terça-feira, 26 de abril de 2016

Vozes de Chernobyl


O desastre de Chernobyl ocorreu em 26 de abril de 1986 na central eléctrica da Usina Nuclear de Chernobyl (então na República Socialista Soviética Ucraniana). Os efeitos dessa explosão que lançou partículas radioactivas para o mundo inteiro (ao contrário do que se diz), incidindo na Europa Ocidental, ainda estão por consolidar. E só quando a geração que assistiu ao desastre já não pertencer a este mundo é que os resultados aparecerão. Porque por muita tecnologia que o homo sapiens já domine, ainda não domina, em absoluto, a nuclear. Mikhail Gorbachev reconheceu-o à época num discurso ao povo Russo, embora o tentasse esconder inicialmente.
Pessoas deformadas, afectadas de cancro, ou simplesmente em grau elevado de morrer prematuramente, são aos milhares! Mas o dinheiro tem-se sobreposto à ética e à moral. Esperemos que esta raça saiba harmonizar as duas coisas, pois desse equilíbrio depende a sua sobrevivência.
Vozes de Chernobyl é a mais aclamada obra de Svetlana Alexievich, Prémio Nobel de Literatura 2015. Nele Svetlana dá voz a centenas de pessoas que viveram a tragédia -  cidadãos comuns, bombeiros e médicos, que sentiram na pele as violentas consequências do desastre.
Realizou mais de 500 entrevistas, apresentadas através de monólogos. O prefácio é de Paulo Moura e tradução de Galina Mitrakhovich.

Do livro:

“... A única coisa que me salvou foi que tudo aconteceu tão depressa, que não houve tempo para pensar, não houve tempo para chorar." pag. 31.

"Mesmo contaminada com radiação, ainda assim é a minha terra natal. Não há outro lugar onde nos queiram. Até um pássaro gosta do seu ninho..." pag. 71.

"Quem quer maçãs? Maçãs de Chernobyl?” Alguém aconselha: “Ó mulher, não digas que são de Chernobyl que ninguém tas compra.” “Não se preocupe! Então não compram! Há quem compre para a sogra, há quem compre para o chefe." pag. 78.

"Voltámos para casa. Tirei tudo, despi toda a roupa que usava lá e atirei-a para a conduta de lixo. Quanto ao barrete, dei-o ao meu filho pequeno. Ele pedira-mo muito. Andava de barrete sem nunca o tirar. Dois anos depois foi-lhe diagnosticado um tumor cerebral." pag. 104.

"A quantidade de mentiras com que Chernobyl está associado na nossa mente só é comparável com a que houve em 1941. Sob Estaline." pag. 211.

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