sexta-feira, 20 de março de 2015

FALECEU NÉLSON VILELA

novo
Grémio Literário Vila-Realense
Câmara Municipal de Vila Real


FALECEU NÉLSON VILELA

                Vítima de doença prolongada, faleceu no passado dia 18 de Março o poeta Nélson Vilela.
                Nélson Vilela era natural de Vilarinho da Samardã, onde nasceu em 1933 de uma família muito numerosa. Apesar de ter cursado Teologia, nunca se dedicou à vida eclesiástica, tendo em vez disso exercido funções docentes em diversas escolas, acabando por se aposentar como professor da Escola Básica 2,3 André Soares, em Braga, cidade onde residia.
                Homem de grande modéstia e discrição, Nélson Vilela afastava-se voluntariamente de toda e qualquer publicidade, o que de algum modo terá influenciado a circulação restrita das suas obras.
                Publicou os seguintes títulos: SaudadeAsas de espumaInquietaçãoSobre a terra e sobre o marMar e sombrasPedaços do mesmo sonhoRegressoSempre em caminhoO livro de CarlaEntre urgueiras e carquejas, e O sal e as lágrimas. Publicou também um ensaio, Linguagem humana, e organizou o volume Una vista de olhos pela poesia portuguesa.

3 comentários:

  1. Génese -Nelson Vilela

    Deus fez tudo bem feito
    Sentença antiga
    Que não ouso pôr em questão;
    Só que o Adão e a Eva,
    O modelo e a moldura,
    Estragaram a pintura
    No próprio acto de criação.

    A mim, produto desajeitado,
    Dessa fatal comédia,
    Nada mais resta do que ser assim
    Tal como sou:
    Poço de líquenes eu todo
    Em extensão e altura,
    Mas, se afastado o lodo,
    Alguma espuma e brancura
    De água fresca e pura
    De fonte
    Que ainda não secou.

    In Murmúrios da Mesma Corrente

    ResponderEliminar
  2. O relógio de tudo

    Pé antepé, sem saber como foi,
    Esbarra-se a tarde, montanha abaixo.
    A luz, palidamente arrefece
    E o amarelo das urzes,
    Qual pincel incerto,
    Que o Outono esmorece,
    Perde a fragância
    E encurta a distância
    Do fim, ali já tão perto.

    E fica a gente a cismar
    Se no princípio das flores
    Alguém, alguma vez sonhou
    Que o relógio das coisas,
    sempre a batucar,
    É de todos e para tudo
    E só se desacerta e fica mudo
    Quando nada houver para acordar.

    Nelson Vilela - In Murmúrios da Mesma Corrente

    ResponderEliminar
  3. Génese II

    E disse Deus:
    Faça-se o sol no infindo espaço
    Poderoso e bom que sob a minha direcção,
    Continue a minha obra, como se fosse meu braço,
    E fecunde para sempre, nova criação.

    E disse Deus:
    Faça-se a terra meiga e bela
    Para receber a luz a germinar-se nela
    O bulir das florestas e dos mares, sem princípio nem fim.
    Mas mais que tudo isto, Alguém
    Que aspire e respire
    O sopro de vida que sai de Mim.

    Nelson Vilela -In Murmúrios da Mesma Corrente

    ResponderEliminar

Criação de um Parque Biológico da Terra Quente?

JORGE   LAGE  Criação de um Parque Biológico da Terra Quente? – Quando amamos o torrão natal, sonhamos com o melhor para a nossa terra e la...