terça-feira, 16 de junho de 2015

Medalhas: acabem com essa fantochada antidemocrática

  
   
Barroso da Fonte
Em 10/06/2005 a Jornalista Fernanda Ribeiro assinou no Público e, em título: «Jorge Sampaio atribui 59 condecorações».  Explicava-se, desta forma: «O que podem ter em comum Catarina Furtado, o constitucionalista Gomes Canotilho, o juiz-conselheiro Jaime Cardona Ferreira, o sindicalista João Proença, o treinador de futebol José Mourinho e o ex-ministro da Agricultura Armando Sevinate Pinto? Os pontos comuns podem até nem existir, mas todos eles vão estar em Guimarães, onde decorrem as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, para serem condecorados por Jorge Sampaio. Entre os homenageados constam dois irmãos, médicos de Guimarães, José Cotter e Jorge Cotter, primos do Presidente da República, que vão receber a Ordem de Mérito, distinção que galardoa atos ou serviços meritórios praticados no exercício de funções públicas ou privadas ou que revelem desinteresse e abnegação em favor da coletividade. Com estas 59 medalhas, distribuídas por várias áreas, elevam-se para 1484 o número de condecorações atribuídas pelo atual Presidente da República, que está ainda longe de ser o que mais medalhas distribuiu, área em que o ex-Presidente Mário Soares foi o mais generoso, com um máximo de 2448. Ramalho Eanes atribuiu 1952».                                                                                                                                                 Em 2015, voltou a ler-se: «Neste ano, Cavaco Silva vai homenagear, de um rol de mais de 47 personalidades. Não é defeito deste presidente, é um vício de forma transversal aos titulares do cargo. Um bom chefe de Estado que se preze tem de condecorar como se não houvesse amanhã. É quase impossível encontrar um português que apareça amiúde na televisão que não tenha sido distinguido por Belém».                                                                                                             Consulto relatos anteriores. «O 10 de Junho, como outras datas com um caráter marcadamente formalista, serve sobretudo para o Poder Político dar umas palmadinhas nas costas da sociedade civil, massajar o ego aos nativos do interior e passar recados para Lisboa, os quais, face à ausência de assuntos, ganham inusitada eficácia mediática». Neste ano, Cavaco Silva condecorou 47 personalidades, só no dia 10 de Junho: ex-ministros, estilistas, músicos, cientistas, empresários... «Não é defeito deste presidente, é um vício de forma transversal aos titulares do cargo. Um bom chefe de Estado que se preze tem de condecorar como se não houvesse amanhã».               Ramalho Eanes quis ser generoso quando o país dava os primeiros passos em liberdade. Mário Soares quebrou todos os recordes entre os quatro Presidentes da República eleitos no pós-25 de abril. Mas foi Jorge Sampaio quem ficou conhecido como “rei das medalhas”, epíteto que lhe chegou a valer, em 2006, uma manchete no extinto jornal 24 Horas –Sampaio está a acabar com as medalhas a este homem. As condecorações encomendadas pela Presidência estão a entupir a oficina de Francisco Barreiro”.  A Cavaco Silva só restava imitar Sampaio que condecorou o padeiro, o porteiro, o ardina, o mandatário... Cavaco lembrou-se do Carlos Gil. Não aquele que foi meu professor  de xadrez  mas o costureiro de Maria  Cavaco. Nenhum Transmontano: nem o Padre Fontes, das bruxas e das queimadas, nem o Amadeu Ferreira, da Língua Mirandesa, nem sequer o imaculado livreiro, Nuno Canavez! Que mal lhe terão feito os Transmontanos que sempre se vergaram à sua passagem, que nunca o barricaram nas picadas do salazarento alcatrão que teima em prevalecer, nos ziguezagues da 103 e nos fundos comunitários para a agricultura que sempre foram desaparecendo nas fábricas têxteis do Vale do Ave?                                                                                              Tão  fieis te foram e tão mal os trataste, ao longo de tantos anos no poder que te entregaram, de olhos fechados...
                                                                                             Barroso da Fonte



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