Por; Costa Pereira - Portugal, minha terra
Conheci o coronel Jorge Golias na Casa de
Trás-os-Montes, em Lisboa, creio que no lançamento de um livro de do seu
camarada Jorge Laje, voltei a vê-lo, mais tarde no Centro de Apoio Social das
Forças Armadas, em acto semelhante, agora de uma obra de António Chaves. Sem
com ele manter contacto, tenho no entanto as melhores referências a seu
respeito, que me vem de quem com ele viveu de perto, primeiro na Guiné, como
seu subordinado, e depois na vida civil. Refiro-me ao mestre António Carmo,
consagrado artista da paleta e pincel cujos seus trabalhos correm mundo. Como
da Academia de Letra de Trás-os-Montes também António Carmo, me desafiou para
no passado dia 14 estar no Palácio da Independência para assistir ao lançamento
de A Descolonização da Guiné-Bissau. Não fui porque me foi impossível. Mas tive
muita pena, tanto mais por saber que também este meu amigo, mereceu constar no texto deste
documento histórico saído de punho transmontano.
E
não é só o nome deste meu amigo que consta na obra, também um outro meu prezado amigo, e
conterrâneo ilustre, me foi agora dado saber, por TEMPO CAMINHADO, mereceu
honra semelhante como reza a noticia : "Para informação dos leitores do
blogue: Já contactei com o soldado-poeta Valdemar Rocha. Um poema dele consta
neste livro sobre a Descolonização da Guiné-Bissau. Assim como um conto de
Jales de Oliveira, também do Norte.
Parabéns ao editor do blogue, Dr. Armando
Palavras, pela excelência do mesmo.
Saudaçõe transmontanas.
Jorge Sales Golias".
Pois é. Lá figura o nome de Luís Jales de
Oliveira, pelos vistos com um conto. Poeta consagrado e prosador de fina
qualidade, fica bem para louvar e assinalar o evento coroa - lo com um poema
do Ginho.
Jales de Oliveira,
"Ginho"
(Gadamael Porto, Guiné,
1973)
Nos gritos silenciados
Pelos esgares multiplicados desta metralha horrenda,
Se eu de vós me não lembrar, meu monte e meu rio sagrados,
Que a minha língua se prenda,
Que a minha língua se prenda!
Pelos esgares multiplicados desta metralha horrenda,
Se eu de vós me não lembrar, meu monte e meu rio sagrados,
Que a minha língua se prenda,
Que a minha língua se prenda!
Junto ao Rio de Cacine
me sentei chorando,
Com saudades consagradas
Ao meu chão;
Nos palmares do chão manjaco desfiando,
Um rosário de granadas,
De mão.
Partem de Kandiafara mísseis Straella em demanda da minha vida,
Quando eu demando a minha terra da promissão:
Tão longe está o doce favo da partida,
A cama desfeita, os olhos embaciados amarrados ao vulcão.
Com saudades consagradas
Ao meu chão;
Nos palmares do chão manjaco desfiando,
Um rosário de granadas,
De mão.
Partem de Kandiafara mísseis Straella em demanda da minha vida,
Quando eu demando a minha terra da promissão:
Tão longe está o doce favo da partida,
A cama desfeita, os olhos embaciados amarrados ao vulcão.
Não é este o Rio que eu
desejo engrossar com as lágrimas salgadas
Desta saudade tamanha;
Jazem a harpa e a G3, dependuradas,
No tarrafe da bolanha.
Não é este o rio das bogas, dos barbos, das enguias, e dos mexilhões
Que eu demando. Este rio não é,
O rio que eu desejo. O rio Cacine tem candambas, tem bicudas, tubarões,
Nasce e morre em quatro horas de maré.
Desta saudade tamanha;
Jazem a harpa e a G3, dependuradas,
No tarrafe da bolanha.
Não é este o rio das bogas, dos barbos, das enguias, e dos mexilhões
Que eu demando. Este rio não é,
O rio que eu desejo. O rio Cacine tem candambas, tem bicudas, tubarões,
Nasce e morre em quatro horas de maré.
Aqui as bajudas balançam
com altivez os chalavares dos camarões,
E os flamingos parecem levitar num golpe d`asa;
Mas a água do meu rio, como o fogo dos vulcões,
É ferro em brasa.
E os flamingos parecem levitar num golpe d`asa;
Mas a água do meu rio, como o fogo dos vulcões,
É ferro em brasa.
O meu Tâmega sagrado foi
rasgado com um grito,
Marcado pelo lume que a profecia diz,
Um pássaro de fogo voando no infinito,
Doce cicatriz.
Marcado pelo lume que a profecia diz,
Um pássaro de fogo voando no infinito,
Doce cicatriz.
Junto ao Rio de Cacine
me sentei chorando,
Com saudades consagradas
Ao meu chão;
Nos palmares do chão manjaco desfiando,
Um rosário de granadas
De mão.
Com saudades consagradas
Ao meu chão;
Nos palmares do chão manjaco desfiando,
Um rosário de granadas
De mão.
Nos gritos silenciados
Pelos esgares multiplicados desta metralha horrenda,
Se eu de vós me não lembrar, meu monte e meu rio sagrados,
Que a minha língua se prenda,
Que a minha língua se prenda!
Pelos esgares multiplicados desta metralha horrenda,
Se eu de vós me não lembrar, meu monte e meu rio sagrados,
Que a minha língua se prenda,
Que a minha língua se prenda!
In Corre-me um Rio no peito
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