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Barroso da Fonte |
1 Os famosos de todas as funções e
profissões andam assustados com as devassas que enchem jornais, rádios,
televisões e redes sociais. Umas são verdadeiras, outras fictícias. Mas todas
vivem em sobressalto, porque os sortilégios das novas tecnologias, graças ao
cruzamento de dados, acabam por descobrir a careca a muito boa gente que até
aos últimos tempos estava a salvo de ataques à sua vida privada. Presumo que os
próximos tempos, até pelo facto de se aproximarem as eleições legislativas, vão
revelar muita hipocrisia, muita ilegalidade e não pouca surpresa. O
Correio
da manhã, na sua edição
domingueira dedicou a manchete a algumas
figuras do
jer set nacional que deram pela visita aos cofres das suas
confidências materiais. É de crer que haja muitos casos semelhantes no foro da
fuga aos impostos. E é urgente que o poder político supra as lacunas da lei,
mediante decisões corajosas que tranquilizem as vítimas que aguardam
explicações.
Nunca a sociedade viveu tão angustiada e tão
descrente com os políticos. Nunca a descrença na banca foi tão
generalizada. Nunca as cadeias estiveram
tão cheias e a liberdade tão ameaçada.
Sobretudo não se compreende por que banqueiros como Ricardo Espírito Santo
tenham desgraçado tantas centenas de reformados, de famílias pobres, de gente que gastou uma vida
inteira a acautelar a velhice. E, de repente, percam todas as economias, sem
que a Justiça meta na prisão os causadores de tamanha desgraça. O próprio
Estado deveria esclarecer os espoliados, porque andam de cabeça perdida e
ninguém os ouve, ou lhes dá algum conforto moral. Os espectáculos que as
televisões nos mostram são arrepiantes e têm toda a razão para se mostrarem
indignados.
2
A filosofia popular tem muita força. «
Ter mais olhos do que
barriga» é um ditado contra
quem tudo quer, tudo perde». Está na
ordem do dia falar dos exemplos da Grécia e, por arrastamento, das próximas
legislativas em Portugal. Foi a pensar nelas que António Costa rasteirou António José Seguro. Depois de uma vitória
democrática de Seguro, António Costa fez aquilo que não se fazia a um amigo e,
sobretudo a uma camarada que dias antes andava com ele de braço dado. O país
sofreu um abalo sísmico, porque o maior partido da oposição levou meio ano a
reorganizar-se e as sondagens que até hoje vieram a público, demonstram que os
resultados, a nível nacional, talvez fossem mais esclarecedores a favor do PS
do que são na hora que passa. António José Seguro já tinha um pré-programa que
foi dando a conhecer aos portugueses. A estas horas parte desse programa
estaria sancionado. E as sondagens acabariam por aceitá-lo. Mas Costa ainda
apalpa aqui e mexe acolá, à espera das reacções. Viu-se no convite leiloeiro
que fez a António Vitorino durante uma acção partidária. Até aquilo que disse
aos Chineses, sendo correcto e patriótico, lhe foi logo atirado à cara, como
ambíguo e a destempo. Em cima da trapalhada que o Jornal Público gerou com as
dívidas à Segurança Social por parte de Passos Coelho, Costa tentou trocar as
voltas aos jornalistas, enquanto não se informava acerca da posição que deveria
tomar. Ele sabia que pecadilhos desses quase todos os cidadãos têm. Teve-os o
actual primeiro ministro. Tiveram-nos outros governantes. E logo alguns vieram
à tona das primeiras páginas. O mesmo Jornal que embaraçou Passos Coelho veio
na edição de 15 do corrente denunciar «a renda do Barraco» que António Costa
ocupou 2 anos, sendo construído pela Câmara de Lisboa em condições que o
provável primeiro ministro deverá esclarecer. A Revista Sábado da mesma data,
escreve que «perguntou a A. Costa por que razão não entregou a declaração de
interesses junto do Tribunal Constitucional, tendo invocado a espera por um
documento do registo predial».O que se sabe e Costa não conseguiu negar essa
acusação. É que «a declaração foi depositada com um atraso de 46 dias, ou seja,
dia 9 de Março, quando já toda a esquerda reclamava a demissão de Passos
Coelho».
Na mesma altura «apontou baterias às
nomeações políticas» do actual governo, mencionando o caso das distritais da
Segurança Social. E também do Governador do Banco de Portugal. Penso que os
Portugueses ainda se lembram do longo reinado de Victor Constâncio nesse cargo.
Nessa altura a lei servia. Agora já não serve. E já agora seria bom que A.
Costa comentasse, por exemplo, como é que a mesma Cresap nomeou o Director da
Delegação da Cultura do Norte que é militante socialista e a Directora dos
museus do Paço dos Duques de Bragança e do Museu Alberto Sampaio. Cada vez «há
mais razões que a própria razão desconhece».
Barroso da Fonte
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