segunda-feira, 21 de março de 2016

Ministro da Ciência pior do que Relvas

 
BARROSO da FONTE
Pelo menos Miguel Relvas conjugava bem os verbos. Manuel Heitor nem isso faz. E  é Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.  Mais do que isso: doutorou-se em «Combustão Experimental» no Imperial College de Londres na área da Engenharia Mecânica. E já trepou até ao topo da carreira académica da qual é catedrático. Entre 1985 e 1986 fez um pós-doutoramento em S. Diego, na Califórnia. Lê-se ainda no seu curriculum académico que é professor e dirigente do Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento, IN+» e coordena os programas de doutoramento do IST «em Engenharia e Políticas Públicas e em Engenharia de Conceção e Sistemas Avançados de Manufatura».
 Depois do que lhe ouvi e do que foi reproduzido, em imagem, via net :,https://youtu.be/yPp3CBp1EXw, eu não o queria para meu professor. Por várias razões, a primeira das quais é a pureza da Língua no contexto Pessoano. Manuel Heitor despreza a realidade linguística, agindo como bulldozer que terraplana quanto encontra pela frente.
  Num auditório solene, onde tinha obrigação de usar a Linguagem escorreita para explicar ao Povo Português, o programa do XXI governo Constitucional, proferiu três palavrões gramaticais gravíssimos que na minha geração bastavam para chumbar no exame da quarta classe. Ao responder ao deputado Miguel Monteiro, do BE, disse:  «aqueles que interviram tinhemos a humildade de» conhecer os números e «tinhemos a humildade de...» E não são apenas 3, mas cinco erros...
 Afirmou isso aos quatro ventos; e as redes sociais, só três meses depois mostraram essas monstruosidades. Talvez aguardassem um pedido de desculpas públicas do cientista dos «fluídos e combustões experimentais». Nos anos oitenta do último século, uma só calinada, mais suave do que quaisquer dessas três, bastaria para o governante se demitir. Ainda o atual ministro da Ciência e Tecnologia que ostenta um curriculum invejável para esconder a «pobreza franciscana», ignorava o contexto da «Mecânica de fluídos e da Combustão Experimental».
  Como não se arrependeu de tal proeza, que desqualifica, rotundamente, quem foi escolhido pelo deslumbramento curricular, as redes sociais puxaram às primeiras páginas esta trilogia nada reconfortante.
  Este catedrático, ao pretender ofuscar os quatro anos de exercício do governo anterior, bajulando os deputados da esquerda que o louvaminharam sem reservas,«matou»,  em segundos, o exibicionismo que ali expôs, perante um auditório seguidista que só por subserviência primária, não terá ripostado aos impropérios do experimental governante.
  Tanto condenaram o anterior ministro da Educação. Miguel Relvas foi bombo de festa do executivo anterior. O próprio José Sócrates tem sido acusado de não ter licenciatura e de pagar a quem lhe escreveu o livro que Lula veio apresentar a Lisboa. Como se vê no melhor pano cai a nódoa.
 Apesar deste «experimental» ministro  ter chegado ao poder ornamentado com um percurso académico irrepreensível – o que terá seduzido António Costa  a convidá-lo – esta mancha linguística de Manuel Heitor desalenta, empobrece e arrepia os cabelos daqueles pais e avós que gostariam de ver à frente das Instituições fundamentais, os melhores líderes de todas as áreas da governação.
 Se o ministro da Ciência, da Tecnologia e do Ensino Superior, num só parágrafo e no mesmo contexto, profere, no mais nobre palco, onde se decidem as grandes questões nacionais, do presente e do futuro, tamanhas barbaridades gramaticais, quem pode confiar na aprendizagem que gera em pais e alunos preocupados, desorientados e famintos de fé, de esperança e de tranquilidade social.
Como não há duas sem três, ocorre-me citar aqui outro experimental ministro, da mesma área: Tiago Brandão Rodrigues. Também António Costa se deixou seduzir com a juventude do mais novo ministro da Educação.  Foi buscá-lo a Cambridge. Certamente aí se faria adulto com mais uns anos de exercício prático.  Com 38 anos gastos a aprender, logo se adivinhava que iria ser mais um galaripo, em fase de amadurecimento. A barba encobre-lhe a experiência que vale 50% da plenitude do homem público. O provérbio latino aconselha que «a teoria sem prática é um carro sem eixo». A pasta da Educação é das mais importantes, em qualquer sociedade adulta. Deslumbrado com a nomeação, mal chegou, já com o ano letivo  em funcionamento, quis agradar a quem o nomeou e à kamaradagem que apoia o governo. Não esteve com  papas na língua. Anulou os planos, esqueceu os transtornos e despachou a extinção dos exames do 4º e 6º anos, substituindo-os pelas ilusórias «provas de aferição nos 2º, 5º e 8º anos «que não contam para a nota final dos alunos». Apenas tapam os olhos à opinião pública que gastou as economias a comprar bolsas, livros e todo o material escolar, desorientando, confundindo e empatando o futuro da geração que vai de mal a pior. Emproado com a valentia da sua juventude, com um doutoramento em bioquímica e uma barba e bigode  que lhes encobrem a rosto embevecido, é neste tipo de clima febril e gongórico  que se moldam as mentalidades do futuro social dos Portugueses. Pobre povo!

                                                                                                Barroso da Fonte

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