BARROSO da FONTE |
A Direção do Fórum
Galaico-Transmontano, fundado em 5 de Dezembro de 2008 e com sede em Chaves,
entendeu marcar o V encontro para o auditório do Centro Cultural Nadir Afonso.
Nesse magnífico pólo dedicado ao imortal Barrosão, Nadir Afonso, se fez a
receção e se pôde visionar a coleção de todas as edições do Jornal «Ecos de
Boticas». No confortável auditório se ouviram oportunas palavras de boas-vindas
do Presidente do Fórum-Galaico, Dr. Fernando Rua Castro e do Presidente da
Câmara de Boticas Dr. Fernando Queiroga. Seguiram-se duas importantíssimas
lições de sapiência. A primeira do sócio do Fórum Federico Justo Méndez que fez
um resumo histórico sobre a «Vida e Origens de Viriato», guerreiro contra o
exército romano que viveu 50 anos antes de Cristo e que nunca se soube, ao
certo, se foi uma figura real ou mítica. As Gentes de Viseu reclamam a sua
ligação à «Cava de Viseu». Este embaixador luso- galaico, tão conhecido como o
chouriço de Barroso, veio dizer a Boticas que – afinal - Viriato terá nascido
no castro de Groum «lugar situado a sul da Serra do Larouco Júpiter
Saturno, num lugar próximo de um arroyo
que desagua em los nascientes del río Búbal». Viriato viria a ser
assassinado, perto do local onde teria passado a sua infância. O texto integral
dessa comunicação foi publicado na revista Fórum Galaico—Transmontano, nº 4,
nesse dia distribuída pelos associados e posta à venda.
A confirmar-se esta versão, dois mil e tal anos depois de nascido, Viriato poderá corresponder a um autêntico guerreiro dos fins do império Romano, num lugar que na altura era dominado por esse Império, mas que hoje corresponde à fronteira entre Portugal e Galiza, ou seja: no sopé da serra do Larouco, entre Santo André, Gralhas, Solveira, Vilar de Perdizes e Gironda. Há dados seguros de que a Via XVII passava por Caladunum ou Ciade, vinda de Chaves, onde se fazia a bifurcação para Braga, Lugo e Astorga.
Outro tema que ocupa treze páginas
desta última edição da Revista Fórum Galaico Transmontano tem a ver com
duas dioceses que existiam, há 1700 anos, na região do Alto Tâmega e de que
recentemente se restaurou uma: a Aquae Flaviae, para justificar a
designação de um seu bispo titular: Dom Pio Alves de Sousa que ingressou na
Diocese do Porto, como bispo auxiliar.
Cerca de meio século antes de se fundar
a diocese Flaviense que teve como único titular o famoso Bispo Idácio, existira
a diocese de Beteca que foi criada antes da fundação do Reino da Galiza pelo
rei Hermerico. Ao tempo recebeu o nome latino de Diocesis Betecensis e teve
como bispo titular Sabino. Foi por volta do ano de 314. Menos de um século
depois, apareceu o Bispo Idácio à frente do Diocese Flaviense (em 462). Em A
Voz de Trás-os-Montes de 5 de Março de 2015, o Bispo Amândio Tomás, da
diocese de Vila Real, alude a um convívio de sacerdotes das dioceses de Ourense
e de Vila Real que decorreu no Santuário de Nossa Senhora dos Milagres. Nesse
encontro de sacerdotes luso-galaicos afirmou: «este encontro de Padres das
duas Nações e Dioceses vizinhas é inédito. Ajuda-nos a repensar a pastoral e
estratégias, na senda dos evangelizadores, a ter consciência das necessidades
das duas Dioceses. Evocamos com gratidão, a figura de Inácio de Límia, nascido
cerca do ano 390, em Ginzo de Límia e falecido em Chaves em 470.
Nas 13 páginas deste nº 4 da Revista
Fórum menciono, como autor, o livro «Patrologia Galaico-Lusitânia» da autoria
de Dom Pio Alves que nas páginas 65-69 relembra o papel decisivo do Bispo
Idácio que esteve na base do desenvolvimento da cidade de Chaves que há 1700
anos foi, com a congénere da Beteca (Boticas), o epicentro de um grande impulso
evangelizante. Bem pode estender-se a outros, de nomeada como: Academia de
Letras de Trás-os-Montes, Grupo Cultural Aquae Flaviae, Grémio Literário
de Vila Real.
Aludimos ainda à comunicação do Prof.
Catedrático Telmo Verdelho sobre o papel da Língua Portuguesa. Uma aula magistral
que agradou a uma assistência numerosa e atenta, proferida a dez dias de distância da data de 13 de Maio
que ficará na História necrológica como o golpe de misericórdia, pela entrada
em vigor do (des) acordo ortográfico
para uso, no reino da Lusofonia.
O fundador e Presidente do Fórum
Galaico-Transmontano e a sua Equipa deram um passo decisivo no aprofundamentos
dos objetivos deste organismo cultural que tem vindo a extinguir as portas que
durante vários séculos fecharam as relações linguísticas, culturais, sociais e
políticas entre povos que desde a Batalha de S. Mamede, em Guimarães, em 1128,
até aos nossos dias, tantos estragos causaram a cidadãos de ambos os lados que
pertenceram ao mesmo Reino (da Galiza), se entendem pela mesma língua, os mesmos
usos e costumes e sempre puxaram pelos mesmos ideais de liberdade, da
fraternidade e de progresso ibérico.
Barroso da Fonte
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