Na recente visita que fiz a
Ávila, para em peregrinação partilhar das celebrações do V Centenário do
Nascimento de Santa Teresa de Jesus (1515-2015), além do sentimento que animou
a minha deslocação em ano jubilar, acresce a satisfação de saber que à biografia
de Santa Teresa, também Nossa Senhora da Graça lhe anda associada. A morte de
sua mãe quando ela tinha apenas 14 anos causou-lhe uma profunda tristeza, o que
levou o pai a interna-la num colégio de freiras agostinhas em Ávila, o Convento
de Nossa Senhora da Graça. Conta ela: “Quando me dei conta da perda que
sofrera, comecei a entristecer-me. Então, dirigi-me a uma imagem de Nossa
Senhora e supliquei com muitas lágrimas que me tomasse como sua filha".
“1531 - Teresa entra como aluna interna na convento de Nossa Senhora da Graça”.
Esteve ali só cerca de ano e meio. Faltava-me fazer alusão a este pormenor que
não fiz, de ter ido descobrir a Ávila que também Santa Teresa de Jesus foi
devota do culto graciano.
Passava a oportunidade, se
entretanto não deparasse com um arrolamento creio que da responsabilidade da
Junta de Freguesia de São Cristóvão de Mondim de Basto, onde nesse apanhado faz
um esboço histórico muito interessante sob titulo “Monte Farinha ou de Nossa
Senhora da Graça” que peca pela pouca profundeza com que analisa e expõe
matéria de interesse histórico e cultural, como é o caso de “nas Inquirições de
1220 já constar citadas duas capelinhas no Farinha”, uma no cimo, a São
Veríssimo”, e outra nas proximidades da Fonte da Casta, a Santo Apolinário. Que
grande trapalhada! Santo Apolinário se teve a sua capelinha foi nas
proximidades da Pedra Alta, onde perto ainda hoje existe essa tradição e a
Fonte de Santo Apolinário.
Também não é correcto designar a
Pedra Alta por menhir, que não é, quando muito pode, isso sim, incluir-se no
rol do “culto das pedras”, como aventou D. Domingos Pinho Brandão. O mesmo em
relação à lenda do “Corujeiro” que não anda associada à Pedra Alta mas a um dos
cerros vizinhos da Pedra que Fala. E no que se refere às alegorias consagradas
aos devotos de Nossa Senhora da Graça e de São Tiago, recordo aquela quadra
popular que no inicio da década de 60 pôs Vilar de Ferreiros e Mondim, em
verdadeiro pé de guerra: “ Fui à Senhora da Graça/Fui encontra-La a chorar/Eram
os ladrões de Mondim/ Que nos a queriam roubar”, claro que este roubar não tem
o sentido que os dicionários lhe dão. É bom recordar o passado e assim fazer
história, história aqui realçada e que encerro com uma quadra recolhida do
texto em apreço, que canta: “Nossa Senhora da Graça/Milagroso São Tiago/Subi o
monte e rezei/O que prometi está pago”. Não à promoção das terras sobre falsos
alicerces.
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