Por Barroso da Fonte
Talvez já seja demasiado tarde,
mas António Costa já tem as orelhas a arder pelas mordidelas de A.J. Seguro.
Este acusou aquele de passar o tempo à janela do seu gabinete na Câmara de
Lisboa A dado passo terá entendido que
ser presidente da Câmara não satisfazia o seu ego. E pretendia chegar ao céu.
Por isso lhe passou a rasteira mais humilhante que se viu entre camaradas,
nestes 40 anos de democracia. Após a vitória das Europeias, em vez de se
congratular com o resultado, Costa foi
tão ignóbil que nem deixou Seguro saborear uma vitória legítima,
transparente e representativa. O que se seguiu no Partido
Socialista transpirou para o exterior. Foram meses atabalhoados com a
preparação das primárias e da eleição mais renhida de que há memória. António
Costa aliciado pela geração dos reumáticos que há em todos os partidos e que
corriam perigo com a liderança Segurista, quebrou o compromisso que fizera com
os eleitores da Câmara de Lisboa; e
congeminou tudo o que de pior havia para unir o maior partido da oposição,
legítimo candidato a todos os atos eleitorais. Foram meses de fervor e de
furor. Compraram-se votos, ressuscitaram-se eleitores, inscreveram-se online
alguns e, casos mais delicados, tiveram repercussão no país e no estrangeiro,
fecundando ódios, zangas, saneamentos, dentro e fora do PS.
Costa venceu, mas não convenceu.
António José Seguro, demonstrou ser íntegro, sério e coerente. Retirou-se sem
se vergar e passou a militante de base. Ao contrário de A. Costa que anda farto
de dizer que «palavra dada é palavra honrada». Trocou a janela da Câmara de
Lisboa, pelo pomposo título de «Primeiro ministro de Portugal». Mas tem vindo a
pagar, com língua de palmo, a tremenda ingratidão, deslealdade e falta de ética
que revelou com essa sua insaciável vontade de ser o maior.
Nas eleições autárquicas teve uma
estrondosa derrota na Madeira. No continente fez com que em diversas Câmaras do
país houvesse «saneamentos» dos Seguristas, como Cabeceiras de Basto, Fafe,
Braga e por aí adiante. Não satisfeito com o divisionismo que partiu o PS a
meio, voltou a sentir-se a sua perseguição na elaboração das listas para a
Assembleia da República.
Foi notória a perseguição, mesmo a
figuras de proa que haviam brilhado no Parlamento, caso de Miguel Laranjeiro
que fora o primeiro por Braga e que nunca mais se viu ou ouviu. Cito-o pela
amizade e respeito que tenho por ele, pois foi com ele e com Bento Rocha que
criámos a Radio Santiago (de Guimarães).
Vejam-se o Expresso de
20-7-2015, ou a Renascença de 30-11-2014. Revejam as redes sociais.
Como se este embaraço não bastasse, a
imprensa nacional, vendo que o «bombeiro voluntário do PS», não dava o litro, começou a ser questionado
por «Costa não ter pago a contribuição autárquica quando era ministro da
Justiça» (1999- 2002). Costa negou. Mas
logo veio à ribalta um artigo do Tal & Qual num registo do Facebook de
Carlos Sá Carneiro.
O Público de 20-2-2015, veio a
terreiro acusar Costa de, na qualidade de Presidente da Câmara de Lisboa,
aprovar 3 milhões de euros para uma nova mesquita muçulmana, a construir na
Mouraria. Também nunca foi esclarecido o caso que o jornalista José António
Cerejo noticiou no Público sobre «a Casa do Presidente em que o autarca viveu
no seu primeiro mandato e que havia sido restaurada para unidade hoteleira, em
Monsanto. Outra decisão que nunca foi clarificada tem a ver com subsídios
bizarros que Costa atribuiu à famigerada Fundação Mário Soares. As redes
sociais escreveram que essa «quinta» de Soares recebeu 3.400 milhões dos
governos de 2008 a 2012 e isenções fiscais de 268 mil euros da Câmara Municipal
de Lisboa. Pior ainda: nessa mesma fonte se afirma que «A Fundação Mário Soares
recebeu de Ricardo Salgado (do BES) 570 mil. E auferiu de Sócrates 600 mil
euros, totalizando 3.400 milhões do governo PS». Os lesados acusam o governo.
Mas conviria que mandassem averiguar que políticos «mamaram» do BES e de
Ricardo Salgado!
O que
Costa fez de diferente foi um conclave com alguns economistas, seus
amigos, que debitaram para um documento político números que, aplicados à
realidade nacional, não tiveram outro efeito que não fosse entregar ao
candidato socialista, meia resma de papel timbrado que vai engrossar as
debilidades do candidato impreparado, sem garra, sem discurso, sem carisma e
sem alma que levante Portugal do fosso em que os seus pares o atolaram. As
sondagens afirmam isso.
Ora diz, ora desdiz, ora amaldiçoa ora
absolve, ora elogia ora condena. Fez isso a Seguro, fez isso aos Seguristas,
fez isso a Manuela Ferreira Leite. Fará isso àqueles que no futuro não se
verguem à sua insaciável vaidade de ficar na História. Só neste arranque final
quem o não conhecia reparou que António Costa
não tem perfil para empolgar multidões, para se impor nos areópagos
europeus, para honrar a Pátria que lhe paga. Quem, em 2011, apelava à oposição
para viabilizar o orçamento socialista e vem, agora, dizer no debate decisivo
que não viabilizará o orçamento da Coligação se se ele perder as eleições, não tem alma
Portuguesa. É nestas alturas que se mede o verdadeiro nacionalismo. Como
ninguém pode dar aquilo que não tem, António Costa deverá ajoelhar-se perante
António José Seguro, pedir-lhe desculpa e entregar-lhe o Secretariado que
ganhara em ato legítimo de que foi destituído rocambolescamente. De qualquer
maneira que ganhe o melhor!
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