sábado, 24 de outubro de 2015

Costa ficará na história pelos piores motivos



Barroso da Fonte
António Costa anda desesperado, desde que perdeu as eleições. São os remorsos da patifaria que fez a António José Seguro. Se este ganhou por «poucochinho», aquele perdeu, como o PS nunca tinha perdido. Seguro, teria, obviamente muito melhores resultados e teria poupado uma das mais humilhantes crises que o PS enfrentou,  colocando o país na rota de um novo PREC. Perdeu por três deputados em relação ao PSD, o que pouca gente pensaria, um mês antes de 4 de Outubro. Depois de quatro anos de governo da Coligação, a pôr ordem no caos em que Costa e alguns dos seus camaradas o colocaram, depois dos quatro anos de descontentamento generalizado contra quem, com medidas extremas, o normalizou, qualquer líder partidário tinha obrigação de ganhar as eleições. Mesmo que fosse pelo «poucochinho» que ele invocou para correr com Seguro. Só na noite da derrota se lembrou de que, talvez pudesse chegar pela via revolucionária, ao cargo que sempre ambicionou, mas que por via clara, transparente e democrática, não foi capaz. Sinal de que não é o primeiro ministro de que o País precisa. Em política não vale tudo. Os cargos conquistam-se com trabalho, com seriedade, com humanidade, com justiça e com simpatia. Ao vir acusar o PR com três adjetivos graves contra o mais alto magistrado da Nação que, neste caso concreto, se limitou a cumprir aquilo que a Constituição impõe, que a tradição recomenda e que os resultados exigem, Cavaco fez aquilo que se esperava. Não teve António Costa moral para aceitar a regra que se utilizou ao longo de 40 anos e que vigora em todos os atos democráticos do mundo onde a democracia se pratica. A força que tem mais votos e mais deputados é aquela que ganha a competição para a qual se concorre. Ora não foi Costa mas Passos que, surpreendentemente, teve mais votos, mais deputados e total direito para formar governo. Não seria isso o que Costa exigiria se o PS tivesse ganho, mesmo que fosse por «poucochinho»? Costa teve à sua mercê, durante muitos meses, todos os canais televisivos, os jornais, as rádios e os comícios para explicar isso aos eleitores. Se tivesse afirmado, alto e bom som, que não viabilizaria qualquer governo à direita, mas que formaria governo com a esquerda, talvez o PR não hesitasse em designá-lo chefe do governo saído dessa eleição de 4 de Outubro.

Rejeitar liminarmente qualquer acordo com a direita e exigir que o PR o nomeasse primeiro ministro, sem que essa esquerda, à data do anúncio presidencial, ainda não tivesse passado ao papel qualquer acordo, seria leviandade excessiva para assunto tão sério. Noutros tempos a palavra valia mais do que as escrituras. Hoje, a palavra nada vale e as escrituras são, muitas vezes, viciadas,  forjadas, falsificadas. António Costa que já foi ministro da Justiça deve saber mais disso. Mas faz de conta que não sabe. E fala, arrogantemente, como se tivesse o rei na barriga. Para explicar esta subversão de valores, basta aquele «aforismo» do ex-presidente do Vitória de Guimarães quando afirmou que «o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira». Costa leva tudo à sua frente como máquina escavadora. Bruscamente «inventou» a «pólvora»: Lembrou-se do PREC de 1975 e deixou-se seduzir pelas «sereias gregas». Aceitou devolver tudo o que o governo anterior poupou; anular contrato, fixar em 600 euros o salário mínimo. Contra a austeridade, toca a esbanjar o que o governo da direita economizou. «Não pagamos» vai ser refrão social. Viva a democracia revolucionária! Isto é: aquilo que ao longo de 40 anos dividiu os partidos, em «arranjinhos» de quem nunca chegaria ao poder pela via da legalidade democrática, cozinha-se num governo que sirva todos aqueles que «dividem para reinar». Pobre democracia...
                                   Barroso da Fonte

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