sexta-feira, 2 de junho de 2017

Exposições no "Lugar do Desenho" - Fundação júlio Resende - PORTO

C O N V I T E

O Conselho de Administração do LUGAR DO DESENHO | FUNDAÇÃO JÚLIO RESENDE convida V. Exª a assistir, no próximo dia 04 de Junho de 2017 (domingo), pelas 16h00, à abertura das exposições mencionadas.      
 
sala de exp. TEMPORÁRIAS  04 JUN  | 09 JUL 2017
 
3 exposições simultâneas do pintor, 'Lavoura' 4 de junho a 9 de Julho no Lugar do Desenho, 'Sonhar a Bíblia' 18 de maio a 10 de julho no MMIPO — Museu e Igreja da Misericórdia do Porto e 'Fogo no Paiol'  20 de maio a 17 de junho na Galeria Municipal de Matosinhos.


OS FRAGMENTOS QUE A LAVOURA DEIXA ATRÁS DE SI
Alberto Péssimo foi um dos leitores que acabou de descobrir o genial Raduan Nassar e leu Lavoura arcaica. Aquela linguagem delirante e trabalhada com o arado tinha de deixar marcas. Apesar de o texto ter sido publicado pela primeira vez em 1975, só agora, e por causa do prémio Camões, tomámos consciência desta joia da literatura lusófona. O texto é uma anunciação e, como tal, um rasto, mais do que um clarão, algo que não pode ser aprisionado nem compreendido inteiramente. Um pouco como a lavoura destes quadros.
Desde há tempos que procurávamos um título para a exposição, sem o encontrar. Há dias, cheguei ao atelier de Alberto Péssimo ao final da manhã. Uma manhã radiosa de primavera. Antes de dizer ‘bom-dia’, disse-me: ‘a exposição chama-se Lavoura’. Pensei para mim: ‘é isso, não podia chamar-se doutra maneira’.
A lavoura de Alberto Péssimo esventra o campo, esconde o que está à superfície e traz à luz a terra fumegante do interior. As aves descem, festivas. Os bois puxam o arado enquanto ruminam esforço e paciência. O arado puxa o lavrador através dos sulcos. O que ele quer mostrar é este momento da lavra, não da sementeira e, muito menos, da colheita. Nesta lavoura, um é o que lavra, outro o que semeia e outro o que colhe. Nenhuma das acções é simultânea e executada pelo mesmo sujeito.    
Nuno Higino, excerto do texto do catálogo
sala3 HISCOX 04 JUN  | 09 JUL 2017

    Num primeiro momento, verso reverso controverso é uma reunião de trabalhos que traduzem diferentes campos de atuação no contexto artístico contemporâneo, como a pintura, o desenho e a instalação que se define pela soma de vários meios digitais e físicos para a sua elaboração.   
    Verso representa toda a linguagem poética evidenciada através do uso da palavra na imagem, com referência temática ao universo da música. O som origina a eleição da palavra e a palavra, por sua vez, origina a cor e a composição da imagem. Trata-se de uma aproximação ao diálogo entre som, palavra e imagem. Os trabalhos definem o ponto de encontro destas três chaves de criação. O som gera o texto e o texto potencia a imaginação, como se a palavra neste caso, acionasse um pensamento visual. O tema assenta numa proposta de um jogo, de negociação íntima com o observador na interação entre palavra e imagem. A palavra torna-se imagem, produzindo um pictorialismo discursivo.   
    Reverso, por sua vez descreve os dois (ou múltiplos) lados ou visões interpretativas do uso de cada imagem, consoante a sua composição ou disposição no espaço. Quando olhamos para a transparência de algumas peças ou partes de desenhos, percecionamos a possibilidade de ver o que está para além da superfície, remetendo para a possibilidade de um conhecimento mais profundo do que se observa ou uma visão oposta à que se observa num primeiro momento. A prioridade é conferida à (re)significação do resultado visual alcançado através da duplicação da imagem/desenho, um diálogo permitido pela manipulação digital, integrante de uma nova atualidade.
    Controverso, condição essencial para se dialogar sobre arte, questionar, duvidar e discutir ideias. As obras visam a importância de um pensamento plástico sistemático na criação das formas, em intimidade com a racionalização teórica, contextualizando a intuição e descoberta de novos significados. Trata-se de colocar em campo a necessidade de criar uma lógica conceptual e percetiva, criando sistemas caracterizados por meticulosidade e regularidade, de forma a manipular a ordem de entendimento dos diferentes níveis de composição e apresentação, analisando de que forma eles se apresentam, dialogam ou interagem com a realidade criativa/plástica gerindo e articulando a manipulação digital e a produção mais tradicional.
    Trata-se de um conjunto de obras sempre em (re)construção, cujo destino é o de se (re)produzir indefinidamente num espaço de coordenadas mapeadas pelos estudos e desenhos repletos de possibilidades infinitas.    
Diana Costa 2017

 

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