segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A malga de caldo um dia pode voltar? O Tempo o dirá!...




Jorge Lage

3- A malga de caldo um dia pode voltar? O Tempo o dirá!... – Um militar, junto à Messe de Oficiais da Batalha no Porto, viu, ao cair da noite, a distribuição de alimentos, aguardando, na fila, homens e mulheres a sua vez. O Oficial do Exército ficou indignado com a cena, achando que todos têm direito a levar uma vida digna. Mas a vida digna também se procura. Muitos se regressassem às vilas e aldeias do Interior de origem tinham mais condições para levar uma vida mais digna cultivando uma horta e criando aves de capoeira. A cidade é mais atractiva. As pessoas desde os políticos, comentadores,… até aos deserdados têm dificuldade em perceber que um país só pode gastar tanto como o que produz, caso contrário vai entrar em banca rota. Ainda tenho no ouvido as palavras sábias da poetisa popular algarvia, Bia, de Bias, que avisou em verso a chegada da crise: «isto ainda vai voltar ao tempo antigo». E voltou. Nunca mais teremos a vida pública de abastança e de «estragança» que havia antes da crise. Se viver mais uns anos, ainda poderei ver mais... Um prato de sopa já não é mau para alguns dos nossos pobres da crise, que têm vergonha de pedir e passam fome em casa... No início do século passado, à espera de uma malga de caldo de reforço à parca merenda, estava o então jovem Joaquim Cruz (da então serração da Quinta Branca) usando como estratagema pedir à minha avó, Rosa Aleixo Ribeiro, para lhe guardar a saquita da merenda, enquanto aprendia a arte de carpinteiro em Chelas. Noutros tempos, não muito distantes, um prato de sopa augada ou uma água de castanhas com um cheiro de aguardente de medronho era «de trás da orelha», foi assim que aprendi na investigação que tenho feito pelo país. É claro que me comovo até às lágrimas quando recordo passagem dessas.
 
Pessoalmente, tenho pena dos que lutaram/trabalharam por uma boa refeição e hoje (se não tiverem vergonha) têm que comer um prato de sopa... Não tenho tanta pena dos que nunca quiseram (nem querem) fazer sequer por uma malga de caldo. Querem-no na palma da mão, dado e arregaçado. Há um sábio ditado chinês que guardo na memória e diz: - O TEMPO O DIRÁ!...

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