Quando
as mães e os namorados já andavam pelas lojas a comprar as prendas de Natal, a
TVI24 colocou (dia 20) no rodapé da emissão «25ª hora», por precipitada e mal
esclarecida uma informação que causou ao Banif um prejuízo superior a mil
milhões de euros. A troco da «caixa», vulgarmente conhecida por ser dada em
«primeira mão», os portugueses que todos os dias deste desnorteado ano de 2015,
pensavam usufruir de um período de tréguas, assistiram a um carnaval grotesco,
por antecipado e rabugento. A quadra natalícia merecia mais respeito já que, a
política tomou de assalto a paciência dos portugueses que andam desiludidos com
os políticos e com as políticas que nos impingem, sempre em nome de causas que
nos ultrapassam, por mal explicadas, mal nascidas e, quase sempre, contra o
povo que cada vez mais é o pião das nicas.
O
verdadeiro povo não é aquele que os políticos invocam para chegarem ao poder. O
verdadeiro povo é aquele que pretende mais e melhores atos e menos paleógrafo
por parte de quem governa.
De
boas intenções está o inferno cheio. E esse povo que vota, que elege e que
exige mais e melhor justiça, na hora decisiva, não precisa de muitas palavras,
de muitos apelos, de muitas promessas. Esse povo já conhece os políticos sérios
e os charlatães. Já sabe quem fala verdade e quem impinge gato por lebre. Já
sabe distinguir a direita da esquerda. Já conhece o bem e o mal. E também
conhece que mais vale um pássaro não do que dois a voar. Como também já sabe
que «quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem».
O ano
que agora acaba serviu para abrir os olhos a quem ainda os tinha fechados. A
sociedade portuguesa tem sido escaldada, «comida por lorpa», vítima de teorias
de assaltantes de bancos, de rasteiras pérfidas e pegajosas, de truques baixos,
de vermes nojentos, travestidos de humanos.
O
povo português não passa pelos falsos profetas que nasceram em berços dourados,
alimentaram-se de cultura de aviário, trajam roupa emprestada pelas lojas que
vivem dos comentadores televisivos que fazem publicidade enganosa e que nunca
mediram o peso da enxada, o frio da montanha ou a fome que a sopa e o pão
encobrem.
Parte
desse povo emita o papagaio que aprende expressões fonéticas maldosas e as
devolve por cada espantalho que passa e que não conhece mais do que esse palrar
em que moldou o cérebro.
Outra
parte desse povo vive de expediente. Ouve aqui e conta ali. Antecipa-se ou atrasa-se,
consoante o oportunismo da mensagem. Faz verdade da mentira ou mentira de
verdade, em função daquilo que é a sua conveniência.
Estes
axiomas sociais infernizam a sociedade portuguesa. E é por isso que chegamos ao
fim de mais ano e, em vez de termos razões para felicitar a tradição cristã e a
arte de governar, assistimos ao confronto, à escaramuça verbal e ao medo
sistemático do ano que se segue.
O que se
passou com o Banif é mais um exemplo de como temos de mudar radicalmente desta
praga que nos invade a casa, o local de trabalho e o vazio da rua. São poucos
mas são excessivamente turbulentos, agressivos, despóticos. Precisamos de banir
da via publica quem reina para comer o que não trabalhou. Não podemos ser
alarmados por gazetas que abrem as goelas
a tudo o que gera perturbação social, cultural e cívica. Não podemos nem
devemos dar ouvidos a troca- tintas que já demonstraram o pouco que são e o
nada que valem. Como não podemos nem devemos acreditar em soluções que trocam o
certo pelo incerto, a verdade pela mentira, o saber pela ignorância.
Andam
por aí corvos e gaivotas de aviário que
nunca souberam o que era a vida e que propõem paraísos de lesbianismo, de leviandade sexual, de anormalidade cívica.
Não podemos dar ouvidos a negociadores de causas públicas que falham ao
primeiro obstáculo e que, em cima do risco vermelho, exigem esforços
sobre-humanos para salvar a honra do convento.
Muito
menos devemos aceitar tudo o que se ouve, se vê ou se preconiza.
À
hora em que escrevo esta nota ouço o que afirma Jorge Tomé, responsável do
Banif: «As contas estavam limpinhas e
direitinhas. O resultado da venda foi desastroso»...
O
trágico desfecho do Banif serviu para tirar a máscara do casamento contra
natura do PS com a esquerda radical. Mais uma vez, vai ser a direita a pagar o
que a esquerda esbanjou. Passos Coelho, mais uma vez, cedeu, colocando o país
acima dos interesses do partido. Fez bem. Poderia ter alegado que «para vilão,
vilão e meio». Há que exigir responsabilidades, recuando até 2008. E a TVI24
terá que assumir as suas responsabilidades pelos «mil milhões de euros em
depósitos que voaram». Esse pioneirismo custou mais do que vale a TVI24. E este
dinheiro vão ser os contribuintes a pagá-lo. Lamentavelmente.
Barroso da Fonte
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