Ontem à noite, em entrevista à Rádio
Renascença, o Presidente do PSD afirmou que o partido, agora na oposição, está
a preparar uma alternativa de Governo para Portugal. Pedro Passos Coelho disse
ainda que não houve “ dificuldade nesta mudança. Não sou nostálgico e o poder
não me subiu à cabeça”.
Sobre o novo Governo, Pedro Passos Coelho
criticou a estratégia de reversões que está a ser levada a cabo por António
Costa, classificando-a mesmo de “arriscada”: “olho para os primeiros dias deste
Governo com bastante apreensão, não pelo facto de se estar a reverter ou a
destruir o que foi feito pelo Governo que chefiei, mas porque me parece, em
primeiro lugar, que reverter e destruir é muito pouco para definir um programa
de futuro do novo Governo. Se a missão deste Governo é desfazer o que o
anterior fez, é uma missão que se esgotará dentro de pouco tempo e que
estrutura pouco o futuro. Em segundo lugar, porque muitas das coisas que
fizemos dizem respeito a reformas importantes que não deviam mesmo ser
revertidas”. Deixou ainda a convicção de que o Executivo socialista deve
encontrar condições de governabilidade junto das forças políticas que o
apoiaram, pois seria “uma perversão democrática que o segundo partido viesse a
fazer uma espécie de chantagem democrática sobre quem ganhou as eleições, que
passaria a ter a função de apoiar quem perdeu”.
O líder social-democrata falou sobre os
vários temas que marcam o panorama político nacional, como o Banif: “Não tenho
dúvida de que durante o período em que o Banco de Portugal estava a procurar
vender o Novo Banco não se sentiria impelido a tomar uma decisão de resolução
do Banif”. Tal não resultou num atraso porque “poderia haver sinergias
resultantes do processo de venda do Novo Banco que ajudassem a resolver o
problema do Banif”.
Sobre as presidenciais, Pedro Passos
Coelho foi claro quanto à sua opinião sobre este alto-cargo da Nação, afirmando
que “o Presidente da República deve utilizar a sua magistratura de influência
de modo a conseguir que as pontes que são necessárias entre os partidos, a
relação dos partidos com a sociedade, possa funcionar de uma forma mais
harmoniosa. Isso exige um mandato apartidário e exige alguém que não venha
trazer para Belém a 'espuma dos dias' e que não funcione como um cata-vento das
ideias do dia-a-dia, às vezes, ideias contraditórias que existem na sociedade
portuguesa, mas que saiba, de acordo com aquilo que é a sua experiência
política - a interpretação dos poderes do Presidente da República -, usar essa
magistratura para dar corpo à ideia do que deve ser uma reforma do país, das
suas estruturas económicas, sociais, que tenha uma base de entendimento
consensual o mais larga possível.”
A confiança dos portugueses e dos
investidores foi também um dos pontos abordados. O Presidente do PSD acredita
que o atual Executivo não está a “preservar a confiança dos investidores
externos em Portugal”, devido à “ameaça velada que foi feita sobre uma eventual
nacionalização da TAP” ou mesmo à capitalização do Novo Banco, que será paga a
“preço de ouro” pelo sistema financeiro.
Quanto ao futuro, o Presidente do PSD
afirma que o partido “está preparado para voltar ao Governo para fazer o que
não teve a possibilidade de acabar de fazer e eu, como primeiro-ministro que
fui, de completar um trabalho que deixei a meio em termos de reforma
estrutural. Mas não tenho, relativamente ao futuro, ideias cabalísticas, não
tenho a mania que tenho mesmo que ser primeiro-ministro. Se voltar ao Governo é
porque este falhou e a alternativa do PSD é melhor, mais confiável para as
pessoas. Não vou ficar de braços cruzados à espera que isto dê mau resultado e
que por inércia volte a chegar lá. É muito importante que o que deixámos por
fazer possamos completar, mas que novas coisas e desafios possam emergir e
merecer o voto e a confiança e o voto das pessoas. Essa é a minha missão como
presidente do PSD.”
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