quinta-feira, 19 de março de 2015

Estão mexendo no meu bolso


Barroso da Fonte
1 Os famosos de todas as funções e profissões andam assustados com as devassas que enchem jornais, rádios, televisões e redes sociais. Umas são verdadeiras, outras fictícias. Mas todas vivem em sobressalto, porque os sortilégios das novas tecnologias, graças ao cruzamento de dados, acabam por descobrir a careca a muito boa gente que até aos últimos tempos estava a salvo de ataques à sua vida privada. Presumo que os próximos tempos, até pelo facto de se aproximarem as eleições legislativas, vão revelar muita hipocrisia, muita ilegalidade e não pouca surpresa. O Correio da manhã,  na sua edição domingueira  dedicou a manchete a algumas figuras do jer set nacional que deram pela visita aos cofres das suas confidências materiais. É de crer que haja muitos casos semelhantes no foro da fuga aos impostos. E é urgente que o poder político supra as lacunas da lei, mediante decisões corajosas que tranquilizem as vítimas que aguardam explicações.
 Nunca a sociedade viveu tão angustiada e tão descrente com os políticos. Nunca a descrença na banca foi tão generalizada.  Nunca as cadeias estiveram tão cheias e a liberdade  tão ameaçada. Sobretudo não se compreende por que banqueiros como Ricardo Espírito Santo tenham desgraçado tantas centenas de reformados, de  famílias pobres, de gente que gastou uma vida inteira a acautelar a velhice. E, de repente, percam todas as economias, sem que a Justiça meta na prisão os causadores de tamanha desgraça. O próprio Estado deveria esclarecer os espoliados, porque andam de cabeça perdida e ninguém os ouve, ou lhes dá algum conforto moral. Os espectáculos que as televisões nos mostram são arrepiantes e têm toda a razão para se mostrarem indignados.

 http://doportugalprofundo.blogspot.pt/2015/03/antonio-costa-e-cobertura-descoberta.html
2 A filosofia popular tem muita força. «Ter mais olhos do que barriga» é um ditado contra quem tudo quer, tudo perde». Está na ordem do dia falar dos exemplos da Grécia e, por arrastamento, das próximas legislativas em Portugal. Foi a pensar nelas que António Costa rasteirou  António José Seguro. Depois de uma vitória democrática de Seguro, António Costa fez aquilo que não se fazia a um amigo e, sobretudo a uma camarada que dias antes andava com ele de braço dado. O país sofreu um abalo sísmico, porque o maior partido da oposição levou meio ano a reorganizar-se e as sondagens que até hoje vieram a público, demonstram que os resultados, a nível nacional, talvez fossem mais esclarecedores a favor do PS do que são na hora que passa. António José Seguro já tinha um pré-programa que foi dando a conhecer aos portugueses. A estas horas parte desse programa estaria sancionado. E as sondagens acabariam por aceitá-lo. Mas Costa ainda apalpa aqui e mexe acolá, à espera das reacções. Viu-se no convite leiloeiro que fez a António Vitorino durante uma acção partidária. Até aquilo que disse aos Chineses, sendo correcto e patriótico, lhe foi logo atirado à cara, como ambíguo e a destempo. Em cima da trapalhada que o Jornal Público gerou com as dívidas à Segurança Social por parte de Passos Coelho, Costa tentou trocar as voltas aos jornalistas, enquanto não se informava acerca da posição que deveria tomar. Ele sabia que pecadilhos desses quase todos os cidadãos têm. Teve-os o actual primeiro ministro. Tiveram-nos outros governantes. E logo alguns vieram à tona das primeiras páginas. O mesmo Jornal que embaraçou Passos Coelho veio na edição de 15 do corrente denunciar «a renda do Barraco» que António Costa ocupou 2 anos, sendo construído pela Câmara de Lisboa em condições que o provável primeiro ministro deverá esclarecer. A Revista Sábado da mesma data, escreve que «perguntou a A. Costa por que razão não entregou a declaração de interesses junto do Tribunal Constitucional, tendo invocado a espera por um documento do registo predial».O que se sabe e Costa não conseguiu negar essa acusação. É que «a declaração foi depositada com um atraso de 46 dias, ou seja, dia 9 de Março, quando já toda a esquerda reclamava a demissão de Passos Coelho».
  Na mesma altura «apontou baterias às nomeações políticas» do actual governo, mencionando o caso das distritais da Segurança Social. E também do Governador do Banco de Portugal. Penso que os Portugueses ainda se lembram do longo reinado de Victor Constâncio nesse cargo. Nessa altura a lei servia. Agora já não serve. E já agora seria bom que A. Costa comentasse, por exemplo, como é que a mesma Cresap nomeou o Director da Delegação da Cultura do Norte que é militante socialista e a Directora dos museus do Paço dos Duques de Bragança e do Museu Alberto Sampaio. Cada vez «há mais razões que a própria razão desconhece».   

Barroso da Fonte



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