BARROSO da FONTE |
Pelo menos Miguel Relvas conjugava bem os
verbos. Manuel Heitor nem isso faz. E é
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Mais do que isso: doutorou-se em «Combustão
Experimental» no Imperial College de Londres na área da Engenharia Mecânica. E
já trepou até ao topo da carreira académica da qual é catedrático. Entre 1985 e
1986 fez um pós-doutoramento em S. Diego, na Califórnia. Lê-se ainda no seu
curriculum académico que é professor e dirigente do Centro de Estudos em
Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento, IN+» e coordena os
programas de doutoramento do IST «em Engenharia e Políticas Públicas e em
Engenharia de Conceção e Sistemas Avançados de Manufatura».
Depois do que lhe ouvi e do que foi
reproduzido, em imagem, via net :,https://youtu.be/yPp3CBp1EXw, eu não o queria
para meu professor. Por várias razões, a primeira das quais é a pureza da
Língua no contexto Pessoano. Manuel Heitor despreza a realidade linguística,
agindo como bulldozer que terraplana quanto encontra pela frente.
Num auditório solene, onde tinha obrigação de usar a Linguagem
escorreita para explicar ao Povo Português, o programa do XXI governo
Constitucional, proferiu três palavrões gramaticais gravíssimos que na minha
geração bastavam para chumbar no exame da quarta classe. Ao responder ao
deputado Miguel Monteiro, do BE, disse:
«aqueles que interviram tinhemos a humildade de» conhecer os números e
«tinhemos a humildade de...» E não são apenas 3, mas cinco erros...
Afirmou isso aos quatro ventos; e as redes sociais,
só três meses depois mostraram essas monstruosidades. Talvez aguardassem um
pedido de desculpas públicas do cientista dos «fluídos e combustões
experimentais». Nos anos oitenta do último século, uma só calinada, mais suave
do que quaisquer dessas três, bastaria para o governante se demitir. Ainda o
atual ministro da Ciência e Tecnologia que ostenta um curriculum invejável para
esconder a «pobreza franciscana», ignorava o contexto da «Mecânica de fluídos e
da Combustão Experimental».
Como não se arrependeu de tal proeza, que desqualifica, rotundamente,
quem foi escolhido pelo deslumbramento curricular, as redes sociais puxaram às
primeiras páginas esta trilogia nada reconfortante.
Este catedrático, ao pretender ofuscar os quatro anos de exercício do
governo anterior, bajulando os deputados da esquerda que o louvaminharam sem
reservas,«matou», em segundos, o
exibicionismo que ali expôs, perante um auditório seguidista que só por
subserviência primária, não terá ripostado aos impropérios do experimental
governante.
Tanto condenaram o anterior ministro da Educação. Miguel Relvas foi
bombo de festa do executivo anterior. O próprio José Sócrates tem sido acusado
de não ter licenciatura e de pagar a quem lhe escreveu o livro que Lula veio
apresentar a Lisboa. Como se vê no melhor pano cai a nódoa.
Apesar deste «experimental» ministro ter chegado ao poder ornamentado com um
percurso académico irrepreensível – o que terá seduzido António Costa a convidá-lo – esta mancha linguística de
Manuel Heitor desalenta, empobrece e arrepia os cabelos daqueles pais e avós
que gostariam de ver à frente das Instituições fundamentais, os melhores
líderes de todas as áreas da governação.
Se
o ministro da Ciência, da Tecnologia e do Ensino Superior, num só parágrafo e
no mesmo contexto, profere, no mais nobre palco, onde se decidem as grandes
questões nacionais, do presente e do futuro, tamanhas barbaridades gramaticais,
quem pode confiar na aprendizagem que gera em pais e alunos preocupados,
desorientados e famintos de fé, de esperança e de tranquilidade social.
Como não há duas sem três, ocorre-me citar
aqui outro experimental ministro, da mesma área: Tiago Brandão Rodrigues.
Também António Costa se deixou seduzir com a juventude do mais novo ministro da
Educação. Foi buscá-lo a Cambridge.
Certamente aí se faria adulto com mais uns anos de exercício prático. Com 38 anos gastos a aprender, logo se
adivinhava que iria ser mais um galaripo, em fase de amadurecimento. A barba
encobre-lhe a experiência que vale 50% da plenitude do homem público. O
provérbio latino aconselha que «a teoria sem prática é um carro sem eixo». A
pasta da Educação é das mais importantes, em qualquer sociedade adulta.
Deslumbrado com a nomeação, mal chegou, já com o ano letivo em funcionamento, quis agradar a quem o
nomeou e à kamaradagem que apoia o governo. Não esteve com papas na língua. Anulou os planos, esqueceu
os transtornos e despachou a extinção dos exames do 4º e 6º anos,
substituindo-os pelas ilusórias «provas de aferição nos 2º, 5º e 8º anos «que
não contam para a nota final dos alunos». Apenas tapam os olhos à opinião
pública que gastou as economias a comprar bolsas, livros e todo o material
escolar, desorientando, confundindo e empatando o futuro da geração que vai de
mal a pior. Emproado com a valentia da sua juventude, com um doutoramento em
bioquímica e uma barba e bigode que lhes
encobrem a rosto embevecido, é neste tipo de clima febril e gongórico que se moldam as mentalidades do futuro
social dos Portugueses. Pobre povo!
Barroso
da Fonte
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