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Jorge Lage |
3- A Festa do Folar de Valpaços é a maior «Romaria» trasmontana próxima
da Páscoa – Romaria porque são muitos os devotos desta iguaria pascal ou
festiva. Em boa hora, o ex-Presidente do Município, Francisco Tavares, decidiu
dar-lhe uma grande projecção. Aliás, não há outra câmara municipal que pudesse
elevar tão alto o folar pascal e festivo. Por um lado, nesta Feira do Folar de
Valpaços juntam-se três tipos de folar diferentes do mesmo município. O de
Terras de Monforte de Rio Livre cujo centro dinamizador se situava em Lebução,
a massa entra no forno sem forma e diz-se que daqui irradiou para Chaves. É um
folar com uma excelente e afidalgada massa e recheado de boas carnes de
fumeiro, por tradição. O folar de massa mais rural na parte sul do concelho, de
que é exemplo Ritórto. E, a poente do concelho podemos considerar Argeriz e
Montenegro como algumas das localidades mais representativas. Este último tem a
melhor massa aveludada que já conheci. Quase sempre vou à Feira do Folar e vou
percorrendo os vários stands. Este ano antes de rumarmos à Feira foi-nos dito
que o melhor folar da Feira era de Moreiras (aldeia de Lebução – Valpaços) e
era excelente em massa e carnes, só que as carnes estavam repilhentas não se
podendo tragar. Sugiro que, num próximo ano, as mãos mágicas que lhe deram
forma, ponham o presunto ou a pá de molho. Isto resolve-se com um concurso do
melhor folar, retirado de modo aleatório e com prova cega pelos jurados.
Deixando-me da confeição e passando à comercialização, a Autarquia de Valpaços
terá que rever a forma de pesagem para venda. Assim, a minha mulher deve ter
comprado um quilo de folar que não pesaria 700 gramas e isto não dá boa imagem.
Mas a minha ida à Feira acontece, quando já não há palmas, nem promoções
culturais ou políticas e passamos sempre pelo stand da Junta de Freguesia de
Santa M.ª de Émeres e do «bolo podre» da família Alcoforado (com ligações
ténues à histórica figura romântica e freirática, bejense, de Soror Marianna),
onde me abasteço dos famosos bolos, a fazer lembrar no aspecto, não no aroma, a
boleima portalegrense. Apesar de ser uma excelente Feira, é possível continuar
a melhorá-la. Eu continuarei a ser um devoto porque por estas terras estão as
minha raízes e parte da minha vida e dos meus sonhos.
4- A sociedade dos direitos
retorcidos – humanidade.
Jorge Lage –
jorgelage@portugalmail.com – 26MAR2015
Provérbios ou ditos:
Esmolinha
à Maia, para um pandeiro, que não tem dinheiro!
Outubro
revolver, Novembro semear, Dezembro nascer – nasceu Deus para nos salvar –
Janeiro gear, Fevereiro chover, Março encanar, Abril espigar, Maio engrandecer,
Junho ceifar, Julho debulhar, Agosto engravelar, Setembro vindimar.
A
bom e mau comer três vezes beber.
Descobrir um pouco do VALE*
Vale!
Um lugar lindo à minha espera,
Ventre que protege a primavera,
A chuva fria lá não vai chegar,
Vale!
Lugar de um grande e manso pinho,
Aonde a pomba brava fez o ninho,
Viveu na sua copa a namorar,
Vale!
Vento suão que aquece a terra,
Acolhe as lágrimas que vem da
serra,
Num ribeirinho lindo vão pró mar,
Vale!
Lugar de um grande e manso pinho
Aonde a pomba brava fez o ninho
Morreu na sua copa a namorar
* Abílio Bastos, Abadim, 1957/58
Nota do Poeta: O Vale era
demasiado pequeno e o rapaz conhecia todos os recantos. Era tão lindo, que lhe
parece que o Tempo, ainda continua lá. Mas era pequeno e tinha ao fundo o Rio
onde escondia os Poemas, depois de mergulhar nas suas águas. Digo, depois,
porque não queria destruir algo que serviu para lhe apaziguar a revolta...
Aguas calmas... entendido? Com uma velha concertina a tiracolo, e a sacola com
o livro da terceira classe, guardava o gado, enquanto a Luciana e a Maria,
jovens que tinham descido ao lugar para apanhar pasto para os coelhos, lhe
pediam que tocasse a «Cana-Verde».
E sonhava…
Por as vacas a dançar!...
Os grilos a cantar ao desafio!
Escrever poemas no ar,
E pendura-los num fio...
Para ninguém os apanhar...
Ia esconde-los no Rio...
Em 1953!...
Depois em 1957/58 e mais…
Foi uma razia!...
O poema da Pomba Brava, chegou por
essa altura…
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