Paulo Morais in Correio da Manhã |
Ao longo de anos e enquanto
governante Sócrates garantiu ganhos milionários a alguns dos maiores grupos
económicos, em particular na Finança e nas Obras Públicas. Todos aqueles que
Sócrates beneficiou estarão agora a ir à cadeia beijar-lhe a mão. Será uma
questão de gratidão. Por lá passaram e continuarão a passar os concessionários
das parcerias público-privadas (PPP), a quem Sócrates garantiu rendas obscenas
em negócios sem risco. Assim, não será de estranhar que o todo-poderoso Jorge
Coelho, presidente durante anos do maior concessionário de PPP rodoviárias, o
grupo Mota-Engil – tenha rumado a Évora. Também lá esteve em romagem José
Lello, administrador, durante os governos socialistas, da construtora DST, que
muito ganhou também com PPP.
Não deixa de ser curioso que
cheguem apoiantes de todos os setores que Sócrates tutelou. O líder do futebol
português, Pinto da Costa, foi mais um dos que manifestou o seu apoio público.
Afinal, Sócrates foi o ministro do desporto que trouxe o Euro 2004 para
Portugal. Um Euro que valeu muitos milhões de euros aos clubes de futebol e
seus dirigentes. Mais um gesto de vassalagem.
Para ser visitado e apoiado, a
Sócrates bastará enviar a convocatória. Todos aqueles cujos podres Sócrates
conhece, os que usufruíram de benefícios ilegítimos pelas suas decisões – todos
aparecem ao primeiro estalar de dedos. Todos temem Sócrates, pois sabem que se
ele resolver falar, desmorona o seu mundo de promiscuidades entre política e
negócios.
Com estas convocatórias e
manifestações de apoio, o ex-primeiro-ministro pretende manipular a opinião
pública, vitimizando-se; bem como condicionar a Justiça, através da sua manifestação
de força e influência.
Mas o que não faz e deveria fazer
é aproveitar o acesso direto aos media para explicar quais os bens de fortuna
que lhe permitiram, sem rendimentos compatíveis, manter, durante anos e depois
de sair do poder, uma vida de ostentação.
Paulo Morais in CM
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