António
Modesto Navarro nasceu em Vila Flor, em 3 de Fevereiro de
1942, um dos onze filhos que tiveram Manuel António Navarro e Idalina Augusta
Fernandes Navarro. Trabalhou na oficina de ferrador de seu pai desde os 10 anos
até aos 21. Cumpriu o serviço militar como fuzileiro naval (1963-1967), parte
dele em Moçambique, durante a guerra colonial. Regressado à Metrópole,
dedicou-se à publicidade em duas importantes agências de Lisboa. Em 1975
ingressa no quadro do Ministério da Cultura, de que foi técnico superior
principal, encontrando-se ligado de forma especial às áreas da animação, do
associativismo e da descentralização, bem como à definição de estratégias de
desenvolvimento cultural. Foi assessor da administração da Sociedade Lisboa
1994 – Capital Europeia da Cultura e do Pelouro da Educação da Câmara Municipal
de Lisboa. Desde muito jovem que, em consonância com a sua inclinação política
(militante do Partido Comunista Português desde 1971), se encontra ligado a
cooperativas e associações culturais, entre elas a Devir, a Associação
Portuguesa de Escritores (de que foi fundador), a Associação do Nordeste
Transmontano, a Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Lisboa, a Sociedade Voz
do Operário (de que é presentemente presidente da Direcção), etc. Participou em
incontáveis colóquios, seminários e encontros de diversa índole, e nomeadamente
no 3º Congresso da Oposição Democrática de 1973. Desenvolveu intensa actividade
política antes e depois do 25 de Abril. É membro da Assembleia Municipal de
Lisboa, órgão a que presidiu entre 2003 e 2005. Preside actualmente à Comissão
Permanente de Educação, Desporto e Juventude do mesmo órgão.
A sua actividade literária
inicia-se em 1968 com um livro de contos, Libelo acusatório, prefaciado por
José Saramago. Publicou até hoje 38 obras, na sua maior parte de ficção (21
romances e 7 livros de contos), 7 de levantamentos sociológicos e reportagens,
2 de poesia e uma recolha de textos de poetas populares alentejanos.
Muitas das suas obras têm por
pano de fundo o Nordeste Trasmontano, com a sua falta de perspectivas para os
jovens, as difíceis condições de sobrevivência, a prepotência dos ricos e
poderosos, as histórias da emigração. De notar que três dos seus romances
(Morte no Tejo, A morte dos anjos e A morte do artista) são de natureza
policial, assinados com o pseudónimo de Artur Cortez.
Ao seu romance “Condenada à morte”
foi atribuído em 1991 o Prémio Caminho de Literatura Policial. É autor de
histórias da série policial Crime à portuguesa, da RTP.
Eis a sua bibliografia principal:
Libelo acusatório – contos, 1968 (2.ª edição, 1999); História do soldado que
não foi condecorado – contos, 1972 (2.ª edição, 1981); Ir à terra – poemas,
1972; Emigração e crise no Nordeste Transmontano – ensaio e entrevistas, 1973 (2.ª
edição, especial, para a Direcção-Geral do Ensino Permanente do Ministério da
Educação, 1976); Barões de Fina Flor; Prisão e isolamento em Caxias – textos,
1974 (2.ª edição, 2004); Ir à guerra – romance, 1975; País de enquanto –
romance, 1975; Perspectivas da libertação no Nordeste Transmontano – textos e
entrevistas, 1976; Das árvores mortas à Reforma Agrária – reportagem, 1976;
Vida ou morte no Distrito de Viseu – textos e entrevistas, 1976; Retornar –
romance, 1976; O Norte cantar a Reforma Agrária – poemas, 1977; Memória
Alentejana I - Resistência e Reforma Agrária no Distrito de Évora – textos e
entrevistas, 1977; Memória Alentejana II - Resistência e Reforma Agrária no
Distrito de Portalegre – textos e entrevistas, 1978; Velha querida – romance,
1978; Fronteira de Abril – contos e textos, 1979; Contos Transmontanos, 1980
(2.ª edição, 1988; 3.ª edição, 1990); Poetas populares alentejanos – recolha,
organização e introdução, 1981 (2.ª edição, 1988); Regresso ausente – contos e
textos, 1982; Morte no Tejo – romance policial, 1982; A morte dos anjos –
romance policial, 1983; A morte do artista – romance policial, 1984; Morte no
Douro – romance, 1986 (2.ª edição, 1986); O pântano – romance, 1986; A morte do
Pai – romance, 1989; Condenada à morte – romance, 1991; Fina Flor – romance,
1993; Seis mulheres na madrugada – 1995 (2.ª edição, 2002); O emblema leonino –
romance, 1996; Histórias do Nordeste – contos, 1996 (2.ª e 3.ª edições, 1997);
Aeroporto de Macau – romance, 1999; O deputado – romance, 2002; A meio da ponte
– romance, 2003; Lá em cima na montanha – romance, 2003; A insubmissa –
romance, 2004; Morte em Vila Flor – romance, 2005; O coração da terra – contos,
2006.
Colaborou regularmente em
diversas revistas e jornais, como Seara Nova, Vértice, A Capital, O Diário e
Diário de Lisboa, e continua a colaborar em várias publicações. Está representado
em várias antologias.
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