sábado, 10 de outubro de 2015

António Costa está feito num “molho de brócolos”

 
Afirmar que após os resultados de quatro de Outubro, o Parlamento passou a ter uma maioria de esquerda é, ao mesmo tempo, uma verdade e uma falácia. Não é um paradoxo, depende do ponto de vista.
1 – Considera-se uma verdade tendo em conta os princípios programáticos. E até as práticas. Temos um grupo de esquerda radical constituído pelo PCP e pelo Bloco, e um grupo de esquerda moderada constituído pelo PS, pelo PSD e pelo CDS. Convém lembrar que a matriz do PSD é social-democrata (de esquerda) e que a matriz do CDS é democrata-cristâ (centro, mais de esquerda do que de direita, porque é democrático e, sobretudo cristão). E convém lembrar que o próprio PS converge mais com o PSD do que com o bloco radical de esquerda (na propriedade privada, nos negócios(!), e por aí adiante).
2- Considera-se uma falácia se considerarmos o PSD e o CDS de “direita” e o PS, PCP e Bloco de esquerda. Porquê? Os princípios programáticos do PS em nada se identificam (a não ser em casos simbólicos) com os do PCP e os do Bloco.

Posto isto pergunta-se: alguém de bom senso e com o mínimo de conhecimento da História acha que o PS se entenderia com o PCP e o Bloco?
Recentemente, tanto o PCP como o Bloco foram constantemente humilhados no Parlamento na governação socrática. E isso não foi completamente esquecido como se viu num programa recente de televisão com a resposta de Francisco Louçã a Pedro Silva Pereira. Numa resposta brilhante, o Doutor Louçã meteu Pereira num bolso. Nesse programa participaram ainda Bagão Félix e Ângelo Correia.
Mas esse desentendimento vem de longe. Em termos nacionais todos se lembram do PREC, não se lembram (ou nunca ouviram falar) das origens internacionais. Antes de 1917, o SPD alemão (com Rosa Luxemburgo e Bernstein) optou por uma solução reformista, os leninistas, pela revolução. E as matrizes do Bloco e do PCP são as da revolução. Já a do PS, depende. Se o líder é um António Guterres é reformista, se é um José Sócrates é a da revolução (basta ver o que essa governação fez na Educação – com Maria de Lurdes Rodrigues já condenada pela Justiça – que foi virada de pernas para o ar!).
Só num país de lunáticos é que o Presidente chamaria em primeira mão a Belém, o derrotado da competição, deixando para segundo plano o vencedor! O que o Presidente fez foi o que está correcto. Só quem pensa que ainda vive na era corrupta de José Sócrates é que julga  o contrário.
António Costa, perante isto meteu-se numa alhada. Ou como o povo gosta de dizer, está feito num “molho de brócolos”. O pior é que o país, com essas fantasias, não ficará melhor. E o Presidente da Republica também não.
Perante estes malabarismos de Costa (à maneira de Alexis Tsipras) e as fantasias da dita esquerda, o Presidente vai ter que indigitar como Primeiro-mistro Pedro Passos Coelho (que foi o vencedor do acto eleitoral), chegue este a acordo com Costa, ou não chegue. Digam os comentadores o que disserem. Aliás, pouca credibilidade já têm aos olhos do povo, perante os resultados de quatro de Outubro ( há uma década que são sempre os mesmos). 
Se o PS derrubar esse governo passados sete meses é problema dele. O povo avaliará a atitude. Uma coisa é certa, não vislumbramos um bom fim político ao Dr. Costa. Porque caso insista no golpe de Estado (à semelhança do que ensaiou com Seguro), vai ter que contar com o Norte. E o Norte não vai ficar quieto. A História já nos deu vários exemplos: a balbúrdia da 1ª República e a do PREC.
Armando Palavras

 

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