Barroso da Fonte |
Em Guimarães, quando era ministro da
Justiça, levou com uma posta de bacalhau demolhado, no rosto, no Museu Alberto
Sampaio. Em 2014, traiu a promessa de cumprir o mandato de quatro anos na
Câmara de Lisboa. Espreitou o «poucochinho» da vitória de Seguro e não resistiu
aos malefícios partidários, ao dar ensejo, antes e depois da eleição para
Secretário Geral do PS, desenterrando eleitores mortos, inexistentes e quotas
pagas de quem nunca se filiara.
Face à derrota recente não teve coragem de se
penitenciar, pedindo desculpas públicas, como faria um político sério, ao
camarada António Seguro. Nem esboçou o gesto de se demitir do cargo, face à
derrota que foi um escândalo e que fez regra em muitas eleições anteriores nos
partidos democráticos.
António Costa não esteve ao nível do que merecia o maior partido da
oposição. Um profissional da política não demonstrou credenciais para ser primeiro ministro. Mesmo assim a
Coligação que foi a vencedora daquilo que estava em disputa, à luz de todas as
exigências democráticas, António Costa poderia regenerar-se dos erros que
cometeu: bastava-lhe colocar o interesse do país acima da vaidade de ser
primeiro ministro. Foi o que vários outros políticos do chamado «arco da
governação» fizeram no passado: permitir que os vencedores, não tendo ganho com
maiorias absolutas, viabilizassem os orçamentos e outras votações para que cumprissem os seus mandatos.
A
Coligação de direita não celebrou a vitória, nem estamos em maré de celebrar
seja o que for, depois do «quase afogamento» de que o pais emergiu. Mas teve a
calma necessária para acalmar a poeira da agitação política.
Se
António Costa fosse um democrata a sério, patriota e nacionalista puro,
aceitava a derrota com a naturalidade de qualquer ato democrático. E não
seduzia dois partidos cujo ideário não rima com as regras da União Europeia.
Esse tipo de coligação para fins governativos é, claramente, contra natura.
Nunca, antes e durante a Campanha eleitoral, os três partidos se bateram por
esse «casamento» de conveniência. Se o tivessem feito talvez assistisse alguma
coerência, porque os eleitores, já estariam cientes de que o seu voto poderia
provocar essas aberrações.
Não
ouvindo a mensagem de que a esquerda radical que renega os valores da Europa
Comunitária, poderia prescindir desses pontos nevrálgicos, a troco de cargos
governamentais e de cedências nunca imaginadas, os portugueses, de todas as
áreas políticas,viveram duas semanas peripatéticas, porque, nunca em 41 anos de
democracia, tal se vivera. Óbvio seria
que o PS, reconhecendo a vitória, aceitasse, democraticamente, colaborar com a
força vencedora para que o país e os portugueses, pudessem recuperar o perdido,
durante os anos da crise que perturbou toda a gente.
Ao
invés, o PS, desde o princípio das conversações, apaixonou-se pela nova fórmula
mágica que se poderá traduzir pelo seguinte silogismo:
O
PCP e o BE nunca foram poder, nem vislumbram sê-lo, por meio de eleições
democráticas.
Ora o PS, único partido que lhe poderá
servir de moleta, não pode formar governo porque perdeu.
Logo nenhum, nem os três juntos, podem formar
governo.
Que
aqueles dois pequenos partidos queiram ser governo a qualquer preço, já se
adivinhava.
Mas que António Costa ambicione
transformar este contrassenso para ser primeiro ministro à força é deplorável,
é ridículo e é uma prova clara de que vive imbuído de má fé.
Escrevo esta reflexão às 23 h de terça-feira, 20 de Outubro. Espero
que o Presidente da República não alinhe nesta geringonça política que seria
estender a passarelle para guindar ao poder máximo um derrotado em toda a
linha. Se já nem se contenta com o cargo de vice-primeiro ministro que Paulo
Portas lhe ofereceu de mão beijada, significa que apenas aceita ser primeiro
ministro, o que as eleições de 4 de Outubro lhe negaram, categoricamente, nas
urnas.
Barroso da Fonte
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