Dias
Vieira, é um coronel da GNR que nasceu em Sezelhe, Montalegre, em 1944.
Frequentou o Seminário de Vila Real, de onde saiu quando completou o curso
Filosófico. Enveredou pela carreira militar na Guarda Republicana e frequentou
o curso para oficial Superior por escolha, reformando-se como coronel. Fixou
residência em Vila Real, onde continua a prestar serviço, como voluntário em
diversas instituições de caráter social. Desde novo teve propensão para a
escrita, colaborando em jornais e revistas, com relevo para o estudo de
biografias Barrosãs. É autor de diversos livros: O Cabaneiro (romance), o Vinho
do Porto na Cozinha (receitas), Guerra em Rima, Polymyxos, Barroso as Fonte - 60
anos de jornalismo de causas e casos e, neste último dia 9 de de Junho
apresentou, As ripadas do Padre Domingos Barroso».
O facto do livro ser apresentado no programa
oficial do 9 de Junho, dia em que se completaram 743 anos do foral de
Montalegre já foi uma justa escolha. Mas o livro vem demonstrar que num
concelho que em 1950 tinha cerca de 30 mil habitantes e tem hoje um terço de
pessoas, não devem endeusar-se uns e exorcizar-se outros. Montalegre é o
coração das Terras de Barroso. Só nos princípios do século XX se revelaram no
Barroso profundo alguns nomes, como os padres: Domingos Pereira, Joaquim
Álvares de Moura, José Liberal, Domingos Barroso, Artur Maria Afonso, Manuel
Baptista, João Manuel Gonçalves Anjo Montalvão Machado e poucos mais. Foi em 1934
que Ferreira de Castro, veio por aí acima e deu nas vistas como o Romance
«Terra Fria».
Surgiu
nos meados do século uma geração de ensaístas, sem que algum deles se tenha
imposto. Pelo meio chegaram mitos que em
nome da maçonaria, da arrogância e da revolução, irromperam como que um ovni do
quinto império.
Dias Vieira é dos primeiros da segunda geração
do século XX. Tem estado no silêncio das confusões.
Pela
facilidade no acesso à Voz de Trás-os-Montes, recolheu desse periódico de
referência, cenas do
melhor
que se escreveu nas Terra Fria. Já saíram três obras dessa pesquisa: «Guerra em
Rima», «60 anos de Jornalismo», «Ripadas
do Padre Domingos Barroso» e o mais que se verá.
Neste dia 9 de Junho último fez-se alguma
clarificação. «As Ripadas do Padre Domingos Barroso», autor do famoso livro
«Perdigueiro Português», vieram acalmar aqueles que ao longo de anos
catapultaram a vulgaridade para os céus histeria coletiva. Será preciso
conhecer o que esses esteios fizeram para julgar esses mitos que ocuparam todos
os tronos, possíveis e imaginários do
mesmo planeta.
Padre Domingos Barroso (1889-1972) e Eurico Basto Correa |
Orlando
Alves, autarca-mor dos barrosões esteve presente e aquilo que ali se viu e
ouviu, talvez faça acordar aquele povo para uma nova realidade, da qual
estivemos muito afastados algumas décadas. Esse autarca afirmou no
prefácio dessas ripadas. «Não sei se
haverá livros que possam ser catalogados como maus. Sei, isso sim que o
trabalho que o sempiterno dedicado à cultura popular barrosã Dias Vieira, agora
nos apresenta é uma daquelas produções livrescas que a um qualquer mortal daria
subida honra prefaciar e ao Município de Montalegre apraz patrocinar». Na
sessão solene desta solene apresentação Orlando Alves disse mais:
«É um livro que acrescenta valor à cultura
barrosã. É um daqueles livros que será um sacrilégio se houver algum barrosão,
residente ou não no nosso território, que não tenha a curiosidade de o ler. É
daqueles livros que fica bem na mesa de cabeceira de cada um de nós. Este livro
dá categoria e honra ao município de Montalegre. Está aqui um "caldo"
bem feito, comestível e saboroso. É um homem que não podia continuar na
penumbra da nossa história. Salta agora para a ribalta, pela mestria e pelo
engenho da compilação de textos a cargo de Dias Vieira».
Barroso
Magalhães, conterrâneo e professor do autarca explicou em termos claros. O
livro tem três partes. Na primeira, as "ripadas" zurzem sobre coisas
de Barroso. São 33 artigos, publicados entre 1948 e 1951. Na segunda parte, com
14 textos ao de leve, publicados em 1952, muda o título mas mantém o estilo e
os temas de crítica social e de ataque cerrado aos falsos amigos de Barroso,
sejam escritores ou autoridades. Manifesta-se preocupado com o marasmo das
populações e das famílias; a falta de apoios para o desenvolvimento regional, na
criação de gado e na conservação e aprimoramento da raça barrosã; na
agricultura, na floresta, na caça e pesca e na reduzida rede de comunicações.
Na terceira parte, não menos acutilante e cáustica, aparecem 32 poesias,
publicadas entre 1950 e 1952».
Um
livro que pela sua elevação, pelo seu estilo, pela pureza linguística e por
tudo, ofusca veleidades balofas.
Barroso da
Fonte
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