Só pelo facto de Lula ter vindo de onde
veio, herói para uma grande maioria fragilizada do povo brasileiro, e ter
desempenhado o cargo que desempenhou, lhe assistiriam responsabilidades cívicas
e comportamentos de ordem ética (e moral) que não estão ao alcance do cidadão
comum que passa fome, frio e por aí adiante.
O caso “Lula/Dilma” é simplesmente
vergonhoso. Para quem ainda possui alguma vergonha.
No tempo dos nossos pais, qualquer
artífice que fosse a casa compor assunto da sua especialidade, sentiria vergonha
se, passadas duas semanas, aquilo que havia composto avariasse. Em primeiro
lugar porque era desprestigiante. Punha em causa a sua competência e a sua
honradez. E depois porque estando o seu nome na praça publica se sujeitava a
perder clientes, logo o sustento da família.
A propósito do caso de Lula e da dona Dilma,
temos ouvido (e lido) teorias sobre o capitalismo selvagem, e por aí fora.
O capitalismo selvagem existiu desde que a
civilização é civilização. Na antiga Roma, quando alguns dos poderosos queriam
ganhar mais uns cobres (estamos a referir-nos ao que hoje são as grandes
empresas de construção), atiçavam fogos que queimavam bairros completos em
Roma. Depois eram reconstruídos por esses poderosos.
O Império Romano foi corrupto até à
medula. Mas teve sempre contrapontos que fizeram o equilíbrio entre a corrupção
e a ética. Vozes sonantes como as de Séneca e Cícero, entre outros.
A Grécia antiga também teve os seus casos
de corrupção. O próprio Péricles foi assaltado pelos seus inimigos que o
acusavam de se servir dos dinheiros do Estado. O que a História prova é que o
“Século de Péricles” foi grandioso em todos os momentos. Essa Grécia, onde
nasceu a democracia, considerada por historiadores americanos de nomeada, como
comunista (!), teve uma geração de figuras incomparável, com Péricles à cabeça.
O próprio Péricles que sempre foi eleito pelo partido popular, tinha que
participar nas assembleias de cidadãos. Mas, ao mesmo tempo que governava,
legislava. Apoiado na educação que havia adquirido com os melhores professores
do seu tempo.
A Ética era fundamental para quem se
habilitava a governar. Esta é que é a questão. O resto (teorias daqui e dali) é
folclore – fantasias.
O ensino massificou-se. A qualidade foi
substituída pela quantidade. Era então, necessário simplificar os conteúdos
para manter alunos no sistema. O latim desapareceu dos currículos, a filosofia
deixou de ser obrigatória durante um tempo; formou-se gente com deficiências, a
“igualdade” sobrepôs-se à diversidade; o ensino, dominado pelas ideologias e
pelos partidos políticos, transformou-se num movimento anárquico, confuso, onde
se experimentam continuamente modelos novos sem base reflexiva e cientifica
séria; as lacunas nas disciplinas nucleares estão à vista; as escolas
transformaram-se em mercados, onde se negoceiam notas até à décima; tudo é
aleatório, arbitrário; o valor cultural de cada disciplina (dependente do seu
conteúdo) desapareceu.
As instituições degradaram-se, os melhores
foram trucidados (através de “leis” escabrosas) pelos piores, a inveja
substituiu a solidariedade, os cargos passaram do mano para a mana, do tio para
o sobrinho e do primo para a prima. E os lugares de chefia foram ocupados por
caciques.
Á Ética e à moral, sobrepuseram-se a
vigarice e o banditismo institucional e social.
É, pois, importante que se retomem (nos
currículos e nos conteúdos) os clássicos. A ignorância provoca a
injustiça. Armando Palavras
Nota: É bom que os
comentadores portugueses que alardeiam sobre este assunto, tenham em conta o
país onde vivem. Se no Brasil a
corrupção chegou à presidência, em Portugal chegou ao nível de
Primeiro-ministro. A diferença não é nenhuma. Até porque o caso “lava jacto”
começa a aparecer na imprensa com ligações ao caso “Marquês” e aos "robalos".
Sites que deve consultar acerca do "caso Lula":
Sites que deve consultar acerca do "caso Lula":
Sem comentários:
Enviar um comentário