, Publicações Europa-América, faliu ou desapareceu há meia dúzia de anos, após uma lenta agonia desencadeada em 2004 pela morte do seu fundador e animador, Lyon de Castro.
Em suma: o livro,
misteriosamente, eclipsou-se quase logo que apareceu e muito pouca gente terá
dado por ele. Não é fácil explicar o que terá motivado este fenómeno bizarro.
António Barreto conduz a narrativa desde Abril de 1974 até Julho de 1976;
termina-a, portanto, antes de ser nomeado ministro da Agricultura e Pescas em 5
de Novembro de 1976, no I Governo Constitucional presidido por Mário Soares, e
também muito antes de elaborar a para sempre chamada "Lei Barreto",
aprovada pelo Parlamento na madrugada de 22 de Julho de 1977, da qual se
comemora este ano o quadragésimo aniversário.
O livro, que agora se
reedita, não é um relatório, não é um ensaio, não é uma justificação pessoal,
não é autobiográfico, não é de memórias – é um estudo muito sólido resultante
de um longo trabalho de investigação muito sério, que cumpre todas as regras do
cânone académico.
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