A propósito das últimas
movimentações europeias e do referendo grego, apraz-nos apresentar um trecho de
Sólon, um dos tradicionais sábios gregos que, pertencendo ao poderoso clã
aristocrático dos Eupátridas, procurou pôr fim aos abusos do grupo oligárquico
de onde provinha. Foi um reformador que a História lembra a qualquer momento,
sobretudo em épocas de crise. O fragmento que descreve os efeitos da Hybris (os excessos da violência e da
cobiça humanas) é particularmente pertinente na actual crise europeia.
Intitulado “Pela pátria
reconciliada”, diz-nos:
“ (…) A que dantes era
escrava agora é livre.
Reconduzi a Atenas,
pátria fundada pelos deuses,
muitos que haviam sido
vendidos, uns
justa, outros
injustamente, e outros que tinham sido
forçados pela
necessidade, que já não falavam
a língua ática, de
tanto andarem errantes.
e a outros que aqui
mesmo já sofriam
ignóbil escravidão,
tremendo diante dos seus senhores,
tornei-os livres. Isso
consegui
a força e a justiça, e
levei a cabo
o que prometi. Escrevi
leis
iguais para o pobre e
para o rico, estabelecendo
uma recta sentença para
cada qual.
Se outro, que não eu,
um individuo malévolo
e ávido de riquezas,
tivesse tomado a vara,
não teria contido o
povo, nem se teria detido
antes de ter agitado o
creme
e entornado o leite …
……………. Se eu decidisse
fazer
o que então agradava
aos meus adversários,
ou o que, ao contrário,
os outros faziam,
esta cidade teria
ficado viúva de muitos homens. Foi por isso
que, tirando forças de
todos os lados,
me revolvi como lobo no
meio duma matilha.
(p. 94).
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