Tempo Caminhado: O referendo de Varoufákis apela à ...
Não vem nenhum mal ao
mundo ser-se admirador de Che Guevara ou de Rosa Luxemburgo. Guevara foi um
homem do seu tempo e Rosa Luxemburgo uma mulher do seu. Ambos foram
revolucionários de esquerda, ambos foram idealistas. Che, depois da revolução
cubana foi ministro da indústria no governo de Castro, mas o seu idealismo
revolucionário não o deixou acabar a vida como a Fidel. Preferiu a revolução à
vida burguesa. Acabou morto na Bolívia, depois de uma emboscada. Quem na sua
juventude, não teve admiração por este ícone do século XX?
Rosa Luxemburgo, ao
contrário da lenda de sanguinária que se criou em seu redor, em vida, pouco
depois da sua morte - assassinada juntamente com Liebknecht – a sua reputação
da sanguinária “Rosa vermelha” sofreu grande alteração. Publicados os dois
pequenos volumes das suas cartas surgiu uma nova lenda: a imagem de uma mulher
que observava os pássaros, amava as flores, e de quem os guardas se despediram
com lágrimas nos olhos quando saiu da prisão (Hannah Arendt).
O que nos levou a
revisitar estes dois ícones, foram alguns comentários (cretinos, diga-se)
tecidos sobre Tsipras e Varoufákis. Sabemos que o partido que sustenta o
governo grego é de esquerda radical e que tanto Tsipras como Varoufákis são
admiradores dos dois revolucionários.
Que as ideias
revolucionárias de esquerda radical do Syriza incomodam a Europa, disso não
temos dúvidas. Como incomodam qualquer cidadão sensato (e pacato). Mas o cerne
da questão está na teia de relações de poder sobre a qual foi preparado e
disposto todo o projecto da zona euro. Teia de relações (de poder) incompatível
com a legitimidade popular. Ou seja, com os valores da democracia.
A Suécia fez um
referendo, onde os suecos disseram “não”, os Irlandeses também, em relação ao
Tratado de Lisboa. E as negociações não pararam. Porque razão o não pode fazer
a Grécia?
Duas vozes conceituadas
aconselharam os Gregos a votar “não” no referendo: os americanos Stiglitz e
Krugman, dois prémios Nobel da Economia.
Votar “não” quer dizer
simplesmente que os Gregos aceitam estar na Europa mas com medidas de
austeridade mais “suaves”. Não quer dizer mais nada do que isto. Então porque
razão tem a Europa tanto medo do
referendo grego?
Armando Palavras
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