quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O General Pires Veloso diminuído na sua terra? - Jorge Lage


NOTAS DE RODAPÉ (119)

Jorge Lage
2- O General Pires Veloso diminuído na sua terra? – Há muito, muito tempo, apoiei o Município de Sernancelhe, do distrito de Viseu na promoção da castanha. Aliás, de quando em vez, arrogam-se com o epíteto de «Capital da Castanha». Mas, a minha devoção à castanha aconselha-me a trilhar o meu carreirão solitário, de rosto erguido. Um dia destes vejo numa imagem um Professor da UTAD, na qualidade de dirigente associativo, a ensinar de «bla, bla, bla», a enxertar castanheiros de borbulha. O que eu gostaria de ver era a enxertar e a bater-se com os enxertadores da região. Fosse vivo o Técnico Trigueiro da Direcção Regional de Agricultura e zombaria do saber livresco nos trabalhos práticos. Há políticos e acólitos que são felizes quando docentes do superior dizem vulgaridades para justificarem os milhares de euros que enfardam. Da minha cooperação e apoio àquele Município ficou o meu nome na lista dos que recebem a Revista Municipal «Sernancelhe terra de castanha», que já vai no n.º 61, e o «Concurso de doces de castanha». É uma revista bem concebida e que retrata as múltiplas actividades do município e os valores sernancelhenses. Uma das bandeiras é ser a terra do Mestre Aquilino. Nesta revista fiquei a saber que Pires Veloso foi ali homenageado a 25 de Abril de 2014. O insólito é promover-se uma homenagem a António Pires Veloso e chamar-lhe «Coronel», quando ele era um ilustre e bravo militar que tinha atingido o generalato. Já, em 1976, quando eu tomei parte em algumas reuniões no Quartel-general do Norte (Porto), Pires Veloso, era um destemido «Brigadeiro» que não tinha receio de tomar posições de firmeza. Mas, voltando à merecida homenagem em Sernancelhe, não me parece de elevação e bem receber, chamar, ao «Vice-Rei do Norte», Coronel. Eu chamar-lhe-ia um valoroso e bravo «Cabo-de-guerra», a quem o país muito deve. Para desfazer o equívoco, porque o General Pires Veloso faleceu a 17 de Agosto de 2014, no Hospital Militar do Porto, vítima de acidente vascular cerebral, temos de ser nós, os vivos, que o admirávamos a defender com honra a sua memória.

(Continua)

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