quarta-feira, 4 de março de 2015

As verdades devem ser ditas na hora certa e sem hipocrisias - Barroso da Fonte


Barroso da Fonte

1.António Costa disse aquilo que qualquer cidadão deve dizer, seja diante de quem for, a respeito do seu país. Nos Estados Unidos nenhum político diz mal da sua Pátria, só pelo gosto de maldizer.  Em Portugal, de quatro em quatro anos, a maledicência é sistemática para quem está na oposição ao governo. E o governo passa o tempo a elogiar-se pelo que fez e pelo que não fez, remetendo os erros dos seus fracassos para os seus antecessores.
 Diante de empresários estrangeiros que querem investir em Portugal, ninguém deve ter pejo em
incentivar ao investimento. António Costa colocou-se nesse plano e disse aquilo que devia dizer.
Não vem mal ao mundo por causa disso. Mas logo uma afirmação correcta, oportuna e justa, saltou para as primeiras páginas dos jornais, crucificando quem disse aquilo que pensava. Alfredo Barroso quis mediatizar-se e foi infeliz, a ponto de anunciar que ia desfiliar-se do PS.
 Quando rasteirou António José Seguro, António Costa cometeu um erro bastante mais grave. E Alfredo Barroso, apesar de tudo, apoiou Costa. Agora  estatelou-se.

 2. Não é por ser português de Moçambique que Zeinal Bava é mais esperto do que meu irmão mais novo, que  formou quatro dos cinco filhos, vivendo de uma agricultura agonizante.
Nem a Barragem de Cabora Bassa (em Moçambique), por ser a mais emblemática da Portugalidade, no continente africano, exigiu mais perícia do que a de Pisões, onde eu tive o primeiro emprego.  Zeinal Bava precisa de acordar e de reconhecer que não somos portugueses de segunda, como ele tratou dez milhões de habitantes, durante toda a tarde da última quinta-feira, dia 26 de Fevereiro. Teve cerca de oito horas de televisão, em canal aberto, para certificar como ignorantes todos quantos lhe temos pago e vamos continuar a pagar marisco e caviar, quando ele deveria ser tratado a pão e água (para não dizer a  palha e a feno), como as vitelas do meu pátrio Barroso que esse meu irmão e tantos outros pastores guardaram nos montes da aldeia.
 Zeinal Bava nasceu em 1965, em Moçambique. Metade dos 50 anos que tem de vida passou-os a estudar, certamente à nossa custa. Formado em telecomunicações, no tempo dos empregos dourados, petiscou caça grossa. Como «presidente executivo da OI recebeu 50 milhões de euros, entre prémios e remunerações, durante a sua trajectória na Portugal Telecom e no processo de fusão com a OI». Pelos vistos, aos 50 anos de vida, já anda a esfregar a barriga ao sol. Chamado a esclarecer os representantes do Povo, sobre os negócios que geria, fechou-se em copas, mudo e quedo, como se nada fosse com ele. Habituado a mandar não soube obedecer. A Universidade da Beira Interior, agraciou a sua ignorância empresarial, ao dar-lhe  o grau de «doutor honoris causa». Cavaco Silva condecorou-o no dia 10 de Junho de 2014. Entre 2003 e 2012 foi considerado «o melhor CEO europeu em telecomunicações». Afinal tanta  competência junta num homem só, resulta em congestão empresarial. Em negócios foi um desastre. Aos parlamentares demonstrou que serviu as empresas sem conhecer a sua essência.
Depois desta demonstração quixotesca que exibiu ao mundo inteiro, Zeinal Bava, se houver coragem cívica, honestidade moral e força social dissuasora, deverá enfrentar a chamada «máquina da verdade» para que sejam correctamente interpretados os seus enigmáticos silêncios, as suas respostas evasivas, os seus olhares esguios e, porventura, maliciosos. Penso que este episódio deveria transitar para os casos de polícia. Se retiraram a Carlos Cruz e ao embaixador Rito as medalhas honoríficas que erradamente lhes foram atribuídas também este medalhado deve passar pelo mesmo crivo. Fez de todos nós parvos. Gozou o Parlamento. Parodiou a política. E deve ter regressado ao reino da burguesia, no auto-convencimento de que vai assistir, na sua mansão de férias permanentes, ao pagode que a sociedade Portuguesa exibe para que sua excelência se deslumbre de erotismo kafkiano.
                                                                       
3 .Morreu Amadeu Ferreira, actual Presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes. Foi dos autores da sua geração que mais obras produziu. Nasceu em Miranda do Douro em 29-7-1950. Foi, talvez, o mais operoso agente cultural que trabalhou para a oficialização do Mirandês como segunda Língua oficial Portuguesa. O país perdeu um dos seus mais dinâmicos cidadãos. Trás-os-Montes viu partir um dos seus mais ilustres filhos. Miranda do Douro despediu-se daquele que ali nasceu para dar testemunho dessa Língua que estava morta e renasceu das cinzas.
                                                                                                               Barroso da Fonte

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