Por:
Costa Pereira
Portugal, minha terra. |
Não podia quebrar a tradição e por isso lá fui mais uma vez à procissão de Santo António que todos os anos no seu dia (13 de Junho) saí da sua igreja para percorrer as ruas do Bairro de Alfama. Ir à procissão não é o mesmo que tomar parte na procissão.
É das festividades mais concorridas da cidade, e a que se celebra em clima de
mais alegria e simplicidade porque também o Santo é sem dúvida o que mais toca
o coração e a fé dos crentes que a ele vão manifestar “a sua gratidão, as
suas suplicas e sua devoção”, no dizer do reitor da igreja de Santo
António, Frei Armindo Ferreira de Carvalho.
A festa começou com missa solene ao meio-dia, presidida por D. José Traquina,
bispo auxiliar de Lisboa. Seguiu-se a procissão, com inicio às 17h00,
que reuniu centenas de fieis, incluindo a participação de muitos
estrangeiros. Não participei na missa de festa porque optei por ir ao "pão
de Santo António" à igreja de São Domingos, e assistir ali à missa das
11h00. E também não me integrei na procissão da tarde, porque não levei
guarda-chuva e ela ameaçava e até caiu.
Em vez disso, enquanto deu a volta, fui para o interior da igreja, onde
pausadamente se rezava o terço e se gozava daquele ambiente festivo e
santo que as casas de Deus nos oferecem.
Igreja minha conhecida, nesta visita descobri que os nossos olhos na maior
parte das vezes olha, mas não vê. Sentado num banco, virado de costas, para o
altar de Nossa Senhora das Dores, apercebi-me que os demais visitantes que
circulavam pelo templo ao se deterem na minha na frente diante da imagem
de NS das Dores, eram atraídos por algo de curioso que eu de costas não
sabia o quê. Só com o aproximar da hora de abandonar o interior da igreja
onde lá fora já se ouviam os sons dos acompanhantes do cortejo é que
percebi, e tirei uma foto da legenda que diz:
Junto
do corpo está um vaso com a legenda
SAC.
CORPUS CUM VASE
SANGUINIS
S. JUSTINAE
Me
Coemeterio Santi Laurenty
Esta
legenda diz-nos que o corpo desta Mártir
Veio
do Cemitério de S.Lourenço
em
Roma.
Teria
sido enviado pelo Papa Pio VI
Em
Setembro de 1777”.
Como disse, o cortejo percorre as freguesias do bairro de Alfama, passando pela
Sé Catedral e regressa à igreja do Santo. Antes porem, no Largo da Sé é feito
um agradecimento publico aos participantes e sobretudo às pessoas e
instituições que mais directamente colaboram para o êxito da festividade.
Eram aproximadamente 18h30 quando a procissão estava de regresso ao local de
partida, atrás do jipe dos BML que transportou Santo António, o Sr. Presidente
da Câmara e respectivos vereadores.
Terminou a procissão, mas as cerimónias só terminaram com a missa do
Adeus por volta das 20h00. Eu estava de regresso a casa e encontrei D. José
Traquina a dirigir-se para presidir a acto, eram cerca das dezanove horas. Foi
hora e meia bem passada em comunhão com o viver e sentir dos devotos deste
Santo que diz Frei Armindo "Não há dia nenhum, mesmo no Inverno, que
não haja peregrinações de todas as partes do mundo. Concretamente, no ano
passado, contabilizámos de 64 países diferentes, peregrinações de todo o
mundo, a minoria é portuguesa; o ano passado, os que nós pudemos contar
rondaram à volta de meio milhão de pessoas que vieram de fora”. Desta
casa-igreja que se diz foi onde nasceu Santo António, consta:"Igreja
reconstruída, a partir de 1767, segundo risco de Mateus Vicente de Oliveira,
sensivelmente no mesmo local do templo primitivo, destruído pelo
terramoto. Monumento Nacional, é um edifício tardo-barroco de linhas sinuosas
marcadas no desenho do frontão e da escadaria. Com planta longitudinal, em cruz
latina, apresenta nave única, coberta por abóbada de berço, recorrendo à
utilização abundante dos mármores". Tudo graças a Santo António que mantem
o ano inteiro Lisboa em festa.
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