Barroso da Fonte |
As romarias das festas do
fumeiro são louváveis. Que se incentivem os produtores e lhes sejam dadas
oportunidades, é salutar. Mas não sejam as televisões a explorar a fraqueza, o
oportunismo e a tendência de responsáveis desejosos de fama, à custa dos lucros
dos produtores. São já muitas as feiras em torno do fumeiro, a saber: Feira
Gastronómica do Porco- Boticas; “Vinhais Capital do Fumeiro” – Vinhais;
“Sabores de Chaves”-Chaves; Feira da Alheira de Mirandela; “Feira do Fumeiro”
Montalegre. Mais adiante há a festa do Folar, em Valpaços.
Há outro aspecto que
não ilustra os políticos, nem credibiliza a organização. Fica um exemplo.
Orlando Alves, Presidente da Câmara de Montalegre, deu várias entrevistas sobre
a 24ª edição.
Questionado sobre
estatísticas, preços e receita, fez saber que a receita desta edição foi da
ordem dos três milhões de euros. No dia 7 de Fevereiro, Américo Pereira,
autarca de Vinhais, entrevistado pelo
mesmo Jorge Gabriel, disse que a 35ª edição rendia seis milhões. Nos
anos anteriores o número de visitantes, de quantidades e de especialidades foi,
substancialmente, mais volumoso em Montalegre. Que disparidade pode haver entre
as duas mais antigas Feiras do Fumeiro
de Trás-os-Montes? É certo que na Feira de Vinhais, onze anos mais antiga do
que a de Montalegre, os preços dos mesmos produtos são mais elevados. Não pela
qualidade do produto, nem pela antiguidade da feira, mas por critérios
organizativos. Em Vinhais prevalece a raça do porco Bísaro. As técnicas da cura
são, em tudo, semelhantes: frio, sal e fumo. Conhecendo-se os preços por
antecipação é fácil concluir que cada cliente já vem preparado para comprar o
que deseja ao preço tabelado. Que em ambas as feiras há certificação garantida
na maioria dos produtos é verdade. Que, aqui ou ali, haja situações anómalas,
no recinto das feiras, será uma questão difícil de acontecer. Que no exterior
do recinto, na restauração que nesses dias se pratica, possa haver fraudes, é
factor que não poderá afirmar-se, garantidamente. Há um aspecto anti-democrático
que o poder judicial receia reprimir. A imprensa regional tem assistido,
impotente a esta deliberada arbitrariedade. Num concelho onde há três jornais
regionais, a publicidade institucional da feira foi sempre para o órgão oficioso da autarquia. Nos
últimos dois anos, um segundo jornal já teve uma página de publicidade. O
terceiro nunca teve qualquer linha publicitária. Por sinal, nesta última edição
é, dos três, o que mais fala da Feira. Enquanto autarca numa Câmara de 125
eleitores, com onze membros eleitos, tive o pelouro da administrativo e da
imprensa. Quando lá cheguei havia seis jornais e só dois afectos ao partido do
poder recebiam esse tipo de apoio. Um mês depois de lá chegar, com um simples
despacho acabei com essa tremenda arbitrariedade. Mesmo aqueles que nunca
me pouparam, passaram a receber desse
tipo de publicidade, igual importância. A democracia pratica-se exercendo-a com
equidade.
Barroso da Fonte
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