Afirmar que após os
resultados de quatro de Outubro, o Parlamento passou a ter uma maioria de
esquerda é, ao mesmo tempo, uma verdade e uma falácia. Não é um paradoxo,
depende do ponto de vista.
1 – Considera-se uma
verdade tendo em conta os princípios programáticos. E até as práticas. Temos um
grupo de esquerda radical constituído pelo PCP e pelo Bloco, e um grupo de
esquerda moderada constituído pelo PS, pelo PSD e pelo CDS. Convém lembrar que
a matriz do PSD é social-democrata (de esquerda) e que a matriz do CDS é
democrata-cristâ (centro, mais de esquerda do que de direita, porque é
democrático e, sobretudo cristão). E convém lembrar que o próprio PS converge
mais com o PSD do que com o bloco radical de esquerda (na propriedade privada,
nos negócios(!), e por aí adiante).
2- Considera-se uma
falácia se considerarmos o PSD e o CDS de “direita” e o PS, PCP e Bloco de
esquerda. Porquê? Os princípios programáticos do PS em nada se identificam (a
não ser em casos simbólicos) com os do PCP e os do Bloco.
Posto isto pergunta-se:
alguém de bom senso e com o mínimo de conhecimento da História acha que o PS se
entenderia com o PCP e o Bloco?
Recentemente, tanto o PCP
como o Bloco foram constantemente humilhados no Parlamento na governação
socrática. E isso não foi completamente esquecido como se viu num programa
recente de televisão com a resposta de Francisco Louçã a Pedro Silva Pereira.
Numa resposta brilhante, o Doutor Louçã meteu Pereira num bolso. Nesse programa
participaram ainda Bagão Félix e Ângelo Correia.
Mas esse desentendimento
vem de longe. Em termos nacionais todos se lembram do PREC, não se lembram (ou
nunca ouviram falar) das origens internacionais. Antes de 1917, o SPD alemão
(com Rosa Luxemburgo e Bernstein) optou por uma solução reformista, os
leninistas, pela revolução. E as matrizes do Bloco e do PCP são as da
revolução. Já a do PS, depende. Se o líder é um António Guterres é reformista,
se é um José Sócrates é a da revolução (basta ver o que essa governação fez na
Educação – com Maria de Lurdes Rodrigues já condenada pela Justiça – que foi
virada de pernas para o ar!).
Só num país de lunáticos
é que o Presidente chamaria em primeira mão a Belém, o derrotado da competição,
deixando para segundo plano o vencedor! O que o Presidente fez foi o que está
correcto. Só quem pensa que ainda vive na era corrupta de José Sócrates é que
julga o contrário.
António Costa, perante
isto meteu-se numa alhada. Ou como o povo gosta de dizer, está feito num “molho
de brócolos”. O pior é que o país, com essas fantasias, não ficará melhor. E o
Presidente da Republica também não.
Perante estes
malabarismos de Costa (à maneira de Alexis Tsipras) e as fantasias da dita esquerda, o
Presidente vai ter que indigitar como Primeiro-mistro Pedro Passos Coelho (que foi o
vencedor do acto eleitoral), chegue este a acordo com Costa, ou não chegue.
Digam os comentadores o que disserem. Aliás, pouca credibilidade já têm aos
olhos do povo, perante os resultados de quatro de Outubro ( há uma década que são sempre os mesmos).
Se o PS derrubar esse
governo passados sete meses é problema dele. O povo avaliará a atitude. Uma coisa é
certa, não vislumbramos um bom fim político ao Dr. Costa. Porque caso insista no golpe de Estado (à semelhança do que ensaiou com Seguro), vai ter que contar com o Norte. E o Norte não vai ficar quieto. A História já nos deu vários exemplos: a balbúrdia da 1ª República e a do PREC.
Armando Palavras
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