Ainda não tivemos um minuto para ler na
integra o discurso do Presidente da República agora empossado. Deve estar
disseminado na internet e no site da presidência. Do mesmo apenas conhecemos
alguns rasgos deste ou daquele escrevinhador, ou algumas notas daqueloutro
comentador. Contudo, num país em que a corrupção está generalizada ao nível do
Burkina Fasto não é de bom senso confiar nessas “iluminarias”.
Das mais confiáveis sabemos que o
Presidente citou Torga, o escritor transmontano. E, como bom Cristão e Católico
que é, que apelou ao apaziguamento dos portugueses.
Citar o poeta e prosador (também médico)
transmontano merece boa nota (talvez um 19!), e apelar ao apaziguamento também.
Em nosso entendimento esperamos muitíssimo
(normalmente não usamos o superlativo) mais do presidente Marcelo, até porque a
sua formação académica é de Direito. E é exactamente isto que o país precisava
neste momento – um Presidente com formação em Leis (não em “leis”).
E é de um presidente com este tipo de
formação académica (à qual se junta a sua formação moral católica e cristã) que
em futuros discursos gostaríamos de ouvir uma palavra simples – Ética.
O país, segundo dados recentes da OCDE foi
assolado desde 2005 por uma onda corrupta que continua a imperar nas
instituições que compõem o Estado. Os lugares de chefia onde medraram os
corruptos da Administração Pública em 2005, floresceram até 2011 e
mantiveram-se até hoje. Ninguém lhes tocou, mas eles continuaram (e continuam)
a prejudicar as pessoas decentes, o Estado e o país (Tempo Caminhado: Portugal corrupto).
O governo da direita (como gostam de dizer
as manas e a dona Catarina) não corrigiu este pormenor (tentou apenas). Ou
porque não soube, ou porque não quis, ou porque não teve tempo. Estas coisas
demoram anos (ou décadas). Há, porém, singularidades que, para quem tem decência, demoram minutos ou horas, quanto muito dias. E por essa razão pagou o preço respectivo a quatro de Outubro de 2015.
O afilhado do Professor Marcelo Caetano
sabe tão bem como Macróbio que “À medida que se depravam os costumes,
multiplicam-se as leis” (foi o que sucedeu no tempo de José Sócrates), ou como
Tácito, “Quanto mais corrompido é o Estado mais numerosas são as suas leis”. E
como o “profeta” da liberdade, Stuart Mill, também sabe que “As leis nunca se
tornariam melhores se não houvesse homens cuja moral é maior do que as leis
existentes”; ou como Séneca: “O que a lei não proíbe, proíbe a decência”. Armando Palavras
Sem comentários:
Enviar um comentário