Quando José Sócrates apresentou o
livro: Confiança no Mundo – sobre a Tortura em Democracia, fruto da sua
frequência, em Paris, no Instituto de Estudos Políticos parisiense (“Science Po”),
declarou que se tratava de um trabalho académico, com vista a obter o mestrado.
Nessa altura declarou ao Jornal Expresso que tinha escrito esse livro em
Francês e que logo o traduziu para português científico, como se exigira de uma
tese académica. Não seria aceitável que quem governou o país entre 2005 e 2011,
fosse capaz de impingir essa ideia aos portugueses em geral e, em especial, aos
seus apoiantes, dentro e fora do PS. Deveria ele pressupor que mais tarde ou
mais cedo, poderia cair em desgraça, e, para o Partido que nele acreditava
piamente, poderia vulgarizar a sua
idoneidade política, intelectual e moral.
A mesma fonte que passa pelos
investigadores do Ministério Público e de que a edição do Jornal Sol, de
27 de Março, faz manchete, escreve que «a destreza comunicacional e capacidade
de contactos do arguido é notória e muito elevada, ficando-se com o indício de
que há «fortíssimas evidências de capacitação na manipulação de factos», o que
se pode ler «no acórdão assinado pelos juízes Agostinho Torres e João Carrola».
E nessa fonte se diz mais o seguinte: «veja-se, a título de exemplo, a
auto-promoção que foi feita ao livro que Sócrates escreveu, dando-lhe uma
aparente publicidade e êxito editoriais muito acima do que seria resultante do
real interesse de aquisição e de sucesso da obra e que demonstra, uma falha
grave de seriedade intelectual...»
Lê-se ainda nos comentários: «o próprio
Tribunal da Relação acabaria por invocar o livro de José Sócrates para
justificar a concordância com a medida de coação aplicada pelo juiz Carlos
Alexandre». Na base desta decisão,
esteve o esquema criado, alegadamente, pelo ex-governante e pelo amigo
Carlos Santos Silva para fazer disparar as vendas do livro, que reforçaram as
suspeitas da investigação». As suspeitas
que conduzem a formular tais indícios contra Sócrates, teriam base no seu amigo
de infância, Carlos Santos Silva e ainda, estariam envolvidos neste esquema o
motorista João Perna, o advogado Gonçalo Ferreira, os deputados socialistas
André Figueiredo e Renato Sampaio, Inês Rosário (companheira do empresário da
Covilhã), Lígia Correia (secretária em governos do PS) e o empresário Rui
Mão-de-Ferro. Pelo menos, esta é a convicção dos investigadores do MP, que
reuniram provas de que um total de 170 mil euros
terá sido distribuído por estes colaboradores,
que depois usariam os fundos para comprarem exemplares da obra». O mesmo
entendimento tem a Relação que acredita
haver fortes indícios de que o esquema tenha, de facto, existido». A fonte que venho citando, adianta ainda que
«um dos factos imputados e já fortemente indiciado foi o de, por forma a
garantir o sucesso de vendas da mesma publicação, o arguido José Sócrates ter
angariado um conjunto de colaboradores para efetuarem aquisições de exemplares
do mesmo livro, em diferentes pontos do país, aos quais passou a fazer entrega
de fundos. (…) Segundo os indícios recolhidos, parte significativa dessas
vendas teria sido introduzida artificialmente”, escreveram os juízes da
Relação».
Os advogados de José Sócrates vieram,
de imediato, desmentir o Semanário Sol, ameaçando que em nome do
inquilino da cela 44 da Cadeia de Évora, tais denúncias serão desmentidas em
tribunal. E aproveitam algumas fontes de informação para esclarecer que
Sócrates pediu a,um professor
Catedrático de direito, para ler e reler
o livro que o mestrando de Paris escreveu, antes do livro ser publicado. É do
conhecimento publico que Vital Moreira foi amigo pessoal de Sócrates. E sabe-se, que aquele ilustre académico foi
convidado pelo político em causa para cabeça de lista às europeias. Daí que se
pense que tenha sido Moreira a rever a dissertação de Sócrates. Mesmo que tenha
sido não é por aí que vem mal ao mundo. Seria se fosse ele, ou outro, a
escrever a tese.
Digo eu e sabe qualquer mestrando
ou doutorando que não é despiciente dar a ler esses trabalhos a quem sabe mais
do que os candidatos a esses graus. Uma coisa é ler para dar opinião e outra
coisa é redigir as dissertações que mais tarde vão ser defendidas em público. Para desgraça de Sócrates e de António Costa
que foi seu braço direito, aquilo que mantém o ex-primeiro ministro preso, já
não é coisa pouca. Já se ouve dizer, a militantes «seguristas» que afinal não
são apenas 23 milhões que estão em causa, mas 370 milhões.
Por solidariedade telúrica com
Sócrates torço para que nada do que se diz seja verdade.
Barroso da Fonte
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