quinta-feira, 11 de junho de 2015

Santo António que foi Fernando


Por: Costa Pereira

Portugal, minha terra.

Fernando de seu nome baptismal, Santo António nasceu em Lisboa, cerca de 1195 e faleceu em Pádua, em 1231. Nunca o imaginei um santo "casamenteiro" e de bailaricos como o festejam nesta quadra antoniana. O seu nível intelectual não se prestava por certo a tais distracções populares.
 A poucos metros da Sé de Lisboa, situam-se a Igreja e o Museu que a cidade dedica a um dos seus filhos mais ilustres. O Museu Antoniano (Largo de Santo António à Sé, 2), instalado ao lado da igreja, onde teria sido a casa dos pais do santo, tem patente obras das mais variadas expressões artísticas utilizadas para exprimir a devoção a este célebre lisboeta – esculturas, gravuras, pinturas, objectos de cerâmica, alfaias litúrgicas e objectos religiosos, entre outros. Formado em Santa Cruz de Coimbra pela escola de S. Teotónio, este “agostinho” inicial, acabou por se tornar franciscano e foi o primeiro Doutor da Igreja da Ordem dos Frades Menores, simbolizando o triângulo bem conhecido – teólogo de cátedra, pregador de púlpito e missionário no mundo – pelo espírito de abertura e de compreensão que caracteriza a nossa cultura cristã.
Padroeiro da cidade de Lisboa, Santo António têm na cidade de Pádua a famosa basílica do Santo, que visitei pela primeira vez em 1992.
 Ao entrar o visitante sente-se envolvido numa densa penumbra, mas logo fica maravilhado com uma característica desta igreja: as sepulturas, erguidas em homenagem a homens de armas, a estudiosos, a eclesiásticos. Do seu titular adiante-se que a vocação franciscana surge quando a Coimbra chegaram os corpos dos primeiros mártires mortos em missão quando a caminho de Marrocos para evangelizar os mouros. Isto em 1217. Foi a pregação do Evangelho no espírito de simplicidade, idealismo e fraternidade que tocam fundo no coração de Fernando que toma o nome de António e assim se torna mundialmente celebre. Santo António é reverenciado pelos povos de língua portuguesa como sendo Santo António de Lisboa. Mas em outros países é mais conhecido por Santo António de Pádua, por lá ter vivido e morrido nessa cidade italiana porque, por norma, os santos católicos são conhecidos pelo nome da terra onde falecem, onde normalmente se encontram as suas relíquias, e não onde nascem, como é o caso.
          A capela com o túmulo do Santo (Arca) que contem os restos mortais. Como se apresenta agora, é obra do renascimento, iniciada em 1500 e terminada no final do mesmo século.
             No centro da capela do Santo ergue-se o altar-túmulo, obra de Tiziano Aspetti (1594). Nos, dois grandes candelabros de prata marmórea (séc. XVII).
          Ponto de referência é também a capela das relíquias ou do tesouro. Assim chamada porque ali estão conservadas numerosas preciosidades históricas e ex-votos junto com as preciosas relíquias do santuário guardadas  em artísticos relicários. Entre esses o Relicário com a língua de Santo António. Um português ir a Itália e não visitar Pádua é como ir a Roma e não ver o Papa. Para aperitivo deixo algumas referências que podem ajudar a abrir o apetite a quem aprecie a vida dos santos e a sua influência na sociedade humana, religiosa e cultural. E no caso de Santo António que nasceu em Lisboa, e faleceu em Pádua, trata-se de um santo que não é português, nem italiano, é como todos os santos um filho de Deus que viveu no mundo com os pés assentes na terra e a cabeça no céu, por isso é universal. Mas também é meu e por isso o recordo na véspera do Dia de Portugal

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